PF de Juazeiro do Norte prende homem por submeter pessoas a condição análoga de escravidão

O acusado teria recrutado 13 pessoas da terra do Padre Cícero para trabalhar no Maranhão e, sob ameaça, impedindo-as de retornar

Escrito por Antonio Rodrigues , regiao@svm.com.br

A Polícia Federal de Juazeiro do Norte prendeu, ontem (24), em Cedro, no Pernambuco, um homem acusado de submeter trabalhadores a condição análoga de escravo. Os agentes cumpriram um mandado de prisão preventivo expedido pela 2ª Vara de Justiça Federal do Maranhão. Ele teria recrutado 13 pessoas de Juazeiro do Norte para vender panelas em São Luís e as obrigado, sob ameaça, a permanecer em solo maranhense.  

O homem foi alvo de operação de agentes federais do Maranhão, denominada ‘Status Libertatis’. Segundo o assessor de imprensa da Polícia Federal de Juazeiro do Norte, Arthur Rocha, o mandado havia sido encaminhado há 10 dias, e o acusado estava sendo localizado.  

O denunciado, que mora em Cedro, Pernambuco, recrutou moradores de Juazeiro do Norte para vender panelas de alumínio no Maranhão, no início desde ano. “Há bastante esse tipo de comércio naquela região”, pontua Athur. Inicialmente, cada uma das 13 pessoas recebeu um pagamento entre R$ 1,2 mil a R$ 4 mil. "Todos receberam esse adiantamento e uma promessa de 7% a 8% de comissão por venda”, completa.  

Este grupo de cearenses foi transportando dentro de um caminhão baú, junto com a mercadoria. Inicialmente, ficaram hospedados em um galpão e depois foram para São Luís. Lá, recebiam um carrinho de mão, onde cada um vendia em uma região diferente da capital maranhense.  

“Alguns deles não gostavam de como estavam o serviço e quiseram retornar. Foi aí que sofreram ameaça, com alegação de que já havia pago”, conta Arthur. A denúncia foi feita ao Ministério Público do Trabalho do Maranhão.  

No sábado, os agentes da Polícia Federal tentaram localizar este homem, encontraram sua casa, mas ele não estava. Ontem, mais uma vez retornaram e o encontram. Dois policiais foram responsáveis pela prisão. O acusado alegou que até quinta-feira estava hospitalizado com covid-19 e havia se recuperado. “Os colegas que participaram da prisão imediatamente foram colocados de quarentena por sete dias”, ressalta Arthur. 

O preso foi encaminhado à delegacia de Polícia Federal em Juazeiro do Norte e, em seguida, à cadeia pública do Município. A pena para quem reduz alguém a condição análoga à de escravo é de dois a oito anos de prisão e multa, podendo ser ampliada se observadas condições violência, como, por exemplo, se o crime ser cometido contra criança ou adolescente ou por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem.