Fábrica de engenho de rapadura nasceu na década de 20

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Redação producaodiario@svm.com.br
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Foto: Antônio Vicelmo
A história da Linard nasceu na década de 20, quando o francês Estevão Serafim Linard desembarcou no Ceará para construir a estrada de Ferro. Além de ter aberto caminhos para os trens, o engenheiro deixou alguns filhos na região, entre os quais Antônio Linard, que foi o fundador da Indústria Linard.

Com apenas nove anos, o menino Antônio perdeu o pai e tornou-se arrimo de família, tendo que sustentar a mãe e nove irmãos, numa pequena oficina mecânica. O nome Linard, herdado do pai, ultrapassou as fronteiras do Cariri. Um dia, Lampião mandou chamá-lo para montar e consertar um arsenal de armas que “Rei do Cangaço” acabara de adquirir.

No final do trabalho, o jovem mecânico nada cobrou de Lampião que, em sinal de gratidão, perguntou: “O que é que você precisa para montar uma oficina mecânica?”. Antonio Linard respondeu que gostaria de comprar um torno mecânico. Lampião correu o chapéu entre os cangaceiros e juntou dinheiro e ouro suficientes para concretizar o sonho de Linard. Comprou o torno que ainda hoje é mantido em funcionamento em sua oficina.

Em 1933, era oficialmente instalada a Indústria Linard, especializada em montagem de engenhos de rapadura que eram importados da Inglaterra e da Alemanha. A procedência do equipamento, engenho e caldeira obrigou Antônio Linard a ler e traduzir os manuais que acompanhavam as peças importadas. O mecânico varava as madrugas lendo instruções em inglês, francês e alemão. Em pouco tempo, era o mais conhecido e requisitado mecânico da região.

Criativo, perfecionista, organizado e honesto, Antônio Linard conquistou o Nordeste com sua marca. Hoje, a sua oficina ocupa uma área de quatro mil metros quadrados, correspondente a um quarteirão. O sucesso do empreendimento dependeu exclusivamente de sua vocação para a mecânica. É fruto do esforço e da obstinação de um homem exigente que impôs um estilo próprio de vida.

A marca de sua personalidade está exposta nas frases deixadas por ele nas paredes da indústria. “É melhor esperar pelo mal do que pelo bem/ Ver uma vez é melhor do que ouvir dez/ Meus inimigos são muitos, porém todos de baixa qualidade/ Nunca vi mulher santa, nem menino com juízo/ Só tem força onde tem ordem, só tem ordem onde tem força”. As frases são complementadas com uma bem pessoal. “Casa de Intrigados”. A interpretação é que, no ambiente de trabalho, o operário não deve conversar com o colega. “A conversa é coisa de vagabundo”, arremata.