Covid-19 faz segunda vítima entre o povo cigano no Ceará

No último dia 2, o novo coronavírus fez a primeira vítima e, ontem, a segunda morte em decorrência da doença

Após mais de um mês internado com Covid-19 em um hospital de Crateús, no interior do Ceará, o cigano Solimar Melo não resistiu e veio a óbito nesta quinta-feira (11). Ele tinha 60 anos e deixa um filho de 14 e a esposa. No último dia 2, o novo coronavírus fez a primeira vítima entre o povo tradicional no Ceará. Cigano Barroso faleceu aos 63 anos, em Sobral, com insuficiência respiratória.

Segundo Rogério Ribeiro, presidente do Instituto Povo Cigano do Brasil (ICB), com sede em Caucaia, Solimar estava internado no Hospital de Referência São Lucas, da rede São Camilo, em Crateús, desde o dia 8 de maio. Conforme ele, o estado de saúde de Solimar era "gravíssimo". Ribeiro acrescenta que, além da vítima, o filho e a esposa do cigano também foram infectados, mas felizmente conseguiram se recuperar.

Em nota, o ICB se solidarizou com familiares e amigos: "Estendemos nossa mais sincera solidariedade a todos os familiares e amigos do cigano Solimar. Pedimos que Deus conforte todos os corações e dê forças para transformar esta dor em esperança".

O corpo do cigano foi sepultado na manhã desta sexta-feira (12), seguindo os protocolos sanitários recomendados pelas autoridades de saúde. Segundo ICB, vivem em comunidades ciganas do Ceará pelo menos 20 mil pessoas, localizadas em 60 cidades.

Covid-19

Segundo relatório com os casos da Covid-19 no povo cigano ao qual o Sistema Verdes Mares teve acesso, os primeiros casos confirmados da doença aconteceram em Itapajé, ainda no mês de março. Além de Crateús, Sobral e Itapajé, também há registros de casos da doença em Fortaleza, Beberibe e Icapuí. Além disso, quatro ciganos precisaram ficar internados - destes, dois vieram a óbito.

Neste cenário, o documento denuncia que um total de 48 famílias de Crateús e 67 em Sobral "estão com medo e assustadas". "O ICB pede atenção especial dos municípios e do Estado e alertam para a falta de produtos básicos nas comunidades ciganas do Ceará. O isolamento deve ser tratado de maneira diferente para cada comunidade, já que há povos que vivem em centros urbanos e outros em comunidades mais afastadas", aponta o relatório.

Por conta do contexto da pandemia, "há a necessidade de isolamento, sem esquecer da garantia de políticas públicas de atendimento humanitário, a chegada de alimentos e de kits de higiene", ressalta o documento.

Serviço

Ribeiro destaca que iniciativas do ICB e projetos como o Mesa Brasil, programa do Serviço Social do Comércio (Sesc) que atende famílias carentes em todo o País, estão sendo o alento e dando o suporte na garantia alimentar e higiene pessoal das comunidades ciganas. O ICB está realizando uma campanha pela internet para arrecadar doações. A mobilização não recebe valores em dinheiro. Mais detalhes podem ser buscados pelo número: (88) 99628-6361.