Movido por histórias

Conheça detalhes da atuação do guia de turismo, profissional fundamental para o trade turístico.

Foto: Foto Banco de Imagens

Quem viaja se depara muitas vezes com um profissional conhecedor da história e das peculiaridades do lugar. O guia de turismo recebe o turista, organiza roteiros de visita e apresenta os lugares mais interessantes para se visitar. Mais do que apresentar o destino, o guia, muitas vezes, é quem vai dar mais motivos para o turista retornar.

Para Deborah Dianey de Alencar, guia de turismo, agente de viagem e instrutora de Turismo do Senac Ceará, falar da terra onde nasceu representa um orgulho.  Há cinco anos atuando como guia na região do Cariri, foi atraída pela profissão pelo desejo de compartilhar os encantos da natureza e da cultura daquele lugar. “Desde criança, observo a Chapada do Araripe e a formação tão curiosa dessa região do Cariri, uma terra habitada por índios, lugar que conta a história da formação da terra e ainda tem um povo com um linguajar próprio, imersos em uma cultura forte, palco de movimentos e confrontos religiosos e políticos. Movida pelo desejo de conhecer e contar essa história, decidi estudar e levar adiante tantas peculiaridades que não podem ser ignoradas e nem esquecidas”, conta. 

O trabalho do guia envolve não apenas apresentar as histórias do lugar, mas proporcionar uma boa experiência ao turista. A profissão está regulamentada pela Lei 8.623/93, e para atuar é preciso ser cadastrado no Ministério do Turismo e Embratur, credencial emitida após concluído o curso, uma formação técnica com,  no mínimo, 800 horas de estudo sobre aspectos socioculturais, históricos, ambientais, geográficos, questões operacionais sobre o trade turístico, noções de primeiros socorros e idiomas, bem como convívio e relações humanas. “Esta profissão requer muito estudo sobre a localidade em que se vai atuar”, destaca Deborah Dianey de Alencar. 

Em relação ao campo de atuação, o profissional pode trabalhar em organizações públicas e privadas do segmento do turismo, como agências de viagem, operadoras turísticas, museus, centro culturais, parques naturais e temáticos, por meio da prestação de serviços autônomos, temporário ou contrato efetivo.

Existem quatro categorias de guia: guia regional (atua dentro do Estado onde concluiu o curso de Guia Regional), guia nacional (acompanha grupos pelo Brasil), guia internacional (acompanhante para outros países) e o guia especializado em atrativos naturais. 

Desafios
Quem quiser investir na carreira deve estar ciente dos desafios. A competição desleal com guias que atuam sem credencial é um deles e preocupa os profissionais que investem seriamente no trabalho com capacitações e treinamentos, como argumenta Moisés da Costa, guia de turismo há mais de 20 anos. “Nós, que fazemos parte do turismo, sabemos que é preciso ter uma boa qualificação da mão de obra. É preciso ter um conhecimento muito vasto em muitos aspectos: geografia, história, questões culturais, economia, meio ambiente”, diz Moisés.

Para o profissional, o guia é preparado para apresentar o Estado, o município e o país de forma responsável. “Dentro da cadeia produtiva, o guia, muitas vezes, é o único acesso do cliente à informação que ele tem do Estado, do município e do país. A visão que o turista leva é a que o guia passa. A formação dele tem que ser direcionada para isso”, afirma. 

Assim como apresenta desafios, a profissão tem retornos positivos. “A recompensa está em proporcionar conhecimento, experiência e vivência para as pessoas, pois trabalhamos com sonhos e expectativas. Ver, no final do roteiro, o olhar de agradecimento e satisfação por parte dos visitantes é energizante e gratificante, além de estarmos em contato com pessoas do mundo todo”, afirma Deborah Dianey de Alencar. 

Diferencial
Amor pela localidade, organização, pontualidade, postura, ética e bom atendimento devem fazer parte do perfil profissional. Além da disposição de trabalhar em qualquer dia da semana. Quem quiser investir na carreira também precisa agregar novos conhecimentos, investir em idiomas e cursos que completem a formação. Para Moisés da Costa, é dessa forma que o guia de turismo se destaca. Ele conta que seguiu essa trajetória, fazendo outros cursos de guia, como o
nacional e o internacional, e a Faculdade de Jornalismo. “O turismo, para mim, passou a ser uma perspectiva de estudo, análise e pesquisa. Todas as minhas  pesquisas, da graduação ao doutorado, foram relacionadas ao turismo”, diz.

Para Deborah Dianey de Alencar, além do conhecimento, a experiência que o guia proporciona ao turista pode ser um grande diferencial. “O maior destaque está em proporcionar para o turista uma vivência única, uma imersão na cultura local. Não se pode mais focar apenas em história e informações, mas em contato. O guia precisa ser capaz de proporcionar algo inesquecível e natural para o visitante, sempre com segurança, empatia e bom humor”, recomenda a profissional.