Filhote bovino com anomalia se transforma em mascote e atração em fazenda tradicional no Interior do Ceará
Madalena. O nascimento de um bezerro mudou a rotina na Fazenda Várzea Alegre, a 22km da sede de Madalena, na região Centro do Estado. Seria apenas mais um no rebanho da família do pecuarista Francisco Almir Frutuoso Severo, o Chico Almir, não fosse um detalhe: o animal não tem as patas dianteiras. Logo, o filhote da vaca "Meia Lua" e do touro "Batuque" recebeu o nome de "Canguru". Foi batizado pelo filho do fazendeiro, em razão da semelhança com o espécime símbolo da Austrália.
Além dos trabalhadores da fazenda, poucos sabiam da novidade. Mesmo assim já teve gente sugerindo o título de "Bezerguru" (Bezerro + Canguru) para o animal. Almir Júnior, 14 anos, não concorda. O mais novo hospede do curral da sua família será tratado com respeito e não como uma aberração. Assim como as pessoas portadoras de necessidades especiais, o bezerro precisará apenas de um pouco mais de cuidado. Saúde tem de sobra. É guloso e berra muito quando a fome bate.
Chico Almir concorda com o filho. Apesar das dificuldades para cuidar de "Canguru", ele não tem intenção de sacrificar a cria. Será tratado como mascote da fazenda. Almir não descarta a possibilidade do bezerro caminhar normalmente pela propriedade, pelo menos no curral e adjacências. Para ele, se "Canguru" tivesse nascido em uma propriedade rural de grande porte certamente seria sacrificado. Animais assim não têm utilidade nenhuma para quem se dedica exclusivamente ao abate ou produção leiteira. Não há tempo para compaixão e carinho. Mas, na Várzea Alegre, além dele, a esposa Ana Célia, os filhos Almir Júnior e Ana Letícia pretendem cuidar do bezerro especial. Os trabalhadores da fazenda e a vizinhança também.
O pecuarista ainda não manteve contato com veterinários e especialistas em genética animal. Não houve tempo. "Canguru" nasceu na madrugada do último dia 29. A novilha Meia Lua pariu naturalmente, como costuma ocorrer na propriedade tradicional. Por enquanto, o mais novo membro do rebanho precisa amamentar. Como não possui as quatro patas, alguém precisa ajudá-lo, como acontece com qualquer pessoa portadora de necessidade especial.
Outros casos
Uns de menos, outros de mais. Enquanto "Canguru" precisará da ajuda da família de Chico Almir, de uma prótese ou de um aparelho especial para se locomover, em uma fazenda de Rondonópolis, no Estado do Mato Grosso, a 218Km de Cuiabá, outro bezerro mestiço tem patas de sobra. O animal nasceu em dezembro de 2008, com três a mais. A anomalia surgiu no dorso do bovino. Não é tão rara quanto a registrada no Ceará, onde o animal nasceu com membros a menos.
Caso similar foi registrado em novembro daquele ano, em Oostburg, sudoeste da Holanda. Outro bezerro nasceu com duas patas extras, e também dois órgãos reprodutivos, um masculino e outro feminino.
"No Ceará, esse é o primeiro caso envolvendo espécies bovinas", acredita Chico Almir. Os mais comuns no Estado tem ocorrido com suínos. Um deles foi registrado no fim de janeiro passado em Santana do Acaraú. Um filhote de porco nasceu com uma tromba parecida com a de um elefante. Morreu logo depois. No início de janeiro, um caso similar foi registrado no município de Mombaça. Um terceiro nasceu no Piauí. A cabeça perecia com a de uma criança, tinha até cabelos. Segundo especialistas em anomalias genéticas de animais, durante o desenvolvimento embrionário podem ocorrer diversas mutações.
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Fazenda Várzea Alegre
Madalena - Ceará
(88) 9251.2506
chicoalmirmadalena@gmail.com
Alex Pimentel
Colaborador