Planalto teme que titular do MEC vire alvo do STF após fala em vídeo

Falas agressivas do ministro da Educação, Abraham Weintraub, contra os magistrados do STF, chamados de "vagabundos", podem motivar processos judiciais; Jair Bolsonaro resiste em exonerá-lo

Escrito por Redação , politica@svm.com.br
Legenda: Abraham Weintraub (MEC) defendeu, em reunião, "cadeia" para magistrados
Foto: Foto: PR

Enquanto ministros do Palácio do Planalto minimizaram os impactos das declarações do presidente Jair Bolsonaro durante a reunião com o conselho, em 22 de abril, acendeu no Governo uma preocupação com a possibilidade de o ministro da Educação, Abraham Weintraub, responder criminalmente pelas falas agressivas aos magistrados do Supremo Tribunal Federal (STF).

Weintraub vinha sendo "fritado" por aliados de Bolsonaro por discordar da orientação do presidente de ceder espaço no ministério para indicados do Centrão. Após a divulgação do vídeo, interlocutores do Governo analisam como "delicada" a situação do ministro, mas não veem disposição do presidente em substituí-lo neste momento.

Na reunião, em 22 de abril, Weintraub afirmou que os ministros do STF deveriam estar na cadeia. "Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF", disse o ministro da Educação, no encontro. No Planalto, aliados do presidente afirmam não haver dúvidas de que algum dos magistrados vai acionar Weintraub judicialmente.

A preocupação é que uma ação judicial contra um ministro de Bolsonaro acirre os ânimos entre Executivo e Judiciário. No Governo, há quem defenda que o presidente abra mão de manter Weintraub na Educação se a situação entre os Poderes ficar insustentável.

Porém, na avaliação de aliados, a troca neste momento no MEC demonstraria "sacrifício" que o presidente não está disposto a fazer.

A pessoas próximas, Bolsonaro afirmou, ontem, que Weintraub saiu fortalecido após ter suas declarações reveladas. Aliados do presidente, no entanto, consideraram que os ataques do ministro são "conversas reservadas", que não deveriam ter sido divulgadas. Um aliado da ala ideológica argumenta ainda que - por se tratar de uma reunião fechada - não caberia sequer ações judiciais.

Ministros da articulação política já reclamaram de Weintraub com deputados. Até mesmo o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já manifestou insatisfação com o ministro, que é um nome forte da militância bolsonarista.

Salles

Já os comentários do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, durante a reunião ministerial, foram criticados na imprensa internacional.

Para ele, o Governo deveria aproveitar o momento em que o foco da imprensa está voltada para o novo coronavírus para fazer uma "baciada" de mudanças nas regras ligadas à proteção ambiental.

O jornal espanhol "El País" diz que "o então recém-nomeado Ministro da Saúde, Nelson Teich, olha horrorizado para seu parceiro Ricardo Salles quando ele defende aproveitar o fato de a imprensa estar focada no coronavírus para tornar as leis ambientais mais flexíveis".

O argentino "Clarín" descreveu Salles como um "aliado do agronegócio" e enfatizou sua intenção de aproveitar o momento da pandemia para emplacar flexibilizações.

 

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