Terapia milenar

O uso dos óleos essenciais como aliado da saúde e do bem-estar é uma tradição milenar em várias culturas. Os benefícios da aromaterapia vão além de questões físicas e auxiliam no equilíbrio emocional.

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Para entender como funciona a aromaterapia, é preciso partir do princípio de que o foco é o ser humano, não um sintoma, e considerar que a saúde integral do indivíduo envolve questões bioquímicas, emocionais e espirituais. Não é um conhecimento novo, mas uma prática milenar que se utiliza dos óleos essenciais para restaurar a saúde do corpo e da mente. “Os óleos essenciais são usados pela humanidade há pelo menos mil anos”, afirma Mayra Corrêa e Castro, Presidente da Associação Brasileira de Aromaterapia e Aromatologia (ABRAROMA).

Textos históricos da medicina chinesa documentam a importância dos óleos aromáticos para a saúde e para a espiritualidade. Como explica Mayra Corrêa e Castro, a aromaterapia pode ser utilizada “em toda as situações de saúde, pois, mesmo onde não haja uma resposta bioquímica ao óleo essencial, haverá uma resposta emocional ou energética àquela situação vivida pelo indivíduo em sofrimento”.

O óleos são substâncias produzidas por plantas aromáticas e que são isoladas, principalmente, pelo método de destilação com vapor. Para sentir os efeitos, eles podem ser inalados, ingeridos, utilizados em aromatizadores de ambientes e aplicados na pele. Como são extremamente concentrados, para aplicá-los na pele precisam ser diluídos com óleo vegetal. A recomendação é consultar um especialista ou seguir as recomendações do fabricante para saber a correta aplicação e a dosagem de cada óleo. “Todo tratamento com óleos essenciais requer individualização das indicações, seja na escolha de qual óleo essencial será usado (somente no Brasil temos cerca de 300 óleos essenciais disponíveis), seja na escolha da interface de uso (olfativa, dérmica, interna), seja na posologia”, afirma Mayra Corrêa e Castro.

Mas como qualquer outra forma de tratamento ou terapia, não dispensa outros cuidados com a saúde. “A saúde do ser humano é holística: nenhuma terapêutica é eficaz 100% sozinha. Para alguns sintomas, tantos os óleos essenciais quanto os medicamentos convencionais podem ser eficazes sozinhos,mas, se pensarmos que alívio
ou supressão de sintomas não são sinônimos nem de cura nem de saúde, perceberemos que nada tem a capacidade de agir sozinho. O ser humano é holístico: corpo, mente e espírito”, argumenta a especialista.

Legenda: "Todo tratamento com óleos essenciais requer individualização das indicações”,afirma Mayra Corrêa e Castro.

Mesmo tratando-se de substâncias naturais, é preciso observar alguns cuidados. O uso não é liberado para todo mundo. Bebês, crianças até 6 anos de idade, gestantes, lactantes e pacientes neurologicamente afetados costumam ser aqueles com mais restrições, que podem variar conforme o óleo essencial (a planta), a interface, a posologia e o usuário. Atenção ainda àqueles óleos com substâncias fotossensibilizantes (que causam queimaduras ao entrar em contato com raios solares),como os óleos essenciais à base de laranja, limão, tangerina e gengibre.

Mercado

A partir de 2010, o mercado brasileiro de aromaterapia expandiu, como observa a Presidente da Associação. “A ABRAROMA foi fundada em 1997, quando o mercado de óleos essenciais no Brasil pouco conhecia do emprego dessas substâncias na parte terapêutica. O Brasil sempre foi um grande exportador de óleos essenciais, seja para a indústria da perfumaria, seja para a indústria química ou farmacêutica. Mas, de 2010 para cá, com a compreensão dos recursos terapêuticos dos óleos essenciais, o mercado explodiu”.

A expansão do mercado se observa ainda pelo crescimento de profissionais buscando a área como segunda profissão. “A ABRAROMA tem entre seus filiados, em maior parte, pessoas que estão se voltando profissionalmente à aromaterapia como uma segunda profissão. Normalmente, são pessoas na casa dos 30 aos 45 anos de idade, com curso superior nas mais diversas áreas, 99% mulheres que, ou não se veem mais em suas antigas profissões, ou, após a maternidade, não conseguem mais se encaixar no mercado de trabalho nem querem abdicar dos cuidados com os filhos e buscam na aromaterapia tanto uma forma de autocuidado, quanto uma nova atividade profissional”, detalha analisa Mayra Correa e Castro.

A atividade da aromaterapia é regulamentada dentro da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) por meio da Portaria 702 de março de 2018 do Ministério da Saúde. “No entanto, para que profissionais de saúde regulamentados possam usá-la, seus respectivos conselhos federais e estaduais devem autorizá-los. Já a profissão aromaterapeuta não é nem reconhecida, nem regulamentada. É, portanto, livre”, informa a Presidente ABRAROMA.

Satisfação total

A empresária Rebeca de Almeida Guilhon conheceu a aromaterapia há quatro anos e se apaixonou pelos óleos essenciais. “Saber e ter uma opção natural para a questão emocional e questões físicas, para mim, é de extrema importância e satisfação, porque o uso dos óleos essenciais é um conhecimento milenar”, diz. Para ela, com o tempo, o interesse foi se intensificando. Ainda mais quando a marca que utiliza chegou ao Brasil. “Desde então, eu não paro nem de utilizar, nem de estudar. Até temos um grupo no WhatAspp para tirar dúvidas, relatar as experiências e também marcar encontros presencialmente para conversar, estudar os óleos e entender como funciona cada um”, relata.

Em um dos estudos, o foco era um óleo essencial com propriedades calmantes e afrodisíacas. “Quando terminou o estudo, eu estava gestante”, conta. Além de usar em si, Rebeca incluiu a filha e o marido nos cuidados aromaterápicos. “Quando me sinto desanimada, ansiosa ou tensa, recorro aos cítricos que dão um up no humor e no encorajamento. Faço massagem no Felipe quando ele volta muito estressado do trabalho. Inclusive, ele relatou que no dia posterior à massagem parecia que ele tinha recebido uma massagem no cérebro de tão relaxado que estava”.