Governo Federal precisa assumir 'rédeas' da segurança pública, avalia Evandro
A declaração ocorre após o governador Elmano de Freitas, também do PT, criticar atuação da União sobre áreas sensíveis

Em meio à discussão sobre uma nova política federal de segurança pública, governadores e prefeitos têm intensificado a pressão por uma participação mais efetiva da União nessa área. Após Elmano de Freitas (PT), foi a vez de Evandro Leitão (PT), prefeito de Fortaleza, demandar maior atuação do Governo Federal. O gestor municipal concedeu entrevista à TV Verdes Mares na manhã desta terça-feira (4).
[A segurança pública] Não é um problema apenas aqui do nosso Estado, é um problema nacional. Enquanto o Governo Federal não puxar essas rédeas e tomar para si essa liderança, essa questão será muito difícil, será extremamente desafiante de ser superada
O petista também defendeu uma integração de ações com foco em segurança pública. Segundo ele, a Guarda Municipal e a Secretaria de Segurança Cidadã estão elaborando um plano para implementar, em parceria com o Governo do Estado, 12 pelotões regionais da corporação dentro de um prazo de 60 ou 90 dias.
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Aliado a isso, o prefeito estuda convocar os 508 guardas municipais aprovados no último concurso em duas etapas, e não mais em três, como anunciado anteriormente. A confirmação sobre essa mudança deve vir até esta quarta-feira (5). O provimento das vagas virou alvo de polêmica neste início de ano, já que a Gestão Sarto (2021-2024) assinou ato de nomeação em 23 de dezembro de 2024, em período vedado pela legislação.
A Lei das Eleições, de 1997, proíbe atos do tipo "nos três meses que o antecedem (o pleito) e até a posse dos eleitos" em ano eleitoral. Por isso, conforme parecer da nova Procuradoria-Geral do Município (PGM), Evandro suspendeu as nomeações previstas para 1º de fevereiro e anunciou um cronograma de convocações até 2026.
Segurança em debate
Na última semana, em café da manhã com jornalistas, o governador Elmano de Freitas voltou a cobrar uma atuação mais efetiva do Governo Federal na área da segurança pública e lamentou que gestão do presidente Lula (PT) tenha promovido “pouco avanço” nesse sentido. Os dois petista já chegaram a conversar diretamente sobre o assunto. "Não é possível um país como o Brasil ter apenas 13 mil policiais federais, por exemplo. Tem que fazer concurso", afirmou o governador.
Para ele, os estados acabam atuando de forma isolada no enfrentamento às facções criminosas, sem uma coordenação nacional. Como exemplo, citou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, elaborada pelo Ministério da Justiça, que, segundo ele, tem certa importância, mas não resolve o maior problema enfrentado pelos governos estaduais.
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O projeto, ainda em discussão no Executivo, tem enfrentado resistência de estados e municípios, que criticam a distribuição das responsabilidades entre os entes nessa área. A nova versão do texto, que vem passando por reformulações desde outubro, mantém o papel de oferecer meios para manutenção da segurança pública com os entes menores.
Em meio a essa discussão e ao crescimento de homicídios e latrocínios no Ceará entre 2023 e 2024, o Governo do Estado também fez autocrítica e adotou atos administrativos importantes, como a troca no comando da Polícia Militar. Assim, o cargo ocupado pelo coronel Klênio Sávyo passou a ser do coronel Sinval Sampaio.
"Eu estou muito insatisfeito com os resultados que alcançamos. Nós permitimos que não aumentasse a violência, mas a redução é muito pequena, portanto, isso exige de nós mais trabalho ainda, muito mais trabalho, para poder entregar a paz e a segurança que nosso povo reclama", avaliou o governador, durante a instalação da 3ª Sessão Legislativa da 31ª Legislatura na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), nessa segunda-feira (3).