Horas após a aprovação em assembleia pelo fim do motim, no 18º Batalhão de Polícia Militar (BPM), no bairro Antônio Bezerra, policiais militares já estavam, durante a manhã de ontem (2), se apresentando no local e ajudando a catalogar veículos de diferentes companhias e batalhões.
As viaturas, que estavam paradas desde o dia 18 de fevereiro no entorno do quartel e ocupavam cerca de quatro ruas das redondezas, foram sendo retiradas paulatinamente durante todo o dia de ontem. Os veículos foram sendo recuperados, aos poucos, por policiais que circundavam o batalhão e borracheiros convocados por comandantes de outras áreas de onde os veículos foram trazidos.
Diferentemente do que vinha ocorrendo nos dias de motim - quando a imprensa foi convidada a se retirar dos entornos diversas vezes (a gritos) -, na manhã de ontem, foi possível entrar no local, conversar com servidores e moradores, além de acompanhar o processo de recuperação das viaturas.
Fardados, comandantes de batalhões andavam pelas redondezas em busca dos carros que estavam sob sua responsabilidade. O amotinamento e o aquartelamento de antes deram lugar à pressa e à correria, além do controle e do cuidado com as informações ali apuradas por eles, afinal, conforme combinado, todos deveriam voltar às atividades no mesmo dia.
Agilidade
De lá para cá, policiais andam com diversos molhos de chave com inscrições contendo placa e veículo de referência. De um lado a outro, alguns checam pneus, bateria e até gasolina, com a esperança de a atividade ser ágil. A reportagem apurou com um oficial da PM que a situação deve ser totalmente normalizada no período de 48 horas.
Com o sol quente batendo na cabeça, um PM enche um dos pneus de uma viatura. Quando finaliza, após alguns segundos, ele limpa o suor da testa e comemora "menos um". Mas basta retirar o compressor que o cansaço se refaz ao passo que o pneu vai murchando. "Esse aqui tem que rebocar", lamenta.
A princípio, a ordem é encher os pneus secos e abrir espaço para que os veículos restaurados sigam caminho e comecem a rodar na cidade novamente. Para os que estão em piores condições, quatro reboques ficam a postos para retirar as viaturas da PM, da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) e dos Bombeiros.
Na tarde de ontem, o 18º Batalhão já não tinha mais viaturas paradas na rua. Já no 16º Batalhão, em Messejana, oito viaturas faziam o patrulhamento do bairro e outras seis iriam retornar às atividades no período da noite. Já no 17º, situado no Conjunto Ceará, depois das 14 horas, nove viaturas já estavam nas ruas. No 22º no Papicu, a situação era semelhante ao 16º e ao 18º, com o início da retomada dos trabalhos, mas sem que o serviço operacional estivesse totalmente normalizado.
Aulas
Na Escola de Ensino Fundamental e Médio (EEFM) Bezerra de Menezes, cujas estruturas foram ocupadas por policiais amotinados desde o dia 20 de fevereiro, já houve a desocupação. A Secretaria da Educação do Ceará (Seduc) confirmou que as aulas retornam nesta terça-feira (3). Em nota, a Pasta disse que fará reunião com o instituição para definir o calendário de reposição de aulas.
Caucaia e interior
No 12° BPM (Caucaia), militares também se recusaram a comentar o balanço da paralisação. Vários deles se apresentaram pela manhã para o serviço e não havia, no local, militares amotinados ou aquartelados. No espaço, contudo, 12 viaturas ainda não tinham sido recuperadas.
Em Sobral, o comandante do 3° BPM, coronel Colares, ressaltou que todo o efetivo está nas ruas. Ele afirmou estar fazendo o levantamento de equipes e viaturas, mas garantiu que o trabalho está normal em toda a cidade. A base da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer) e do Raio, a qual estava sendo ocupada por PMs durante o motim foi desocupada e já teve suas atividades reiniciadas.
Em Iguatu, o quartel do 10º BPM também foi desocupado, e a rua que dá acesso a ele está liberada. O mesmo acontece em Juazeiro do Norte, na qual borracheiros foram chamados para consertar pneus das viaturas danificadas.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) afirmou que "uma força-tarefa foi montada para garantir que os veículos estejam em pleno funcionamento o mais breve possível".