Inclusão profissional

Pessoas com deficiência são beneficiadas com Lei das Cotas, mas preconceito ainda é barreira. Instituições fazem a ponte entre a empresa e o candidato.

Nos últimos anos, a luta pelos direitos da pessoas com deficiência tem conquistados algumas vitórias. Segundo especialistas,
o Brasil é considerado um dos países mais avançados no que diz respeito à legislação para as pessoas com algum tipo de deficiência – física, auditiva, visual ou intelectual. No total, são cerca de 40 leis, três normas constitucionais, uma lei complementar e 29 decretos, além de quatro portarias que regulamentam as regras e procedimentos. No campo do trabalho, uma das conquistas é a Lei das Cotas, nº 8.213, de 24 de julho de 1991, que prevê que todas as empresas com cem ou mais colaboradores são obrigadas a preencher entre dois e cinco por cento do total de funcionários com beneficiários reabilitados do INSS ou pessoas com deficiências. E é por esta porta que muitos profissionais com deficiência conseguem emprego.

Barreiras do mercado

Apesar da cobertura legal, no Brasil, apenas 1% dos 45 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência tem emprego, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Existe muitas dificuldades para pessoas com deficiência se empregarem por várias razões, mas basicamente por conta do preconceito”, opina o jornalista Victor Vasconcelos, editor do site Sem Barreiras, sobre pessoas com deficiência. “Muitas vezes, pessoas com deficiência têm uma boa condição profissional, estão preparadas, fizeram cursos, têm boa escolaridade, mas acabam tendo dificuldade de ingressar no mercado de trabalho por conta dessa ideia preconcebida de que não têm um nível aceitável”, analisa o jornalista.

A pesquisa “Pessoas com deficiência – expectativas e percepções sobre o mercado de trabalho”, realizada pelo i.Social, em parceria com a Catho, a Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH Brasil) e a ABRH-SP, mostra um dado que quebra o mito de que as pessoas com deficiência têm baixa qualificação e escolaridade: 12% dos pesquisados estão cursando ou já concluíram a pós-graduação, por exemplo. Considerando todos os níveis do terceiro grau, a pesquisa informa que 56% dos respondentes têm alguma formação superior, incluindo o mestrado, contra 32% que têm apenas o ensino médio completo.

Porta de entrada

Para ajudar a incluir estes profissionais, algumas instituições atuam no Estado, tanto promovendo capacitação, como a inclusão dos candidatos a uma vaga de emprego. Neste sentido, o Sine-IDT é uma das principais portas de entrada. Além do trabalho de encaminhamento, disponibiliza a este público curso de informática e orientação profissional, dentre outras ações. Para se candidatar às vagas de emprego, o profissional com deficiência deve se dirigir a uma das unidades do Sine-IDT com sua carteira de trabalho e o laudo médico para fazer o cadastro.

Às empresas, o Sine-IDT oferece banco de candidatos com trabalhadores homologados de todas as tipologias de deficiência e assessoria técnica, auxiliando na indicação de postos de trabalho. Além disso, visita empresas para captação de vagas e presta orientação aos empregadores sobre as contratações de profissionais com deficiência.

Capacitação

Outra alternativa para profissionais com deficiência em busca de emprego é o Centro de Profissionalização Inclusiva para a Pessoa com Deficiência (Cepid), equipamento da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social que, em parceria com a Agência de Desenvolvimento Econômico e Social (ADES), desenvolve ações de educação e formação profissional com o objetivo de promover a inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. O Centro oferece cursos de capacitação, atividades esportivas e encaminha pessoas com deficiência física para vagas de trabalho.

O Cepid faz prospecção de vagas no mercado de trabalho e oferta cursos de acordo com a demanda do mercado. Os profissionais encaminhados passam por um treinamento do Centro e são acompanhados posteriormente pela unidade. Além do encaminhamento, a instituição oferece orientação psicossocial, cursos de formação e qualificação nas áreas da Indústria, Comércio e Serviços, fomento ao paradesporto, monitoramento e acompanhamento periódico das pessoas inseridas no mercado, sensibilização de equipes de trabalho das empresas para o trato com a pessoa com deficiência e serviço de impressão em braille.

Para mais informações:
Sine-IDT: Rua Assunção, 699, Centro. Tel: (85)3101-3035
Cepid: Av. Senador Robert Kennedy, 128, Barra do Ceará. Tel:(85)3101.2653

Saiba mais:

A Lei das Cotas, nº 8.213, de 24 de julho de 1991, prevê que todas as empresas com cem ou mais colaboradores são obrigadas a preencher entre dois e cinco por cento do total de funcionários com beneficiários reabilitados do INSS ou pessoas com deficiências, nas seguintes proporções:
.De 100 a 200 funcionários: 2%

. De 201 a 500 funcionários: 3%

. De 501 a 1000 funcionários: 4%

. De 1001 em diante: 5%