Votos válidos: Sarto abre 20 pontos de vantagem sobre Wagner

Primeira pesquisa Ibope para o segundo turno em Fortaleza mostra que candidato do PDT tem 60% das intenções de votos válidos, enquanto o concorrente do Pros tem 40%. Especialistas analisam desempenhos

Escrito por Igor Cavalcante , igor.cavalcante@svm.com.br
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Legenda: No cenário de votos válidos, quando são descartados os eleitores indecisos, ou que pretendem votar branco ou nulo, o candidato do PDT soma 60% das intenções, enquanto o candidato do Pros tem 40%, segundo o Ibope

A primeira pesquisa Ibope para a disputa do segundo turno em Fortaleza, divulgada ontem (23), mostra vantagem do candidato Sarto Nogueira (PDT), no atual momento, sobre seu adversário, Capitão Wagner (Pros). Os dois disputam, até o próximo domingo (29), quem será escolhido para chefiar o Executivo da capital cearense.

No cenário de votos válidos, quando são descartados os eleitores indecisos, ou que pretendem votar branco ou nulo, o candidato do PDT soma 60% das intenções, enquanto o candidato do Pros tem 40%, segundo o Ibope.

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Na pesquisa estimulada, quando são apresentados os nomes dos postulantes, 53% das pessoas ouvidas declararam intenção de votar em Sarto Nogueira. Já o concorrente Capitão Wagner acumula 35% da preferência dos eleitores. Uma diferença entre os dois de 18 pontos percentuais.

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A pesquisa, registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) com o número CE-07611/2020, foi encomendada pela TV Verdes Mares. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. O Ibope ouviu 805 eleitores entre 21 e 22 de novembro. O nível de confiança da pesquisa é de 95%. Isto quer dizer que a probabilidade de os resultados retratarem o atual momento eleitoral é de 95%, considerando a margem de erro.

“É um cenário bem desafiador para quem pretende virar a disputa, ainda mais faltando poucos dias para a eleição. A campanha do Wagner está boa, os programas estão de qualidade, usa narrativas fortes, mas não está tendo resposta do eleitor”, avalia a cientista política Paula Vieira, pesquisadora do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepen), da Universidade Federal do Ceará.

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Ela observa que o cenário retratado na pesquisa confirma simulações feitas ainda no primeiro turno pelo Ibope. A cientista política ressalta que, neste caso, os chamados “puxadores de voto” mostraram poder de influência na disputa. “Os aliados, principalmente no segundo turno, são importantes porque transferem votos. O que vemos agora, no caso do Sarto, por exemplo, é um apoio mais aberto do governador Camilo Santana”. 

Puxadores de voto

Para medir a compreensão dos eleitores sobre os apoios que cada concorrente à Prefeitura de Fortaleza tem, a pesquisa questionou sobre quem é apoiado pelo governador Camilo Santana (PT) e pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na disputa. 

No caso do petista, 76% disseram que ele apoia o candidato Sarto. Outros 3% disseram acreditar que o Camilo Santana apoia Wagner, enquanto 21% dos entrevistados disseram que não sabem ou preferiram não responder. 

Já sobre o presidente, 81% afirmaram que ele apoia o candidato do Pros, Capitão Wagner. Por outro lado, 2% disseram que ele apoia Sarto. Do total, 17% disseram não saber ou preferiram não responder, e 1% disse que ele não apoia ninguém na Capital. 

Influência

Ainda tratando dos líderes que podem influenciar a disputa em Fortaleza, a pesquisa mediu a avaliação das gestões do prefeito Roberto Cláudio (PDT), do governador Camilo Santana e do presidente Jair Bolsonaro. 

De acordo com os dados coletados, a gestão de Roberto Cláudio é considerada boa ou ótima para 52% dos entrevistados. Aqueles que consideram regular representam 32%. Já 14% das pessoas disseram considerar ruim ou péssima.

Assim como seu aliado na Prefeitura, o governador Camilo Santana também é considerado como responsável por uma gestão boa ou ótima por mais da metade dos entrevistados (57%). Aqueles que consideram regular somam 28%. Já ruim ou péssimo são 12%. Não souberam responder representam 3% dos entrevistados.

Fator Bolsonaro

Avaliam o Governo do presidente Jair Bolsonaro como bom ou ótimo 26% da população de Fortaleza, estima o Ibope. Regular são 25%. Já os que acham ruim ou péssimo somam 46%. Outros 2% não responderam.

“Wagner tem o pior cabo eleitoral, que é o que puxa para baixo, já que ele (Bolsonaro) tem sido mal avaliado”, aponta a cientista política e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Monalisa Soares. Segundo ela, além de afastar eleitores, a má avaliação do presidente também afastou possíveis cabos eleitorais. “Tanto que essa rejeição ao presidente foi a tônica de todos os candidatos que passaram a apoiar o Sarto”.

Após o primeiro turno, o candidato do PDT conseguiu agregar apoio de seis outros partidos que saíram derrotados do primeiro turno. Wagner, por outro lado, não recebeu reforço de nenhum. 

Sem declaração explícita de apoio da ex-candidata Luizianne Lins (PT), o PT foi o primeiro a anunciar adesão ao pedetista. Seguiram-se Psol, de Renato Roseno; PCdoB, de Anízio Melo; PV, de Célio Studart; e Patriota, de Samuel Braga. Se mantêm neutros no segundo turno, Heitor Freire (PSL), José Loureto (PCO) e Heitor Férrer (SD). Já o Solidariedade, partido que abriga Férrer, disse apoiar Sarto. A UP, de Paula Colares, se posicionou contra chapa.

70% dos eleitores de Luizianne migram para Sarto, aponta Ibope

A decisão do Partido dos Trabalhadores de apoiar Sarto Nogueira (PDT) está alinhada ao grupo majoritário do eleitorado da ex-candidata Luizianne Lins (PT). O cenário é apontado pela segunda pesquisa Ibope para o segundo turno de Fortaleza. 

Conforme o levantamento, 70% dos entrevistados que declararam voto na petista no primeiro turno disseram ter migrado para a candidatura de Sarto Nogueira no segundo turno. Outros 11% dos eleitores de Luizianne dizem ter ido para o Capitão Wagner, 14% declararam voto branco ou nulo, enquanto 5% disseram não saber ou preferiram não responder à pergunta feita pelos pesquisadores. 

Para a cientista política Monalisa Soares, do Laboratório de Estudos em Política, Eleições e Mídia (LEPEM) da UFC, o eleitor petista é “historicamente mais ideológico”, o que pode explicar a preferência por Sarto na segunda fase da disputa à Prefeitura de Fortaleza. “É natural que houvesse uma migração para o candidato que se opusesse ao Wagner. Esses eleitores se sentem mais representados nas candidaturas que criticam a candidatura apoiada por Bolsonaro. Entre um e outro, ainda que tenham críticas à gestão do atual prefeito Roberto Cláudio, eles entendem que uma via bolsonarista é mais radical”. Apesar do posicionamento do PT favorável ao pedetista, a candidata Luizianne Lins, terceira colocada nas urnas, não manifestou posicionamento.

 

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