Bolsonaro perde o domínio do próprio site, e ministro pede investigação da PF

Na página, que antes divulgava informações positivas sobre o Governo, foram inseridos textos, charges e fotos para criticar o presidente

O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, perdeu, nesta quarta-feira (31), o domínio do site que leva seu nome (bolsonaro.com.br). Na página, foram substituídas informações biográficas e positivas a respeito da gestão à frente do comando nacional por textos, charges e fotos para o expor, criticar, ridicularizar e acusar.

Por causa disso, a campanha do presidente decidiu entrar com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para derrubar o site. A informação foi divulgada pelo O Globo, na coluna da jornalista Malu Gaspar. Também, segundo o G1, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, informou que acionou a Polícia Federal para apurar o caso.

"Diante de tamanho ataque direto e grosseiro ao presidente Jair Bolsonaro, por meio de um site, requisitei ao diretor-geral da PF a instauração imediata de inquérito policial, para a devida apuração dos fatos", escreveu o ministro no Twitter.

O portal viralizou ao longo do dia, o que provocou a equipe jurídica do presidente a reagir. Segundo Gaspar, o também candidato à Presidência, Ciro Gomes (PDT), já sofreu um ataque semelhante e teve êxito no TSE.

"A página não se resume a publicação acobertada pela liberdade de expressão, ainda que de gosto duvidoso. Promove, em escala geométrica, desinformação em massa e atenta contra valores importantes protegidos pela lei eleitoral, em especial ligados à honra e à imagem do Presidente da República", disse o advogado Tarcísio Vieira ao O Globo.

O que tem no site

O site se define, atualmente, como "uma galeria de arte digital e acervo jornalístico relacionado à família Bolsonaro". Além de críticas ao presidente expressas em imagens e textos, a página tem uma contagem regressiva para o fim deste mandato de Bolsonaro, que se encerra no dia 31 de dezembro.

Bolsonaro é retratado no conteúdo como "ameaça ao Brasil". As publicações acusam o chefe do Executivo de "conspirar para enfraquecer a democracia", aplicar uma "política da morte" durante a pandemia de Covid-19 e o apontam como expoente do "neofascismo mundial".

Domínio não pertencia mais a Bolsonaro

O domínio "bolsonaro.com.br" foi comprado este ano por um crítico do presidente. Segundo informações de registro do domínio, o site pertence hoje a Gabriel Baggio Thomaz e sofreu sua última alteração em 11 de agosto. A agência Estadão Conteúdo tentou contato com ele, mas ainda não obteve resposta.

Até 30 de março de 2021, o domínio "bolsonaro.com.br" era usado para a divulgação de atos do governo. "Alguns grandes feitos do governo em menos de um ano" e "ações do governo Bolsonaro para combater o coronavírus" são exemplos de links presentes na versão antiga.

O site também continha a biografia do chefe do Executivo e exibia o slogan "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos", adotado pelo presidente na campanha eleitoral de 2018.

O domínio não faz parte dos canais oficiais informados por Bolsonaro no registro da candidatura à reeleição no TSE. Nas redes sociais, internautas dizem que o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do presidente, esqueceu de renovar o registro. No passado, a propriedade do site era atribuída à família do presidente.

Nem Bolsonaro, nem o Palácio do Planalto se manifestaram sobre o site até o fechamento desta matéria.