Empreender com arte

Guitarrista Rafael Magoo conta como transformou as aulas de música em um bom negócio.

Legenda: Rafael Magoo: aulas individuais e focadas no objetivo do aluno.
Foto: LC Moreira

Viver da arte no Brasil é um desafio. Quem busca esse caminho encontra dificuldades devido a um mercado que não valoriza como deveria o talento artístico e, consequentemente, não remunera tão bem. Mas, apesar do cenário desafiador, histórias como a do guitarrista Rafael Magoo, fundador da Essencial Escola de Música, mostram que não só é possível viver da arte, como empreender com ela.

Foi de forma muito despretensiosa que Rafael Magoo começou a empreender no ramo da música. Músico atuante na cena local desde 2002, dava aulas para complementar a renda até iniciar uma pequena escola com três salas, em 2013. “Passamos quatro anos no lugar e aí vimos a necessidade de ir para um espaço maior com estacionamento”, conta Rafael Magoo. A mudança para o novo e atual endereço, no bairro Aldeota, representou um passo decisivo para o empreendedor. “O salto de qualidade foi muito grande. Foi um divisor de águas para o negócio. Para mim, a Essencial Música, apesar de ter começado em 2013, começou a ter cara de empresa em 2017 quando viemos para cá”, avalia.

Investir na música

Acreditar no negócio é o primeiro passo para quem quer abrir um. Rafael Magoo confiava na proposta da escola como um bom negócio. “As pessoas gostam de investir em música, embora seja um hobby. Com os problemas de stress, elas acabam procurando a música como um refúgio, para acalmar nessa correria e ter um hobby como terapia”.
Por outro lado, os hobbys são geralmente cortados do orçamento quando o bolso aperta. Entender isso e como fidelizar o cliente é o segredo para segurá-lo mesmo em tempos de crise. “O que a gente tenta fazer com a nossa metodologia é mostrar que a música é essencial e torná-la a coisa mais prazerosa possível”, afirma o empreendedor.

As aulas são individuais e focadas no objetivo do aluno. “A gente procura saber o que a pessoa gosta, o que mexe com ela, o que ela gosta de ouvir, onde ela gostaria de tocar. A partir desse papo inicial, começamos a trilhar um caminho mais objetivo”. Em um mês, afirma, o aluno já consegue tocar os primeiros acordes. Adaptar as aulas à realidade de cada aluno também faz parte da metodologia. “Com aqueles profissionais que vem porque amam a música, mas têm pouco tempo para treinar, por exemplo, nós buscamos ser o mais prático possível”, ilustra.

Reinventar-se

Manter um negócio pode ser mais desafiador do que iniciá-lo. Isso requer do empreendedor a capacidade de se reinventar e inovar. “Você precisa ficar se reinventando e saindo da sua zona de conforto constantemente. Isso é bem difícil, porque, às vezes, você quer descansar e não dá”, diz. Na Essencial Escola de Música, umas das estratégias foi apostar em eventos como workshops e recitais. “Os alunos têm a possibilidade de se apresentar. Eles aprendem e mostram isso para os familiares por meio do recital”, afirma Magoo. A cada três meses, a escola organiza as apresentações, que podemser temáticas ou livres. “Música trabalha muito com autoestima. Quando a gente começa a mostrar ao aluno que ele pode tocar, isso mexe com autoestima e aí ele vai quebrando as barreiras naturalmente”, observa Magoo.

Para quem deseja seguir o empreendedorismo no campo da arte, Rafael Magoo deixa a dica:

“A primeira coisa é acreditar muito no seu trabalho, que é um trabalho honesto e que vai fazer diferença na vida das pessoas. Quando você acredita nisso, respinga coisas boas nas pessoas. Elas vão sentir isso e vão querer aprender com você. A segunda coisa é ter coragem, não ter medo de empreender”, ensina.