O deputado federal licenciado e pré-candidato ao Governo do Ceará, Capitão Wagner (União Brasil), vê com "estranheza" os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga, na Assembleia Legislativa, o suposto envolvimento de associações militares no motim de policiais que aconteceu em 2020, no Ceará.
O presidente da Associação dos Profissionais de Segurança (APS), Cleyber Araújo, foi o primeiro depoente ouvido na CPI. O interrogatório ocorreu nesta terça-feira (5), na Assembleia, e revelou movimentações financeiras milionárias feitas pelo representante à época do motim.
"Por outro lado, não é de se estranhar que parte dos deputados da Casa esteja utilizando uma CPI para fins eleitorais, em razão do pleito que se aproxima", continuou Wagner, em nota enviada pela assessoria de imprensa.
Segundo o deputado, a comissão estaria querendo "desviar a atenção do (eleitorado do) que realmente importa", que seriam problemas relacionados e à segurança pública, à extrema pobreza e às mortes provocadas pela pandemia de Covid-19.
O parlamentar chegou a acusar a Assembleia de "fechar os olhos" para os sofrimentos dos cearenses e "passar a trabalhar pelo interesse político dos responsáveis por esses resultados negativos".
Justiça
Capitão Wagner afirmou que, enquanto presidente da APS, de 2013 a 2014, modificou o estatuto da entidade para que nenhum deputado estadual ou federal fizesse parte da diretoria, "justamente para evitar que a associação fosse utilizada para fins políticos". Disse, ainda, que deve se manter "vigilante" e vai tomar medidas judiciais cabíveis para impedir que sejam criadas "falsas narrativas" que envolvam seu nome.
CPI das associações
Wagner é um dos fundadores da APS. E, após analisar previamente as informações recebidas, o relator da CPI, o deputado estadual Elmano de Freitas (PT), disse acreditar que a associação seja "braço político" do grupo liderado pelo parlamentar licenciado. "Não tenho nenhuma dúvida em afirmar que a APS é uma pessoa jurídica, braço político de um grupo político partidário do qual integra o deputado Wagner, o deputado Noélio, o vereador Reginauro", afirmou o petista.
Único opositor ao Governo na CPI, o deputado Soldado Noélio (UB) alegou que os integrantes da comissão utilizam o instrumento "para fazer politicagem" e que isso "só mostra que o Governo e seu grupo político estão dispostos ao 'tudo ou nada' para se manter no poder".
Noélio também criticou a postura do deputado e relator Elmano de Freitas. "Essa CPI não é séria. É palanque eleitoral".