Febre do buggy cearense está de volta

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Foto: André Lima

No final dos anos 80 e início dos 90 era fato: só no Ceará existiam 14 fábricas de buggy, para atender a uma demanda sempre crescente de aficionados. Isso oficialmente, pois outras de fundo de quintal prosperavam pela falta de fiscalização do poder público.

Com a chegada dos importados e dos modelos com tração nas quatro rodas - os 4x4 -, os buggys ficaram em segundo plano.

Mas agora, passado o período de euforia com os 4x4 importados, por conta dos altos preços de manutenção e peças, muitos proprietários passaram a usar seus possantes veículos apenas para o uso diário e compraram buggys para a diversão do final de semana.

Hoje, só no Ceará existem seis fabricantes em pleno funcionamento: Cia. do Buggy (que produz o Cauype), Fyber, Marinas, Equus, Fibravam e Convert.

Com o retorno do modelo que mais vendeu unidades no Estado, o Fyber, e a chegada da Cia. do Buggy, que fabrica o Cauype, a onda bugueira deslanchou de vez.

O vice-presidente do Clube do Buggy Ceará, Josenildo Araújo, o Nil, além de pesquisador do carro, também desenvolve projetos. “Atualmente Estou desenvolvendo um buggy tradicional com tração 4x4 e mecânica VW”, diz. Ele explica que a tendência é que os buggys passem a contar com peças do Gol, já que as do Fusca e Kombi, por incrível que pareça, estão mais caras que as do Gol no mercado paralelo. Já o Fyber 2000W tem o diferencial do motor AP, do Santana, o que lhe garante mais potência.

O que era comum antigamente, hoje tornou-se raridade. Nenhum fabricante utiliza mais chassi de Fusca ou Brasília, devido à rigidez da legislação. Todos os fabricantes cearenses utilizam chassi tubular de fabricação própria e devem ser homologados pelo Inmetro.

A Cia. do Buggy, que fabrica o Cauype, tem como diferencial a barra circular na carroceria, o que dá um reforço extra nas laterais, o que garante mais segurança ao motorista e passageiro. Com 13 funcionários, a Cia. entrega em média 4 carros por mês, a maioria para fora do Estado. Hoje a fábrica tem um modelo já feito, para pronta entrega, mas a espera para receber o carro é de 20 a 25 dias, informa o diretor da fábrica, André Avelino.

O diretor aposta na onda bugueira e criou até financiamento próprio. Para pagar o buggy o interessado dá de entrada 50% do valor e parcela em até três vezes o restante. Hoje o Cauype custa R$ 18 mil. Mas para quem já tem um buggy antigo na garagem e quer ter um novo, Avelino criou uma promoção: a campanha renovação de frota. Basta dar o buggy antigo, uma entrada e parcelar o valor em até seis meses.

Segundo o revendedor autorizado da Fyber, Artur Rêgo, hoje existe fila de espera para quem quiser um Buggy Fyber 2000W. Quem encomendar um hoje, por exemplo, só recebe daqui a trinta dias. A média de produção e de venda mensal é de dez modelos na fábrica, que tem 23 funcionários. O modelo mais vendido da marca custa R$ 22 mil e o mercado externo tem demonstrado interesse crescente pelo carro.

Tanto que o mais antigo fabricante de buggys do Estado, a Fibravan, tem fabricado uma média de 20 por mês, exportando para o Marrocos, Senegal, Cabo Verde e Colômbia. Em negociações a exportação para o Equador.

O presidente da empresa, Vanildo Lima Marcelo, é também presidente do Sindicato dos Fabricantes de Veículos Especiais do Estado do Ceará. Seu buggy Fibravan custa, em média, R$ 22.500, mas ele garante: tem 22 itens a mais, exigência para a exportação. Entre os itens: cinto de segurança auto-retrátil, faróis reguláveis, trava nos bancos, que são também reclináveis, trava na bateria, dentre outros.

Fabricando buggys desde 1983, Vanildo foi dono também da marca Cumbuco. Hoje, no Brasil, também tradicionais como ele só a BRM, fábrica de São Paulo, e a Selvagem, de Natal (Rio Grande do Norte). “Nos anos 80/90, a média mensal de venda no Ceará era de 250 buggys por mês”, lembra ele.

Com os olhos voltados para o mercado externo, Vanildo busca agora a homologação para poder exportar para a Europa. A porta de entrada seria a Bélgica e Portugal. Para isso, está desenvolvendo o motor com catalisador e um buggy 4x4. “Só da Bélgica teríamos pedidos de 15 buggys por mês”, festeja. Isso representaria um aumento de quase 80% na produção. Ele acredita que no próximo ano viabiliza a parceria.

Sua fábrica tem 20 funcionários, com muitos serviços terceirizados. Mas o mercado interno não é desprezado pelo fabricante. Tanto que tem representantes de sua marca em Salvador, Maceió, Porto Seguro e Fernando de Noronha.

História

O buggy surgiu na Califórnia, nos anos 60, pelas mãos do marinheiro Bruce meyer. Batizado de Manx. Tudo começou porque na Califórnia alguns “malucos” de praia precisavam de um carro que pudesse andar nas dunas e tivesse fácil manutenção. Veio de tudo um pouco: carros feitos de madeira, plataformas de fuscas limpas e outras loucuras. Bruce Meyers começou tentando fazer um destes carros a partir de uma velha Kombi. Depois, desenvolveu seu próprio projeto. Ainda hoje o Manx é fabricado e tem seguidores em todo o mundo. Mais detalhes sobre a história do buggy no site: www.planetabuggy.com.br/historia

André Marinho
Editor Automóvel