Aprendizado na prática

Entenda a diferença entre o estágio e o programa de trainee. Ambos podem contribuir muito para a sua carreira.

A primeira porta que se abre para o mercado de trabalho é ainda no período de estudos. O aluno que deseja se aprofundar mais nos ensinamentos e pôr em prática parte do que vê em sala de aula busca exercer alguma função para começar a experiência profissional e conquistar suas primeiras chances. Para esses estudantes, há duas maneiras de isso acontecer: o estágio e o programa de trainee. Pode até parecer a mesma coisa, mas eles são diferentes. 

O estágio é um forte aliado na formação do estudante. Permitido para alunos de Ensino Médio, Ensino Superior e cursos técnicos, ele representa o aperfeiçoamento do aprendizado em sala de aula. É a maneira de aprendizado no ambiente de trabalho, onde sempre será supervisionado por um profissional efetivo e competente.

De acordo com a Lei do Estágio, estabelecida em 2008, esse aluno precisa estar matriculado e com frequência regular em uma instituição de ensino. A carga horária do estudante é regulada pela lei, sendo possível até o limite de 30 horas semanais ou 6 horas diárias, e o contrato não deve ter mais de 2 anos de duração. A empresa  concedente também é legislada para zelar pelo seu estagiário. Nos estágios obrigatórios, previstos na grade curricular do curso de formação, o estagiário deve ser assegurado por seguro de vida. No estágio não obrigatório, quando o aluno busca estágio por vontade própria, a empresa precisa honrar com bolsa auxílio, vale transporte, recesso remunerado, além do seguro de vida.

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Legislação
No entanto, as mudanças no mundo do trabalho já trazem questões que não foram pensadas quando da promulgação da Lei de Estágio. A professora Karol Mota (foto acima), Gestora da Central Unifor Carreiras, trabalha diariamente com a procura dos alunos universitários por oportunidades e enfrenta situações cujas respostas não estão expressas na legislação. "Ela não consegue dar conta, porque não previa o mercado de hoje. Temos estágios internacionais, acompanhamento remoto, atividades multifacetadas que não estão diretamente relacionadas a um determinado curso, mas que capacitam muito o aluno para esse mundo complexo e repleto de possibilidades", afirma.

Agências de integração funcionam como uma ponte entre o aluno e as empresas que ofertam as vagas de estágio. Elas fazem a triagem dos alunos cadastrados para as vagas disponibilizadas que estão sob sua responsabilidade. O Brasil conta com serviços integrados por todo o país, como é o caso do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), que atua em todos os Estados, nas capitais e no interior.

Aurineli Freire, Coordenadora de Educação e Carreiras do IEL-CE, comprova a importância da busca por um estágio como um reforço no aprendizado. "O mercado é muito dinâmico. A teoria vista em sala de aula precisa ser validada e quem faz isso é o mercado", garante. Além disso, pontua, como benefício do estágio existe a possibilidade de troca de experiências entre a sala de aula com o trabalho exercido.

"O mercado é muito dinâmico. A teoria vista em sala de aula precisa ser validada e quem faz isso é o mercado." Aurineli Freire, Coordenadora de Educação e Carreiras do IEL-CE

Sucesso
A parceria entre empresas e instituições de ensino é importante para o sucesso do período de estágio do estudante por abrir mais possibilidades de oportunidades. Cláudio Moreira é Supervisor do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), em Fortaleza, e trabalha diretamente com o encaminhamento de alunos para o primeiro passo no mundo corporativo. "O aluno precisa estar em constante atualização. O mercado hoje está muito exigente, é preciso aprendizado constante para quando começar um processo seletivo, ele usar seus diferenciais competitivos", pontua.

Nana Cavalcante é estudante do 4º semestre de Administração e faz estágio na área de estágios e carreiras lidando com atendimento às empresas dos clientes de onde trabalha. "Está sendo uma ótima experiência, porque estou conseguindo pôr em prática meus conhecimentos vistos em sala de aula", comprova a estudante. Ela também pontua que, por conta da carga horária, consegue estudar, se dedicar ao estágio e ainda fazer os projetos da faculdade, o que engrandece seus estudos. "Consigo fazer uma troca de conhecimentos. Levo experiências para a sala de aula que agregam aos estudos", afirma. 

Trainee
Enquanto o estágio recruta alunos que buscam aprendizado prático durante os estudos, os programas de trainee acolhem profissionais que, geralmente, estão nos últimos semestres ou até os dois primeiros anos após o término da graduação.

Embora os requisitos para as seleções sejam semelhantes aos de estagiários, pois o profissional estará aprendendo, as funções desenvolvidas pelo trainee requerem mais  responsabilidade. Rodrigo Bianchini é especialista em recrutamento e seleção da Ambev, empresa que abre seleções anualmente para seu programa de trainee. Ele afirma o diferencial da prática para o estágio. "Eles passam por um treinamento amplo em todas as principais áreas da companhia antes de assumirem um desafio em algum setor específico, visando assumir um cargo mais estratégico na companhia", explica.

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São em posições de liderança e com grandes responsabilidades que os trainees desenvolvem suas aptidões. O profissional, quando selecionado para o programa, geralmente já é contratado pela empresa com carteira assinada e todos os benefícios.

Edivar Marinho, Gerente Executivo de Gente e Gestão do Sistema Ari de Sá, começou como trainee em 2011 e atualmente gere uma equipe de mais de 25 pessoas. Em sua última dição, o programa de trainee teve mais de 47 mil inscrições de profissionais de todo o país dispostos a trabalhar em Fortaleza, Curitiba ou São Paulo, cidades onde a empresa tem sede.

Observando de uma perspectiva diferente, antes como trainee e hoje como gestor, Edivar diz que o trainee está sempre em busca de um desafio. "Eles recebem projetos de alto impacto para a empresa, como o planejamento de um novo produto ou o lançamento de um novo setor, sempre envolvidos com altas lideranças da empresa", detalha.

Ainda na graduação, Gabriela di Biasi percebeu que, já próximo à conclusão do curso, ainda não tinha encontrado uma área de trabalho com que se identificasse e viu no programa de trainee uma oportunidade de entrar no mercado com possibilidade de circular por setores diferentes em uma empresa. Com altas expectativas, ela espera ter uma experiência positiva. "Espero acabar essa fase de treinamento aproveitando para aprender o máximo possível, me conhecendo ainda mais e buscando a melhor forma para contribuir com a companhia".