Instrumentos musicais fabricados com barro
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O projeto Grupo Uirapuru ensina música aos jovens de Cascavel com instrumentos à base de barro
Fortaleza. Desde tempos imemoriais, a humanidade mantém uma íntima relação com o barro, a ponto do mito bíblico afirmar que o homem é a mistura do barro com o sopro divino. Maleável, de boa duração e expressiva plasticidade, o barro permite a fabricação dos mais variados artefatos. Na localidade de Moita Redonda, no município de Cascavel, o projeto Grupo Uirapuru busca, por meio da fabricação de instrumentos musicais com barro e da formação de um grupo de música experimental, o resgate da cultura do barro junto aos jovens da comunidade.
Com 870 habitantes, a localidade de Moita Redonda é o principal pólo de produção de objetos de cerâmica de Cascavel. No entanto, o desenvolvimento de novos materiais, como o plástico, e a cultura midiática voltada para sobrevalorizar o novo fizeram com que muitos perdessem o interesse pelos objetos de cerâmica, principalmente os jovens do local. Dessa forma, a iniciativa busca retomar o elo de ligação das novas gerações com esta cultura ancestral.
“O projeto tem como objetivo fazer com que os jovens se reapropriem da cultura tradicional do barro, mas utilizando-o de outras formas”, explica o artista plástico e idealizador do projeto, Tércio Araripe. A iniciativa conta com o apoio do Instituto Beija-Flor e da Prefeitura de Cascavel.
Há 20 anos, Tércio Araripe se dedica à pesquisa e construção de instrumentos tendo produtos orgânicos como matéria-prima, a exemplo da argila, do bambu e da madeira. Há dois anos, ele decidiu se estabelecer de vez no povoado, e sua casa serve de ateliê para os jovens iniciarem e aprimorarem o aprendizado.
“Na verdade, a utilização do barro para fabricar instrumentos musicais remonta há cinco mil anos, mas era uma utilização que eles não tinham, pois aqui a produção com cerâmica é mais voltada para utensílios de uso doméstico”, acentua o artista plástico.
O grupo atualmente é composto por 12 jovens, meninos e meninas com idades entre 13 e 18 anos. Apesar das possibilidades quase ilimitadas de modelagem, a primeira lição é saber que os instrumentos de barro têm uma estrutura frágil e devem ser manejados com cuidado. Com o material, é possível fabricar instrumentos de sopro, corda ou percussão. Além das peças ocidentais, os jovens de Cascavel fabricam instrumentos africanos, como o udu, originário da Nigéria.
“O udu é um instrumento que possui uma sonoridade ampla. Já a marimba, que é um tipo de xilofone, ganha uma outra sonoridade quando é feito a partir do barro. Em geral, o som produzido pela cerâmica é semelhante ao da água”, comenta Tércio.
Mas o trabalho não fica por aí. Um dos três projetos do Nordeste a ser contemplado pelo Prêmio Interações Estéticas - Residências Artísticas em Pontos de Cultura, da Fundação Nacional de Artes (Funarte), os participantes do Grupo Uirapuru agora poderão produzir música com os instrumentos que fabricam. O trabalho da musicalidade em cima dos instrumentos de barro foi iniciado em fevereiro e vai até julho. O maestro Luiz Duarte ministra aulas teóricas e práticas de música para os jovens, que já têm duas apresentações marcadas.
A primeira será a inauguração do Espaço Cultural Grupo Uirapuru, hoje, às 10 horas. O espaço consiste num galpão onde o grupo poderá realizar os ensaios, antes realizados na casa de Tércio Araripe. A segunda apresentação será no teatro do Centro Dragão do Mar de Arte Cultura, no dia 31 de julho.
Karoline Viana
Repórter
Fortaleza. Desde tempos imemoriais, a humanidade mantém uma íntima relação com o barro, a ponto do mito bíblico afirmar que o homem é a mistura do barro com o sopro divino. Maleável, de boa duração e expressiva plasticidade, o barro permite a fabricação dos mais variados artefatos. Na localidade de Moita Redonda, no município de Cascavel, o projeto Grupo Uirapuru busca, por meio da fabricação de instrumentos musicais com barro e da formação de um grupo de música experimental, o resgate da cultura do barro junto aos jovens da comunidade.
Com 870 habitantes, a localidade de Moita Redonda é o principal pólo de produção de objetos de cerâmica de Cascavel. No entanto, o desenvolvimento de novos materiais, como o plástico, e a cultura midiática voltada para sobrevalorizar o novo fizeram com que muitos perdessem o interesse pelos objetos de cerâmica, principalmente os jovens do local. Dessa forma, a iniciativa busca retomar o elo de ligação das novas gerações com esta cultura ancestral.
“O projeto tem como objetivo fazer com que os jovens se reapropriem da cultura tradicional do barro, mas utilizando-o de outras formas”, explica o artista plástico e idealizador do projeto, Tércio Araripe. A iniciativa conta com o apoio do Instituto Beija-Flor e da Prefeitura de Cascavel.
Há 20 anos, Tércio Araripe se dedica à pesquisa e construção de instrumentos tendo produtos orgânicos como matéria-prima, a exemplo da argila, do bambu e da madeira. Há dois anos, ele decidiu se estabelecer de vez no povoado, e sua casa serve de ateliê para os jovens iniciarem e aprimorarem o aprendizado.
“Na verdade, a utilização do barro para fabricar instrumentos musicais remonta há cinco mil anos, mas era uma utilização que eles não tinham, pois aqui a produção com cerâmica é mais voltada para utensílios de uso doméstico”, acentua o artista plástico.
O grupo atualmente é composto por 12 jovens, meninos e meninas com idades entre 13 e 18 anos. Apesar das possibilidades quase ilimitadas de modelagem, a primeira lição é saber que os instrumentos de barro têm uma estrutura frágil e devem ser manejados com cuidado. Com o material, é possível fabricar instrumentos de sopro, corda ou percussão. Além das peças ocidentais, os jovens de Cascavel fabricam instrumentos africanos, como o udu, originário da Nigéria.
“O udu é um instrumento que possui uma sonoridade ampla. Já a marimba, que é um tipo de xilofone, ganha uma outra sonoridade quando é feito a partir do barro. Em geral, o som produzido pela cerâmica é semelhante ao da água”, comenta Tércio.
Mas o trabalho não fica por aí. Um dos três projetos do Nordeste a ser contemplado pelo Prêmio Interações Estéticas - Residências Artísticas em Pontos de Cultura, da Fundação Nacional de Artes (Funarte), os participantes do Grupo Uirapuru agora poderão produzir música com os instrumentos que fabricam. O trabalho da musicalidade em cima dos instrumentos de barro foi iniciado em fevereiro e vai até julho. O maestro Luiz Duarte ministra aulas teóricas e práticas de música para os jovens, que já têm duas apresentações marcadas.
A primeira será a inauguração do Espaço Cultural Grupo Uirapuru, hoje, às 10 horas. O espaço consiste num galpão onde o grupo poderá realizar os ensaios, antes realizados na casa de Tércio Araripe. A segunda apresentação será no teatro do Centro Dragão do Mar de Arte Cultura, no dia 31 de julho.
Karoline Viana
Repórter