Comunicação não violenta

Conheça mais informações sobre a técnica e exemplos de como empregá-la no ambiente corporativo.

Comunicar-se bem é mesmo fundamental, afirmam os especialistas. Seja a comunicação com você mesmo, com os familiares, os professores, os amigos, o(a) companheiro(a) e também com os colegas de trabalho. Em qualquer dos casos, a comunicação não violenta (CNV) pode ser muito útil para aprimorar o diálogo com quem seja necessário.

Técnica do bem
A comunicação não violenta (CNV) consiste em uma técnica de comunicação construída a partir de uma percepção, explica Allan Ferreira, escritor e especialista em Gestão de Pessoas. A forma que escolhemos – conscientemente ou não – para nos comunicarmos contribui para o aumento ou a redução da violência entre os seres humanos.

“Uma comunicação carregada de julgamentos, de pedidos imprecisos e de incompreensão nas observações de fatos e sentimentos - justamente todo o contrário do que propõe a CNV - provavelmente criará uma desarmonia no ambiente de trabalho. Tal desarmonia impacta o clima organizacional e, consequentemente, pode comprometer os próprios objetivos da organização”, argumenta.

Desse modo, acrescenta o escritor, a técnica é moldada a partir de elementos-chaves, que são: observação, sentimentos, necessidades, pedidos - todos isentos de julgamentos.

Espera-se, portanto, a construção de mais empatia e compaixão nas relações de quem emprega a CNV em seu cotidiano, detalha Allan Ferreira. Ele diz que, no ambiente de trabalho, composto por pessoas que se comunicam cotidianamente, a comunicação não violenta torna-se um elemento precioso, otimizando o processo comunicativo e contribuindo diretamente para o alcance de resultados.

Na prática
Ele conta que a comunicação não-violenta pode ser aplicada sempre que houver comunicação. Um exemplo citado por Allan Ferreira: certo dia, um funcionário chega ao trabalho às 10h, sendo que seu acordo de trabalho prevê que ele chegue às 9h. Seu superior hierárquico, que não conhece a CNV, convida o funcionário para conversar e lhe diz: “Fulano, você anda meio desligado com o horário. Você é bom, mas tem que se esforçar mais aqui dentro, se quiser continuar fazendo parte dessa equipe de ouro que nós somos”.

Como seria essa fala dentro da técnica da comunicação não violenta? Seria assim, aponta o especialista em Gestão de Pessoas: “primeiramente o chefe observaria o fato sem julgamentos. O fato é que o funcionário chegou 1h depois do horário previsto. ‘Ser desligado com o horário’ não é fato, é opinião, julgamento”, esclarece o profissional.

Em segundo lugar, o chefe observaria os próprios sentimentos que surgiram a partir do fato. Ele ficou preocupado? Ele ficou com raiva? Em terceiro lugar, descreve Allan Ferreira, o chefe buscaria identificar qual necessidade do funcionário não foi atendida, pois sentimentos desagradáveis como esses surgem de necessidades não atendidas. Ele tem necessidade de que todos cheguem nos horários previstos? “A ideia com o segundo e o terceiro passo é perceber que o outro não é responsável pelos sentimentos que lhe surgem. Cada um é dono das próprias necessidades e, consequentemente, dos próprios sentimentos”, observa o profissional.

Por fim, o chefe deve efetuar um pedido direto. “Ter que se esforçar mais” não é um pedido direto, pontua. Além disso, se você coloca uma retaliação caso o pedido não seja atendido (“... se quiser continuar fazendo parte dessa equipe...”), ele deixa de ser pedido e passa a ser exigência, a qual não cabe na CNV. Desse modo, a fala do chefe, em comunicação não violenta, estaria mais próxima da seguinte: “Fulano, hoje você chegou 1h depois do seu horário. Fiquei preocupado com isso, pois preciso que você sempre chegue aqui às 9h. Gostaria de te pedir para chegar nesse horário combinado, diariamente”, sugere o especialista.