Alta incidência de raios na região do Cariri assusta população

Embora o número tenha sido elevado, apenas nove atingiram o solo nas cidades do Crato e Juazeiro do Norte. A Enel orienta a população que o local mais seguro durante as tempestades é dentro de casa e longe da rede elétrica

Escrito por Redação ,
Legenda: Os raios foram registrados entre quarta e quinta-feira desta semana, durante chuva torrencial
Foto: Foto: Wellington Macedo

Chuva, ventos fortes, raios e trovões. O cenário atípico na região do Cariri chamou a atenção de muitos moradores nesta semana. Segundo o site de meteorologia Clima Tempo, em apenas 24 horas, entre a quarta (16) e quinta-feira (17), foram registrados 5.682 raios no Crato e outros 1.382 em Juazeiro do Norte. O sistema de monitoramento da Enel Distribuição não confirmou os dados porque está em manutenção.

Apesar da grande incidência do fenômeno, apenas nove atingiram o solo, sendo oito deles no Crato, mas sem incidentes. Os relâmpagos impressionaram a população, sobretudo, porque as duas principais cidades do Cariri não estão entre os municípios com maior incidência de raios do Ceará.

De acordo com o Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Crato ocupa a 35ª posição na densidade de recargas estadual, registrando 4,27 raios por km²/ano. Já em Juazeiro do Norte, o número é ainda menor, 3,51 por km²/ano, ficando na 54ª posição. Em primeiro lugar está Granja, com 9,63 por km²/ano.

A região Norte do Estado possui uma maior incidência de raios em relação às demais regiões, porque é uma das mais chuvosas do Ceará. Segundo o meteorologista da Funceme, Raul Fritz, estes fenômenos, geralmente, surgem relacionados às nuvens muito desenvolvidas verticalmente, ou seja, de grande altura desde a sua base até o topo, tais como as "cumulus nimbus", que podem vir a ficar carregadas eletricamente.

Como se formam

Centros de cargas elétricas intensas, positivas e negativas, se formam dentro das nuvens desenvolvidas.

Em determinado momento, a nuvem descarrega a grande tensão acumulada através de um caminho de plasma na atmosfera, transportando elétrons por ele na forma de uma corrente elétrica, de maneira tão rápida que faz o ar ao redor se aquecer e se iluminar, resultando no relâmpago, que ao atingir o solo é chamado de raio.

O raio pode descer da nuvem para o solo ou percorrer o caminho contrário do solo até a nuvem. Existem também os relâmpagos que acontecem dentro das nuvens ou entre nuvens distintas sem alcançarem o solo.

A espetacular centelha que caracteriza o relâmpago ou o raio provoca uma rápida expansão do ar que se ouve como o estrondo do trovão. Muitas pessoas têm medo do trovão, mas o perigo real está na altíssima descarga elétrica, explicam os especialistas.

Últimos casos

O Brasil é o País que registra o maior número de raios do mundo. No entanto, o Ceará é apenas o 19º Estado no ranking nacional. A última ocorrência que chamou atenção aconteceu no fim de 2018, em Tabuleiro do Norte, no dia 9 de dezembro, na região Jaguaribana, quando a descarga atingiu e matou 29 ovelhas e dois garrotes.

Já o último incidente fatal aconteceu no dia 25 de fevereiro de 2018, quando um homem foi atingido por um raio enquanto pescava em um açude no distrito de Choró, em Pacajus, Região Metropolitana.

Em média, 300 pessoas são atingidas por raios todos os anos e cerca de 100 pessoas morrem em decorrência disso no Brasil. De 2000 a 2017, aconteceram 2.044 mortes.

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