Cultivo de algas impulsiona economia
O cultivo de algas marinhas é fonte de renda para 11 famílias das comunidades de Flecheiras e Guajiru, no Município de Trairi. Projeto iniciado em 1997, há três anos tem resultado em boa produção. Hoje representa um ganho de, aproximadamente, de R$ 250, 00 para cada família incluída no trabalho.
Antes, a extração da vegetação marinha nas comunidades pesqueiras de Trairi era feita de forma extrativista, além de não representar ganhos para as famílias, estava destruindo totalmente o banco natural de algas. “Hoje, com o cultivo ordenado, além de preservar os bancos naturais do litoral de Trairi, melhorou o ganho dos pescadores” disse o engenheiro bioquímico Darlio Teixeira, professor da Universidade de Fortaleza que, juntamente com o Sebrae, a Universidade Federal do Ceará e o Instituto Terramar estão desenvolvendo o projeto junto a Associação de Produtores de Algas de Flecheiras e Guajiru.
O projeto é desenvolvido em uma área de 800 por 500 metros no litoral de Flecheiras. São 12 estruturas de 50 metros cada uma delas com uma produção bimestral de 2.200 a 2.500 quilos de algas molhadas. “Hoje estamos trabalhando no sentido de melhorar a infra-estrutura. Já instalamos a estrutura de lavagem e secagem das algas e iniciamos o melhoramento na formulação de cosméticos”, observa o professor Flávio Nogueira”.
FESTIVAL - Para comemorar a boa produção de algas e seus resultados, a comunidade realiza a partir de hoje, até o dia 29, o II Festival das Algas. O evento será destinado a promoção de degustação da culinária produzida com algas marinhas, comercialização de produtos artesanais e cosméticos tendo como base a vegetação.
Com uma infra-estrutura montada em frente ao Hotel Orixás, o evento, além de divulgar a produção e utilidades das algas marinhas, servirá como mais uma opção de lazer para quem deseja aproveitar o último fim de das férias. A organização do festival é do Sebrae em parceria com a Associação dos Hoteleiros do Trairi e apoio da Prefeitura local, Senac e Ministério do Turismo.
EXTRATIVISMO - Durante anos, as comunidades pesqueiras do litoral cearense, como dos municípios de Trairi e Icapuí, extraíram algas marinhas sem se preocupar com questões como sustentabilidade e equilíbrio ambiental. Mesmo sendo a pesca a principal atividade econômica local, as algas sempre tiveram um papel essencial na comunidade: tanto econômico, como complemento da renda familiar, como social, garantindo ocupação para mulheres e jovens.
Em Icapuí, por exemplo, a Fundação Brasil Cidadão elaborou o projeto Mulheres de Corpo e Algas. Com os recursos da BrazilFoundation, 20 mulheres foram qualificadas no beneficiamento das algas marinhas, criando produtos com elevado valor comercial como cosméticos, sabonetes, xampus e itens culinários.
Já em Trairi, o projeto Cultivo de Algas Marinhas, representou a melhoria de vida das famílias envolvidas no cultivo, proporcionando outra fonte de renda, além da conservação dos bancos naturais de algas fundamentais para a vida marinha e para a atividade da pesca artesanal.
A coleta ambientalmente correta de algas marinhas evita uma diminuição do volume de pescado nas águas da região no futuro próximo, evitando o fim da principal fonte de renda das famílias da comunidade.
Em Flecheiras, a alga limpa e seca é vendida como matéria-prima para a produção de cosméticos e gêneros alimentícios.
Amarrada a uma estrutura de cordas, a colônia de algas funciona como plantação em pleno mar. Beneficia quem precisa tratar e vender a alga e representa um valor ecológico agregado.
Claudia Magalhães
enviada a Trairi