Supremo quebra sigilo de parlamentares governistas

Ação é resposta à PGR em inquérito que mira atos antidemocráticos

Escrito por Redação ,
Quebra de sigilo bancário foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF
Legenda: Quebra de sigilo bancário foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF
Foto: Agência Senado

Um senador e dez deputados bolsonaristas tiveram o sigilo bancário quebrado por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, responsável pelo inquérito que apura a organização e financiamento de atos antidemocráticos. 

Assinada em 27 de maio, a decisão tornou-se pública nesta terça-feira (16), quando a Polícia Federal (PF) cumpriu 21 mandados de busca e apreensão contra um parlamentar, políticos ligados ao Aliança pelo Brasil, partido que o presidente Jair Bolsonaro pretende criar, além de blogueiros e youtubers que apoiam o Governo Federal.

Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), os investigados teriam agido para “financiar e promover atos que se enquadram em práticas tipificadas como crime pela Lei de Segurança Nacional”. O objetivo é descobrir quem está por trás de manifestações que pediam o fechamento do Congresso e do Supremo. 

Moraes também determinou que YouTube, Facebook e Instagram informem se as páginas mantidas pelos alvos da operação recebem algum tipo de pagamento por postagem. Um dos alvos da quebra de sigilo e mandado de busca é o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ). Ele prestou depoimento por cerca de 30 minutos ontem, sem responder às perguntas. No Twitter, disse que exerceu o “direito de permanecer em silêncio até que tenha acesso ao inquérito”. Sua defesa não foi localizada.

Outro deputado citado no pedido de abertura de inquérito, Cabo Junio do Amaral (PSL-MG) também teve o sigilo bancário quebrado. “Eu pouco importo para o que verão lá, mas chegamos no extremo. Direitos e garantias fundamentais garantidos, salvo se apoiador do presidente”, disse.

A ação envolve ainda um dos principais articuladores da criação do Aliança pelo Brasil: o empresário Luís Fernando Belmonte. Ele auxiliou na organização de ato realizado em Brasília, em maio, mas disse, à época, que não colocou nenhum centavo no evento.

Como parte do mesmo inquérito, Moraes havia determinado, anteontem, a prisão de Sara Giromini, uma das líderes do grupo de apoiadores do presidente “300 do Brasil” – seus advogados entraram com pedido de soltura. Ainda ontem, outros três líderes do grupo foram detidos.

Governo

O vice-presidente Hamilton Mourão avaliou que houve certo exagero na operação. “Acho que é meio exagerado isso aí. Eu acho que considerar que essa meia dúzia de gente que estava aí na rua como uma ameaça é a mesma coisa que a gente considerar aquela turma que aparece com bandeira de foice e martelo como ameaça”, afirmou.

“Cena absurda”

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), qualificou, em entrevista, como “cena absurda” o lançamento de fogos de artifício contra o prédio do STF na noite de sábado (13) e disse que o ato foi realizado por vândalos, e não por apoiadores do Governo.

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