Biocangaço: pesquisadores do Cariri difundem diversidade da Caatinga pela internet

Criado em 2016, o projeto possui uma página no Instagram e um canal no YouTube que apresentam informações detalhadas de espécies encontradas no sertão.

Escrito por Antonio Rodrigues , regiao@svm.comm.br
Legenda: O tatu-peba (Euphractus sexcinctus) é uma espécie encontrada na Caatinga. Possui ampla distribuição e é tolerante a alterações ambientais.
Foto: Foto: Herivelto de Oliveira

Com objetivo de divulgar a importância de se conhecer e preservar a fauna da Caatinga, biólogos ligados à Universidade Regional do Cariri (URCA) criaram, há quase quatro anos, a página Biocangaço. Com postagens semanais, o grupo apresenta espécies endêmicas do bioma (que ocorre somente em uma determinada área ou região) ou que possuem registro nele.

As publicações abordam as características gerais dos animais, como os nomes populares, tamanho, peso, onde vivem, alimentação, reprodução, sua área de distribuição e status de conservação. Todas as informações podem ser conferidas na página online.

Resignificado

Segundo o biólogo Charles Sousa — um dos fundadores da página e que atualmente a administra — a ideia é mostrar uma outra imagem da Caatinga. “(As pessoas) pensam que é um ecossistema pobre em biodiversidade, mas inúmeras pesquisas mostram o quanto é equivocada esta ideia”, reforça. O grupo, formado em 2016, conta com 16 colaboradores.  

Natural de Fortaleza, Charles foi morar no Cariri para fazer seu mestrado na URCA. Antes de desembarcar no Sul do Estado, sempre admirou as belezas da região.

“Meu interesse começou bem cedo, ainda na graduação. Mas somente no mestrado é que eu pude, de fato, desenvolver pesquisas com as espécies daqui”, explica.

Legenda: O gambá, popularmente conhecido como cassaco, no Ceará, é um mamífero marsupial. A animais habita desde o sul dos Estados Unidos até a América do Sul.
Foto: Foto: Herivelto de Oliveira

A página já apresentou muitas espécies, mas as que mais chamam atenção são as endêmicas da Chapada do Araripe, como o Soldadinho do Araripe, símbolo da região; o caranguejo guajá do Araripe, descrita em 2016; e um sapo boi (Proceratophrys ararype), descrito por pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em 2018.

Todas elas são ameaçadas de extinção. “Há muito o que ser pesquisado ainda, e aqui na região do Cariri, existem muitas possibilidades a serem exploradas e conhecimento a ser produzido”, acredita o biólogo.

Biocangaço

Com um bom número de apreciadores da fauna da caatinga, o Biocangaço possui cerca de 1.200 seguidores, somando Instagram e YouTube. Neste último, mostra trabalhos de campo e entrevistas com pesquisadores.

“O público interage bem com as postagens, principalmente naqueles onde as espécies são bem conhecidas, como a onça parda (Puma concolor), a jaguatirica (Leopardus pardalis), o tatu peba (Euphractus sexcinctus) e o sapo cururu (Rhinella jimi)”, completa Charles. 

A página mantém parcerias com outros canais de divulgação científica, como o Sertão em Flor, que tem o objetivo de difundir os conhecimentos sobre as espécies da flora da Caatinga, e o grupo Avifauna Cariri, composta por pesquisadores que estudam as aves da região.

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