Legislativo Judiciário Executivo

"Mesmo não concordando, não vou recorrer", diz Ronilvado sobre expulsão do PT

Vereador voltou atrás na possibilidade de buscar o Diretório Nacional do partido para tentar reverter decisão estadual

Escrito por Alessandra Castro/Felipe Azevedo ,
Ronivaldo Maia vereador
Legenda: O PT decidiu expulsar o parlamentar diante das acusações que ele responde em um processo de tentativa de feminicídio
Foto: Érika Fonseca / CMFor

Após ser expulso dos quadros do Partido dos Trabalhadores do Ceará na última quarta-feira (22) em julgamento de processo disciplinar, o vereador Ronivaldo Maia (sem partido) disse, nesta quarta-feira (29), que não vai recorrer da decisão da agremiação.

Inicialmente, a defesa do parlamentar havia informado que iria recorrer da deliberação à Executiva Nacional do PT. Todavia, em discurso na Câmara Municipal de Fortaleza nesta quarta, Ronivaldo disse que "mesmo não concordando com a decisão", não irá recorrer e continuará militando em prol da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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"Quero expressar a minha profunda tristeza, todos sabem que militei a vida inteira nesse partido. Considero injusto que o PT não tenha esperado o resultado do processo judicial para tomar uma decisão definitiva. Infelizmente, fui condenado com base no apelo midiático e não em fatos. Entretanto, mesmo não concordando com a decisão do PT, não vou recorrer"
Ronilvado Maia
Vereador e Ex-filiado ao PT

Em entrevista, o Ronilvado destacou, ainda, que não irá recorrer para não "gastar energia" com isso e focar as forças em "cuidar do processo judicial". 

Sobre o mandato, ele disse acreditar que o PT não deve entrar com um pedido de cassação e o deixará seguir à frente da vaga conquistada no Parlamento. Pela legislação eleitoral, os assentos alcançados na Assembleia, nas Câmaras Municipal e Federal pertencem ao partido, já que os votos obtidos são da legenda. A reportagem procurou a sigla para questioná-la sobre o assunto, mas ainda não obteve resposta.

"Eu acho pouco provável. Eu conversei com o presidente do partido no Estado sobre a minha saída. E a instância municipal declinou. Eu nem conversei com o Guilherme (presidente do PT Fortaleza) sobre isso, mas tenho a intuição de que ele tenha a mesma posição. [A posição] é que a gente segue", explicou o vereador.

Ainda durante a sessão plenária desta quarta, o vereador Sargento Reinauro (União) pediu uma aparte para sair em defesa do petista, dizendo que vai esperar uma sentença do Poder Judiciário. "À Justiça compete, nesse momento, apurar, investigar e chegar a um veredito sobre o que de fato ocorreu", frisou.

Processo disciplinar

Ronilvado passou a responder processo disciplinar no PT após ser preso em flagrante, em novembro do ano passado, sob a acusação de tentativa de feminicídio. Desde então, estava com a filiação suspensa enquanto a Comissão de Ética da Agremiação fechava um parecer. No último dia 22, a expulsão dele foi aprovada em uma votação apertada - por 27 votos contra 26.

Na Câmara a prisão do parlamentar não teve tanta repercussão. Um pedido de cassação do mandato do parlamentar por quebra de decoro foi aberto apresentado por vereadores do Psol, mas o processo foi arquivado pelo Conselho de Ética da Casa em abril.

Entenda o caso

Conforme o despacho acusatório a que o Diário do Nordeste teve acesso à época em que o parlamentar foi preso, o político teria ido à casa de uma mulher de 36 anos, com quem mantinha um relacionamento extraconjugal, no bairro Granja Lisboa, para pedir para ela adiantar o pagamento de uma conta e que, então, depois iria ressarci-la. A mulher negou o pagamento e os dois começaram a discutir.

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Conforme depoimentos prestados à Polícia pela vítima e por testemunhas à época, a mulher foi empurrada pelo vereador para fora do carro, um Ford Eco Sport, e segurou o para-brisa do veículo. Neste momento, Ronivaldo acelerou o automóvel e arrastou a vítima pela rua por alguns metros. Ela foi socorrida por populares.

De acordo com a Perícia Forense do Ceará (Pefoce), a mulher teve escoriações e edemas no braço esquerdo e nas pernas. Ela relatou que perdeu muito sangue, que fraturou o osso do pulso esquerdo, precisando imobilizá-lo, e ainda perdeu tecido da mão.

Ainda de acordo com as testemunhas, Ronivaldo saiu do local com o carro e depois voltou a pé para tentar prestar socorro à mulher, que já estava em casa. Mas familiares dela o expulsaram da residência. Ele foi detido minutos depois. O parlamentar ficou dois meses preso até conseguir um habeas corpus na Justiça. O processo corre em segredo.

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