Gestão construtiva

Plataforma Verde mostra como é possível usar a tecnologia para reduzir o impacto dos negócios no meio ambiente.

Resolver o problema do lixo é um dos maiores desafios ambientais do mundo. E o planeta tem pressa. Propostas como as da Plataforma Verde, um software em nuvem voltado para a gestão de resíduos, mostram como é possível usar a tecnologia para reduzir o impacto dos negócios no meio ambiente. A startup foi a primeira empresa brasileira da área ambiental a receber o Prêmio Technology Pioneer pelo Fórum Econômico Mundial.

A ferramenta permite que toda a cadeia de resíduos e de extração de matéria-prima seja rastreada por meio de um sistema criptografado e imutável. A mesma informação sobre a característica de um resíduo, com seu volume e destino, é necessária para os diversos entes da cadeia. O que a Plataforma Verde faz é gerenciar tudo em uma única rede de bancos privados, sem repetir a mesma informação. “Além de ganhos de gestão, nossos clientes deixam de enviar resíduos a locais inadequados, como lixões e aterros irregulares. Para a sociedade, isso significa menos poluição dos recursos naturais e cidades mais limpas, o que melhora a saúde pública (menos contaminação por doenças) e recursos naturais protegidos (pois garantimos que esses resíduos não param em rios e mares)”, explica Chicko Sousa, fundador e CEO da Plataforma Verde.

Tecnologia

O que torna tudo isso possível é um dos grandes diferenciais da plataforma: o uso do blockchain, uma tecnologia que descentraliza a informação como medida de segurança. “A construção do software em blockchain traz muita segurança à informação, uma vez que o sistema não permite alterações ou que informações sejam apagadas de maneira definitiva. Assim, a confiança e a transparência do processo aumentam”, argumenta Chicko Sousa.

Legenda: Chicko Sousa: “Além de ganhos de gestão, nossos clientes deixam de enviar resíduos a locais inadequados como lixões e aterros irregulares".

Outro ganho que a plataforma oferece é um software de gestão e fiscalização de resíduos para o poder público. “Para municípios, o ganho é no processo de fiscalização, e o atendimento aos requisitos legais beira ao surreal, pois a mudança de produtividade e gestão acaba virando até um choque cultural”, observa Chicko Sousa. Ele informa que está doando o software de fiscalização para municípios acima de 500 mil habitantes. “O primeiro foi para a cidade de São Paulo. Agora, eles serão capazes de controlar os resíduos dos entes privados, direcionando-os de forma construtiva para os destinos corretos e legalizados, reduzindo os pontos de descarte ilegais, contribuindo com o sistema de limpeza urbana”, afirma.

Criação

Chicko Sousa conta que trabalhou por 11 anos na área de gerenciamento de resíduos sólidos de um grupo econômico, acumulando muita experiência no setor. Em 2015, criou um software piloto para atender uma demanda de concessionárias de limpeza de São Paulo. “Percebemos que tínhamos um possível produto em mãos e procuramos a Renault do Brasil para efetuar o piloto dentro de um ente privado. Com a ajuda da empresa, efetuamos diversas modificações processuais no software, convertendo-o em um SaaS (Software as a Service). Após um ano, criamos o nosso MVP (produto mínimo viável) e abrimos para o mercado em janeiro de 2017, com apenas um cliente”, conta.

Hoje já são mais de 1.500 clientes na Plataforma e 25.000 empresas cadastradas. “Acreditamos que até o final deste ano estejamos próximos dos 3.000 clientes”, estima. A proposta inovadora da startup também chamou atenção de entidades internacionais, como Fórum Econômico Mundial. Mais recentemente, a Plataforma Verde recebeu o Latam Edge Awards, prêmio voltado para empresas latino-americanas interessadas em estabelecer suas operações em Londres e expandir seus negócios para países do Reino Unido, Europa e Ásia. “O que nos leva a acreditar nesse sucesso? A certeza de que todos que estão no ecossistema da Plataforma Verde acreditam no que estamos criando e que fazem parte disso. O blockchain é mais do que o mundo financeiro, é a extensão de um mundo colaborativo e transparente. Sempre digo: o nosso objetivo é digitalizar o lixo e não estamos sozinhos”, finaliza Chicko Sousa.

NÚMEROS

2017
Foi o ano de fundação

1.500
Clientes

25 mil
Empresas cadastradas