Evaldo Dervlin Barbosa, de 29 anos, virou réu na Justiça Estadual por feminicídio praticado contra a ex-companheira, Valeska Mayara Dantas Macedo, 23, no bairro Bela Vista, em Fortaleza. Após o crime, o acusado fugiu com a sua filha com a vítima, de apenas um ano e quatro meses, para um velório de um parente.
A 4ª Vara do Júri de Fortaleza recebeu a denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE) na íntegra, na última segunda-feira (17), e mandou citar Evaldo Dervlin em um presídio na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) sobre a decisão. Ele terá dez dias para apresentar Resposta à Acusação.
O MPCE apresentou denúncia pelo crime de feminicídio qualificado (por motivo fútil e circunstância que dificultou a defesa da vítima) contra Dervlin, no último dia 11 de maio. Segundo o documento, o homem matou Valeska Mayara com diversas facadas, na frente da criança, no dia 2 de maio deste ano. O corpo da jovem foi encontrado em frente à residência do acusado, na Rua Amazonas, próximo a uma faca (tipo peixeira) que tinha marcas de sangue.
A ferocidade do ataque contra a vítima foi (tão) intensa que o acusado ficou com escoriações na palma e no dorso das mãos.
Em seguida, o acusado entrou em casa, tomou banho, pegou a menina nos braços e saiu. Vizinhos questionaram ao homem o que estava acontecendo e ele respondeu "fiz besteira, matei a Valeska" e "o satanás está aqui, o satanás está aqui".
Então, Evaldo Dervlin ligou para o seu padrinho e pediu para o mesmo ir buscá-lo, sem contar sobre o crime. Os dois homens e a criança seguiram para o velório de um parente. Depois, ele deixou a filha com a irmã dele e foi se esconder na casa de um amigo, onde terminou sendo localizado e preso pela Polícia, no bairro Parangaba. Questionado pelos investigadores sobre a motivação do crime, ele respondeu que a ex-companheira não cuidava bem da criança.
Acusado não aceitava a filha e tinha histórico agressivo
Valeska Mayara levou a filha para a casa do pai, naquele dia 2 de maio, nutrida da esperança de que o homem se interessa pela menina, já que ele rejeitou a criança desde que soube da gravidez e que seria do sexo feminino e não chegou sequer a colocar seu nome na Certidão de Nascimento da mesma, segundo o MPCE.
Valeska e Dervlin namoraram por cerca de três anos. Quando ela estava grávida, registrou um Boletim de Ocorrência contra o então namorado, após receber chutes e cair, em abril de 2019. No mês seguinte, ela registrou outro B.O. contra ele, desta vez por ameaça.
Dervlin já era conhecido por um "comportamento explosivo e agressivo", até mesmo para a sua família, ao ponto de já ter ameaçado de agredir a própria mãe, em uma discussão. Mesmo assim, Valeska declarou a parentes que acreditava que ele "era o homem da vida dela" e que "ele ia mudar", diz a denúncia. O acusado ainda tem histórico de vício em bebida alcoólica e drogas ilícitas, "o que tornava o ambiente familiar ainda mais complicado".