Hora da decisão

Saiba o que se deve fazer antes de comprar aquele carro seminovo dos sonhos

A família decidiu: está na hora de comprar um carro. Mas a grana só dá para um usado ou seminovo. A partir daí uma série de cuidados devem ser tomados para não se arrepender de tê-lo em sua garagem. 
O Vice-Presidente do Sindicato dos Revendedores de Veículos Automotores do Estado do Ceará (Sindvel-CE),  Everton Fernandes, diz que a primeira regra a ser seguida é planejar. “A primeira dica é um planejamento prévio. Sair de casa já definido o modelo ou perfil do carro que se quer comprar”, disse. 
Dentro deste estudo pessoal de condições financeiras, o Vice-Presidente do Sindvel ainda destaca a importância do entendimento acerca das condições de pagamento. 
Conforme ele, saber dos limites do próprio bolso é, antes de tudo, fundamental para não sofrer depois. “Fazer o planejamento com relação ao financiamento. A maioria das vendas é realizada por meio de financiamento, por isso é importante saber antes de ir à concessionária qual seu limite de prestação. Se vou passar dois anos com o caro, é inviável parcelar em 48 meses, pois quando chegar no 24º mês, quando vou querer trocar aquele carro por outro, ainda vou ter mais dois anos de prestações a vencer”, frisou.
Como alternativa, Everton sugere optar por algum modelo inferior, em itens ou em tempo de uso para fazer a compra caber no bolso.
“É preferível enquadrar a compra em um veículo menos caro, com menos opcionais, um ano mais velho, mas que se adeque à sua realidade. E o carro exige manutenção, IPVA, seguro, outras despesas, que também devem ser lembradas antes da compra”, conclui. 
Em relação ao carro em si, o mecânico Pedro Dias observa que vários itens devem ser avaliados. “Ver a lataria, se não foi acidentado, conferir a numeração do chassi no vidro do carro com o documento, verificar toda a documentação. Em relação à mecânica e à funilaria, é preferível estar acompanhado de um  profissional que entenda, pois apesar das dicas, tem que ter o olho de um profissional”, indica.
Há ainda um ponto determinante no ato de apertar as mãos e assinar a papelada. O fator emocional pesa bastante na hora da compra e influencia de diversas maneiras o poder de decisão, desde a desistência da barganha até a conivência com determinados problemas.
“Não é impossível controlar o emocional, mas é difícil. Comprar um carro é um desejo de consumo. Muitas vezes, idealizamos possuir aquele carro, com aqueles opcionais, com aquele aro. Mas a dica mais importante é planejar-se. Já ir para a concessionária, para a revenda, sabendo o que vai encontrar”, sugere.
Sabe a expressão “comprar no escuro”? Vale para os carros usados. Veja o veículo à luz do dia - ou sob a melhor iluminação possível, se for à noite. Jamais em dia de chuva. “A gente não aconselha ver o carro nem à noite, nem na chuva, pois acaba escondendo alguns defeitos que você só pode ver no dia. Examine bem os detalhes. Test-drive é muito importante, pois você consegue detectar amortecedor, barulhos, detalhes que só se percebe dirigindo”.
Há no mercado muitas opções de veículos. Dentre elas, modelos com 10, 15, 20 anos. Como saber se o tempo não interferiu na qualidade? O Vice-Presidente do Sindvel possui um cálculo para avaliar se a quilometragem do veículo usado está compatível com o tempo de uso, de forma a não comprometer tanto o desempenho dele nas mãos do novo dono, pelo menos na teoria. 
“Quanto ao tempo de uso do veículo, é algo relativo. Vai depender do estado de conservação. Da mesma forma, a quilometragem. Tem carros que rodam mais em que é feita a manutenção preventiva e o carro se encontra às vezes em melhor  estado que aqueles que rodaram bem menos. Mas, em regra geral, o ideal é que o limite seja de 20 mil km por ano de uso. Isso indica que provavelmente não houve exageros na utilização do veículo”.
Por fim, sempre há a possibilidade de o comprador pechinchar o valor de modo a obter um preço próximo do que havia planejado pagar. “Em todo negócio cabe barganha. Os carros mais raros permitem até mais barganha que os comerciais, pois as margens destes são muito pequenas, enquanto os mais difíceis de venda têm uma margem maior”, garantiu. 

20 mil km
por ano de uso é a média ideal de um carro seminovo bom para ser comprado


DICAS

1) Planejar

Tenha em mente o que você quer e quanto quer gastar. Com base nisso, veja ainda por quanto tempo está disposto a pagar um financiamento e avalie se irá
interferir nas outras obrigações financeiras

2) Pesquisar
Veja preços médios dos veículos em sites na internet, na tabela Fipe ou com amigos. É importante saber o valor para obter poder de barganha com o vendedor do usado 

3) Avaliar
Confira todos os detalhes do veículo: lataria, motor, estofados, itens, documentação, histórico de acidentes, chassi, revisões no manual, pendências jurídicas ou
financeiras. De preferência, esteja acompanhado de um profissional para ajudar a ver com ‘olho clínico’

4) Esnobar
Ao encontrar o veículo desejado, não demonstre empolgação. Conter as emoções é importante para obter sucesso na negociação. Reveja todos os pontos
anteriores e ‘esnobe’, mesmo que blefando 

5) Barganhar
Em geral, os veículos já são precificados esperando pela barganha do cliente, que no fim, pode conquistar um bom desconto à base da insistência. Não custa tentar


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