Prédio histórico está abandonado
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Raimundo Alves
Ipu (Sucursal/ Sobral) — Iniciada pelo imperador dom Pedro II, como forma de socorrer às vítimas da grande seca de 1877/79, a Estação Ferroviária de Ipu, na região Norte do Ceará, está entregue aos cupins e transformada em banheiro improvisado para feirantes e desabrigados. A denúncia é do historiador Raimundo Alves de Araújo, presidente em exercício do grupo Outra História. Ele avalia como “lamentável e vergonhoso” o estado de abandono em que se encontra o imponente e histórico prédio que pertence ao conjunto arquitetônico da Estrada de Ferro de Sobral. “O local é testemunha inconteste da outrora florescente e promissora economia algodoeira e comerciária, feito ligado diretamente ao crescimento econômico e material de toda a região”, diz o historiador.
A secretaria de Educação do Município, professora Maria da Conceição Guilherme, explica que a Prefeitura pretende fazer a recuperação do prédio. Para isso, está sendo solicitado o apoio financeiro da Secretaria de Cultura do Ceará.
A Estação Ferroviária do Ipu, na avaliação do historiador Raimundo Alves de Araújo, dotou a região de uma formidável e dinâmica rota comerciária para o escoamento dos produtos agrícolas do alto sertão e da Serra Grande. A obra sobreviveu mesmo à queda da Monarquia. “Após 17 anos de seu início problemático, cortando tabuleiros ermos e caatingas vastas, os trilhos alcançaram finalmente a Ibiapaba”, conta.
Raimundo relata que este feito, uma façanha dos políticos estaduais, motivados pelo drama da seca, e auxiliados pela engenharia da época, ainda hoje se evidencia pela elegância e pelas dimensões singulares do edifício. “Ali estão preservados os sonhos de grandeza e de progresso de toda uma região”, acrescentando que foi na Estação de Ipu, no longínquo ano de 1894, que a “engenharia venceu o sertão, e a locomotiva rompeu o isolamento secular da Ibiapaba”.
A história econômica e social da zona Norte cearense pode perfeitamente ser dividida em antes, durante e depois da construção da Estrada de Ferro de Sobral. Raimundo Alves comenta que, inicialmente, todas as povoações, vilas, fazendas e cidades desta área viviam mergulhadas num mar de conflitos individuais promovidos pelos proprietários rurais em litígio entre si, ou entre estes e as paupérrimas populações caboclas originadas da mistura racial de índios, brancos e negros remanescentes do ambiente promíscuo, conturbado e violento do período da ocupação colonial e do Brasil Império. Foi justamente o advento da ferrovia, cortando as fazendas e plantações isoladas no vasto sertão bárbaro, trazendo o comércio e o desenvolvimento, “que acabou por impor à beligerante aristocracia interiorana e a toda a sociedade sertaneja as regras do estado nacional e da economia de mercado”.
Neste contexto, o historiador afirma que o velho prédio da Estação de Ipu diz muito da história da região. “Seu abandono, mas do que uma casualidade, traduz o grau de civismo e de requinte cultural de nossa sociedade, de nossas instituições e de nossos homens públicos”, arremata. A secretaria de Educação, professora Maria da Conceição Guilherme, coloca que o prédio, um dos mais antigos da cidade, ainda não foi tombado pelo Estado ou pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Hoje faz parte do patrimônio público municipal. “A Prefeitura colocou grades nas portas principais para evitar o acesso das pessoas. Existe um projeto na área de cultura para a sua recuperação, mas nada ainda foi iniciado. Existe apenas uma solicitação de recursos junto à Secretaria de Cultura do Estado para a consolidação do projeto”, enfatizou.
A secretaria de Educação do Município, professora Maria da Conceição Guilherme, explica que a Prefeitura pretende fazer a recuperação do prédio. Para isso, está sendo solicitado o apoio financeiro da Secretaria de Cultura do Ceará.
A Estação Ferroviária do Ipu, na avaliação do historiador Raimundo Alves de Araújo, dotou a região de uma formidável e dinâmica rota comerciária para o escoamento dos produtos agrícolas do alto sertão e da Serra Grande. A obra sobreviveu mesmo à queda da Monarquia. “Após 17 anos de seu início problemático, cortando tabuleiros ermos e caatingas vastas, os trilhos alcançaram finalmente a Ibiapaba”, conta.
Raimundo relata que este feito, uma façanha dos políticos estaduais, motivados pelo drama da seca, e auxiliados pela engenharia da época, ainda hoje se evidencia pela elegância e pelas dimensões singulares do edifício. “Ali estão preservados os sonhos de grandeza e de progresso de toda uma região”, acrescentando que foi na Estação de Ipu, no longínquo ano de 1894, que a “engenharia venceu o sertão, e a locomotiva rompeu o isolamento secular da Ibiapaba”.
A história econômica e social da zona Norte cearense pode perfeitamente ser dividida em antes, durante e depois da construção da Estrada de Ferro de Sobral. Raimundo Alves comenta que, inicialmente, todas as povoações, vilas, fazendas e cidades desta área viviam mergulhadas num mar de conflitos individuais promovidos pelos proprietários rurais em litígio entre si, ou entre estes e as paupérrimas populações caboclas originadas da mistura racial de índios, brancos e negros remanescentes do ambiente promíscuo, conturbado e violento do período da ocupação colonial e do Brasil Império. Foi justamente o advento da ferrovia, cortando as fazendas e plantações isoladas no vasto sertão bárbaro, trazendo o comércio e o desenvolvimento, “que acabou por impor à beligerante aristocracia interiorana e a toda a sociedade sertaneja as regras do estado nacional e da economia de mercado”.
Neste contexto, o historiador afirma que o velho prédio da Estação de Ipu diz muito da história da região. “Seu abandono, mas do que uma casualidade, traduz o grau de civismo e de requinte cultural de nossa sociedade, de nossas instituições e de nossos homens públicos”, arremata. A secretaria de Educação, professora Maria da Conceição Guilherme, coloca que o prédio, um dos mais antigos da cidade, ainda não foi tombado pelo Estado ou pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Hoje faz parte do patrimônio público municipal. “A Prefeitura colocou grades nas portas principais para evitar o acesso das pessoas. Existe um projeto na área de cultura para a sua recuperação, mas nada ainda foi iniciado. Existe apenas uma solicitação de recursos junto à Secretaria de Cultura do Estado para a consolidação do projeto”, enfatizou.