Bateu? Será que foi perda total?

Envolveu-se em um acidente e não soube quais foram os itens utilizados pela seguradora para considerar ou não um "PT"? O Auto foi conhecer os critérios

O veículo bateu, aparentemente sem grandes danos, porém a seguradora apontou perda total? Já em outro caso, o airbag chegou a deflagrar, mas foi desconsiderado indenização integral? Então, o que motiva ser declarado o "PT" de um automóvel?

Depois do incidente, ao acionar o seguro, é feito uma avaliação e analisado principalmente dois fatores. Primeiro, se os danos ocorridos em caso de incêndio, roubo ou colisão atingem a taxa de 75% do valor do veículo. Caso sim, não compensa conserto e é dado perda total.

No entanto, pode-se não atingir essa porcentagem, mas o acidente ter acertado múltiplas partes estruturais do carro, comprometendo a segurança dos ocupantes. Nessa situação, também é dado "PT".

Os critérios para classificação de danos são com base na resolução 544 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) de 19 de agosto de 2015.

Por intermédio dela é visto se os danos foram de pequena, média ou alta monta. Se, durante a avaliação, for somado mais de seis pontos atingidos ou eles tiverem ao menos sendo postos em dúvida sobre sua situação, é considerado irrecuperável.

Entre os aspectos observados estão: colunas dianteira, traseira e central, assoalho do porta-malas ou caçamba, painel corta-fogo, assoalho central direito e esquerdo, caixas de roda, airbags frontais e laterais (se tiver) e longarinas dianteira e traseira.

Uma curiosidade: se o veículo passar também por uma avaliação de autoridades de trânsito e considerado, no Boletim de Ocorrência de Acidente de Trânsito (BOAT), afetado por média ou grande monta, haverá o bloqueio administrativo registrado na Base de Índice Nacional, pertencente ao sistema de Registro Nacional de Veículos Automotores (RENAVAM).

Enquanto perdurar a restrição, é proibida a circulação do carro nas vias públicas, sob pena de infringir o disposto no art. 230, inciso VIII, do Código de Trânsito Brasileiro.

Outro ponto: caso os automóveis indenizados integralmente não tenham sido objeto do relatório de avarias pela autoridade policial, então devem ter, no momento da transferência para o nome da companhia seguradora, seus danos classificados nos termos da resolução, mediante regulamentação do órgão executivo de trânsito do Estado ou Distrito Federal.

Imprevistos

Conforme o gerente social da Porto Seguro, Robson Moraes, devido a esses dois critérios da segurança e do orçamento, os quais, associados ou não, levam à perda total, é difícil somente por olho nu saber se o carro será considerado irrecuperável logo de cara. Um dos motivos é o alto valor cobrado pelas montadoras das suas peças de reposição no mercado brasileiro.

"Dependendo do carro, na linha Mercedes, um farol pode custar R$ 25 mil, e uma caixa de rodas blindadas, R$ 39 mil. Então, aparentemente você vê um dano pequeno, mas quando olha o valor das peças, acaba atingindo os 75%", pontua.

Por isso, mais do que fechar o seguro do seu próprio automóvel, vale atentar-se para cobertura de danos para terceiros. "Além disso, é preciso ser um valor plausível, que some, por exemplo, R$ 80 a R$ 100 mil, porque a nossa cidade está cheia de carros caros e importados", alerta o corretor de seguros, Leniebson Rocha.

Afinal, o cenário de Fortaleza é de muito congestionamento e muitas batidas pequenas, de acordo com Robson. E, dependendo da manobra mal calculada, da ré realizada de forma mais descuidada, do controle de embreagem mal feito em uma ladeira ou de imprevisto outro qualquer, você pode atingir em cheio um segundo veículo e, mesmo ínfima a área afetada, isso pode representar um baque no seu orçamento. Por isso, vale conversar um pouco mais sobre esse item com o corretor antes de fechar o seguro.

Proteção

Se o automóvel for roubado, a vítima poderá ainda se enquadrar em perda total. De acordo com Leniebson, mesmo recuperado por autoridades policiais, o bem pode vir com avarias que levem a um PT. Inclusive, essa medida é prevista na mesma resolução 544.

E quando o incidente trata-se de alagamento, também há uma cobertura prevista, se por exemplo ocorrer calço hidráulico por tentar cruzar áreas de alagamento ou apenas por tentar dar a partida do carro quando ele estava estacionado em área tomada pela água.

Histórico

A cobertura completa não implica em ser desleixado ao volante. Conforme Leniebson, as batidas e as demais ocorrências ficam no perfil do condutor. Dependendo do histórico, a seguradora pode até negar a contratação do seu seguro. A dica é dirigir como se não tivesse seguro, mas garantir a proteção, ainda que nunca tenha se envolvido em acidentes. Assim como o seguro viagem, a gente contrata para não usar.

Dicas
 

Contrate o seguro do seu novo ou usado para ter cobertura contra incêndio, alagamento e colisão. O conserto por conta própria nessas situações muitas vezes ultrapassa o preço pago no contrato, em carros importados principalmente.
 

Fazer o seguro também é uma segurança para casos de roubos, para ter parte do valor resgatado. Lembrando que mesmo recuperado, dependendo das avarias, pode ser considerado perda total.
 

Coloque cobertura também contra terceiros. A dica é não pôr um valor tão pequeno diante de tantos carros caros e importados circulando por Fortaleza. A média sugerida é R$ 80 mil a R$ 100 mil.