Todas as regiões do Ceará apresentaram mais mortes por Covid-19 em 2021 que 2020, exceto a de Sobral

Em todo o Ceará, 2021 já registra 4,79% mais mortes que em 2020. O número de infecções por Covid-19 deste ano também é superior ao ano do passado

Escrito por André Costa , andre.costa@svm.com.br
Legenda: Sobral registrou, até agora, 1.543 mortes por decorrência de complicações da Covid-19. No ano passado foram 1.641
Foto: Mateus Ferreira

Das cinco regiões de saúde do Ceará, a de Sobral é a única cujos números de óbitos por decorrência da Covid-19 registrados em 2021 ainda não ultrapassaram o quantitativo acumulado no ano anterior. Ressalte-se, contudo, que os registros se deram ao longo de mais de nove meses em 2020 e em um período bem menor deste ano (cinco meses e 9 dias).

No cenário oposto está a região Litoral Leste/Jaguaribe que teve o maior aumento percentual (37%) de mortes do Estado no comparativo entre 2021 e 2020. Em todo o Ceará, 2021 já registra 4,79% mais mortes que em 2020. Os números são do IntegraSus, plataforma da Secretaria da Saúde (Sesa) do Estado.

Entre março de 2020 - mês de início da pandemia - e 31 de dezembro do ano passado, Sobral acumulou 1.641 vidas permitidas para o vírus Sars-Cov-2. Entre 1º de janeiro de 2021 e 9 de junho, foram 1.543 óbitos, o que significa redução de 5,97%. 

Já o Litoral Leste/Jaguaribe teve 452 mortes por decorrência da doença em 2021 e, neste ano, a Sesa já registrou 622 óbitos, aumento de 37%. Na região de Fortaleza o aumento foi de 5,35%; no Sertão Central de 3,63%% e, no Cariri, crescimento de 4,76%.

Esta última região, inclusive, foi a única que registrou aumento na taxa de letalidade. Em 2020 foi de 1,9 e, agora em 2021, está em 2. A letalidade avalia o número de mortes em relação às pessoas que apresentam a doença ativa, e não em relação à população toda, ou seja, mede a porcentagem de pessoas infectadas que evoluem para óbito.

Diferentemente do que ocorre com a taxa de mortalidade, cujo coeficiente é comparado com a população total de determinada localidade (cidade, região, país, etc.).

Monitoramento 

A secretária da Saúde de Sobral, Regina Carvalho, atribui os números ao "maior monitoramento feito com os pacientes" e a expansão nos leitos de UTI. A titular da pasta destaca também que o Município investiu na atenção primária "o que possibilitou reduzir a evolução dos pacientes sintomáticos".

É um conjunto de ações. Com esse monitoramento mais próximo, conseguimos reduzir, nas duas últimas semanas, a procura por assistência médica. Ampliamos os leitos, criamos um suporte na UPA e seguimos com a testagem diária.
Regina Carvalho
Secretária da Saúde de Sobral

Em relação aos leitos de suporte criados na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), Regina destaca que o principal objetivo é reduzir as chances desse paciente evoluir para caso mais grave e, assim, necessitar de UTI. "Quando o paciente chega a este estágio [de UTI] é sempre mais complicado. Então evitar que ele tenha seu quadro clínico agravado significa mais vidas salvas", pontuou.

Carvalho também avalia que a população está mais consciente e tem contribuído com as medidas sanitárias. "Claro que há as exceções, mas a maioria se porta melhor, respeita os decretos, usa máscara, mantêm o distanciamento e tudo isso converge para uma evolução no combate à pandemia", destaca a secretária da Saúde de Sobral. 

1 em cada 4 sobralense já se vacinou

Para as próximas semanas, Regina Carvalho projeta queda ainda mais aguda nos índices de óbito devido ao processo de vacina que, na sua concepção, está ocorrendo de forma rápida.

26% da população já recebeu a primeira dose. Idosos e profissionais da saúde já receberam a segunda dose também. Nas próximas semanas vamos começar a sentir os efeitos positivos.
Regina Carvalho
Secretária da Saúde de Sobral

Sobral está vacinando o público entre 50 e 54 anos, nos 37 postos de saúde da cidade. Segundo Regina, na sexta-feira (11) deverá ser iniciado a imunização entre o 45 e 59 anos. "Projetamos começar a vacina as pessoas acima dos 40 anos já no domingo. Com a vacinação avançando, os índices tendem a cair". 

De acordo com o Vacinômetro, da Sesa, Sobral já 54.277 pessoas com a primeira dose (99% da meta) e  24.592 com a segunda dose (100% da meta). O Ceará já aplicou 3.127.980 doses, sendo 2.037.033 da primeira dose.

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Casos em 2021 já superam índice de 2020

Quando observado apenas o número de infecções pelo novo coronavírus, 2020 já foi superado em todas as regiões. O maior aumento percentual é registrado na região de saúde de Fortaleza - que aglutina 43 municípios - com 67,97%. Em seguida aparece Litoral Leste/Jaguaribe com crescimento de 60,24%.

Sertão Central foi a terceira região com maior aumento (35,80%), seguido por Sobral (4,30%) e Cariri, cujo salto foi de 0,96%. Unificando os dados de todas as localidades, o Ceará registrou 351.808 infecções em 2020 e 482.038 neste ano, um aumento de 37%. 

Este aumento nos casos tem impacto direto na ocupação dos leitos de UTI exclusivos ao tratamento da Covid-19. Há dois dias o Diário do Nordeste mostrou que três das cinco regiões de saúde estavam com 100% das vagas de UTI adulta preenchidas. 

Hoje o cenário é um pouco melhor, mas igualmente preocupante. Apenas a região de saúde de Fortaleza não tem taxa de ocupação acima dos 90%. Já Sertão Central e Litoral Leste/Jaguaribe seguem com colapso nas unidades de atendimento.

  • Fortaleza: 89,34% de ocupação nas UTI adulta / 73,94% de ocupação nos leitos de enfermaria
  • Sobral: 91,87% de ocupação nas UTI adulta / 61,71% de ocupação nos leitos de enfermaria
  • Cariri: 99,25% de ocupação nas UTI adulta / 49,81% de ocupação nos leitos de enfermaria
  • Sertão Central: 100% de ocupação nas UTI adulta 
  • Litoral Leste/Jaguaribe: 100% de ocupação nas UTI adulta 

Em relação à taxa de Sobral, a secretaria da Saúde do Município explica "que parte dos pacientes internados são de outras cidades da região". Ainda conforme ela, o número de pacientes "oriundos de Sobral tem caído". No entanto, ela não detalhou os números.

A média geral do Estado é de 92% de ocupação nas UTIs adulta e 63,38% de ocupação nos leitos de enfermaria. "Essa taxa de ocupação ainda alta é uma prova de que, apesar de estarmos avançando nos índices, o momento ainda é de alerta, todos devem seguir cumprimento os protocolos sanitários", reforça Regina Carvalho.

 

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