Sarto reúne partidos para reforçar a base na Câmara Municipal

Com 25 vereadores aliados eleitos, pedetista tenta atrair mais nomes para enfrentar oposição mais numerosa que a atual. Por outro lado, adversários buscam reforçar grupo. Comissão de transição foi instalada ainda nesta segunda-feira (30)

Escrito por Igor Cavalcante ,
Legenda: A base aliada ao prefeito eleito Sarto Nogueira será maioria na Câmara Municipal a partir de 2021, mas a oposição também cresceu
Foto: José Leomar

Passada a eleição em que conseguiu reunir em torno de sua chapa 17 partidos, o prefeito eleito Sarto Nogueira (PDT) já começa, nesta terça-feira (1º), a reforçar a base que terá na Câmara Municipal. Com maioria, mas diante de uma oposição maior que a enfrentada pelo atual prefeito Roberto Cláudio (PDT), o futuro gestor busca agregar mais nomes para seu lado, além dos 25 vereadores eleitos no último dia 15 de novembro. A expectativa da base é de que o número possa chegar a 32.

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Nesta segunda-feira (30), foi criada a Comissão de Transição de Governo da Prefeitura de Fortaleza. Hoje, o pedetista começa a se reunir com integrantes do Legislativo Municipal para articular apoios para 2021. Por outro lado, partidos opositores devem se reunir amanhã para demarcar posição.

"Devo conversar com todos os vereadores da situação e da oposição para dizer qual a nossa ideia de Fortaleza. Queremos pacificar e unir a cidade", disse o prefeito eleito. Com uma futura oposição numerosa, Sarto minimiza atritos e exalta papel dos adversários. "A oposição é salutar desde que seja republicana", afirmou em entrevista exclusiva, ontem, à TV Verdes Mares.

Sarto disse ainda que fará um calendário para conversar com todos os partidos. "Vamos dialogar, ninguém governa sozinho e um programa para Fortaleza tem que ser dinâmico", ressaltou.

Entre os 25 vereadores eleitos que compuseram a coligação do prefeito eleito, dez são do PDT, três do Cidadania e três do PSB, além de dois do PSD, do PP e do PL. Completam a lista uma vereadora do DEM, outra da Rede e um do PSDB. Pode ser agregado à base governista o vereador Marcelo Lemos (PSL), que anunciou apoio a Sarto no segundo turno, mas está com a candidatura sub judice.

Oposição

Já do lado adversário, 12 apoiadores de Capitão Wagner (Pros) chegaram à Câmara. O Pros terá maioria nesse grupo: cinco parlamentares. Republicanos terá dois, assim como o PSC e o PMB. Completa a oposição um vereador do Podemos. Parte do apoio de Sarto no segundo turno, o Psol estará na "oposição crítica", conforme nota divulgada à época do apoio. "Seguiremos combatendo e sendo oposição de esquerda aos governos do grupo dos Ferreira Gomes", anunciou a legenda.

Com as posições dos partidos sendo definidas, o PT será o "fiel da balança", como define o atual vice-líder do Governo e vereador reeleito Adail Júnior (PDT). O partido atualmente faz oposição ao prefeito Roberto Cláudio e lançou nome da candidata Luizianne Lins (PT) na disputa pelo Paço Municipal, mas, no segundo turno, apoiou Sarto.

Para Adail, conquistar os petistas é é uma das prioridades, e o apoio no segundo turno foi um "ótimo indicativo" de aproximação. "Melhor ainda que eles não fizeram exigências. A única intenção foi vir e somar. Temos um bom diálogo com todos do PT. Eles fazem uma oposição consciente, construtiva, mas se conseguirmos trazê-los, teremos na base algo bem sólido e combativo. O PT hoje é o fiel da balança", avalia o vereador.

Indefinição

O PT conseguiu reeleger três vereadores em 2020: Guilherme Sampaio, Larissa Gaspar e Ronivaldo Maia. Em entrevista no último domingo ao Diário do Nordeste, a vereadora afirmou que ainda não há definições nem indicativos de como a sigla se comportará a partir de 1º de janeiro. Guilherme, que também é presidente municipal do partido, não se pronunciou.

O presidente estadual da sigla, Antônio Filho (Conin), reforçou a indefinição. "Temos três bons vereadores, tivemos um bom desempenho e vamos evidentemente desinir uma linha de atuação, mas a relação com o prefeito não está definida. A princípio, é de interesse dele, então a iniciativa é do prefeito", concluiu.

Entre os que já se colocam na oposição, o vereador reeleito Márcio Martins (Pros) projeta que além dos 12 apoiadores do candidato derrotada Capitão Wagner (Pros), o grupo pode agregar nomes e chegar a 17 parlamentares.

"Não sei bem como será a posição do Psol e do PT, é uma incógnita, mas se cumprirem o que afirmaram ao anunciar apoio no segundo turno - de que fariam oposição -, podemos chegar a 17", disse. "Se for do interesse do PT ser oposição, teremos de ser inteligentes para saber em que momento conseguiremos juntar esse grupo heterogêneo", pondera.

Articulação

Deixando a Assembleia Legislativa após sete mandatos consecutivos, sendo o último na presidência da Casa, Sarto também já comandou a Câmara. Para aliados e adversários, a experiência nos dois espaços legislativos é um bom indicativo de interlocução com o futuro prefeito. "O parlamentar chega para o Executivo levando demandas que ele representa. Vamos acolher essas demandas. O vereador é eleito para isso. Será uma boa experiência com os vereadores", comentou Sarto.

Segundo o vereador reeleito Márcio Martins, a oposição na Capital está aberta ao diálogo. "Conheço pouco o Sarto, mas os colegas afirmam que ele é de fácil trato, então pode ser uma relação mais fácil. Mas pretendo continuar fazendo uma oposição dura", adiantou o parlamentar.

O vereador disse que ainda não foi convidado para conversar com o recém-eleito, mas afirmou que está à disposição. "Se ele tiver uma visão republicana e convidar um vereador de oposição para um diálogo para que essa relação possa ser mais respeitosa e republicana, irei. Farei oposição qualificada, propositiva", prometeu.

Segundo Martins, na quarta-feira (2) haverá uma reunião entre os partidos oposicionistas para alinhamento. "Vamos apresentar os novatos, reunir e explicar nossos planos, saber se querem enfrentar essa batalha de ser oposição", afirmou.

Mesa Diretora

Em meio a essas definições, a Câmara também já se agita para a definição da nova Mesa Diretora. Em 2018, Sarto Nogueira deu indicativo do poder de articulação na relação com o Parlamento. À época, já comandando a Assembleia Legislativa, ele apresentou um aliado de primeira linha, o vereador Antônio Henrique (PDT), para concorrer à presidência da Câmara dos Vereadores. Atualmente, o parlamentar ocupar o cargo mais alto no Legislativo Municipal.

Ele pode se reeleger para mais um mandato. Caso seja preterido, a expectativa é de que outro nome pedetista seja lançado na disputa pelo cargo de liderança na Casa. Para o vereador Adail Júnior, uma nova chapa encabeçada pelo colega deve ser a que disputará a presidência no próximo ano.

"O atual presidente faz um excelente trabalho. Temos dez vagas e as prerrogativas para indicar a cabeça de chapa na disputa pela presidência da Câmara. Ainda é cedo, mas defendo o nome do Antônio Henrique", disse.

Renúncia

Eleição de Sarto Nogueira também traz impactos na Assembleia, Casa que ele preside. Pelo Regimento Interno, ele terá de renunciar à presidência até o dia 31 de dezembro, véspera da posse como prefeito. 

Sucessão

Após a saída do pedetista, assume a chefia do Parlamento Estadual o deputado Fernando Santana (PT). Já a cadeira na Assembleia será ocupada por Manoel Duca, o Duquinha (PDT). A Casa também tem eleição no próximo ano para formação da nova Mesa Diretora.

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