Legislativo Judiciário Executivo

Pastor lobista e advogado 'infiltrado' MEC se hospedaram ao menos 10 vezes no mesmo hotel

O hotel era usado para negociações de verbas federais com prefeitos

Escrito por Estadão Conteúdo ,
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Legenda: O ex-ministro Milton Ribeiro e o pastor Arilton Moura, um dos religiosos apontados como integrante do gabinete paralelo
Foto: Luis Fortes/MEC

A investigação da Polícia Federal (PF) sobre o gabinete paralelo de pastores lobistas no Ministério da Educação (MEC) mostrou que o advogado Luciano Musse, ex-gerente de projetos na Secretaria Executiva da Pasta, e o pastor Arilton Moura se hospedaram pelo menos dez vezes no hotel Grand Bittar, em Brasília, em datas coincidentes.

O advogado foi infiltrado pelos pastores no MEC e passou quase um ano no cargo. O hotel era usado para negociações de verbas federais com prefeitos, como revelou a Folha de São Paulo.

A análise nos arquivos do hotel mostrou um total de 63 hospedagens no nome de Arilton Moura e 29 no nome dele Luciano Musse desde 2020. Os investigadores também encontraram um check-in do pastor Gilmar Santos.

Os registros começam em agosto de 2020, cerca de um mês após o ex-ministro Milton Ribeiro assumir o MEC, e terminam em março deste ano, quando o Estadão revelou a existência do gabinete paralelo de pastores que passou a controlar a agenda e as verbas do Ministério da Educação. Prefeitos relataram cobrança de propinas em dinheiro e até em ouro em troca da liberação de recursos.

O ex-ministro e os pastores foram presos preventivamente na última quarta-feira (22), na Operação Acesso Pago, mas acabaram soltos no dia seguinte por um habeas corpus do Tribunal Regional Federal da 1.ª Região (TRF-1). O advogado havia recebido ordem de prisão domiciliar. Eles são investigados por suspeita de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência.

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