Partidos na Capital se movimentam para fechar chapas à Câmara

Com a proibição de alianças entre partidos para mandato nos legislativos municipais, siglas apostam em muitos nomes e na diversidade de vários setores sociais para atrair o voto dos eleitores e atingir o coeficiente eleitoral

Escrito por Wagner Mendes ,
Legenda: Na Câmara, 43 cadeiras estarão em disputa no pleito que acontece em novembro
Foto: CMFor

Com a primeira eleição sem coligação partidária para as disputas proporcionais, ou seja, na busca pelas cadeiras do Poder Legislativo, legendas cearenses têm procurado diversidade nas candidaturas para atrair a preferência do eleitor. Segundo dirigentes partidários entrevistados pelo Diário do Nordeste, a proibição das alianças muda completamente as estratégias eleitorais para este ano, considerando ainda o contexto da pandemia da Covid-19, que colocará a campanha municipal maciçamente na internet.

Presidente estadual do PDT, que é o maior partido do Estado em número de prefeitos, o deputado federal André Figueiredo diz que a proibição das coligações proporcionais tende a fortalecer as agremiações que são mais bem estruturadas. "Fizemos a estratégia de atração de parlamentares que julgamos do nosso perfil em todos os municípios que podíamos", ressalta. A busca foi feita em março, durante o período de filiações. Agora, a sigla estuda os nomes para complementar as vagas de candidatos nos municípios.

Pelo Pros, o presidente do partido no Estado, deputado federal licenciado Capitão Wagner, diz que as pré-candidaturas já estão definidas para serem anunciadas em convenção partidária. Ele acredita que a aposta por candidaturas de mulheres "com votos" deve ajudar o Pros a conquistar entre seis e sete das 43 cadeiras em disputa no Legislativo Municipal de Fortaleza.

Para isso, segundo o dirigente, "a chapa tem representantes dos diversos setores, como radialistas, jornalistas, pessoas do esporte, da educação, da segurança, representantes de igrejas", entre outros.

Cláusula de barreira

A aposta na diversidade também é encarada pelo PT em Fortaleza. Segundo o presidente municipal da sigla, vereador Guilherme Sampaio, serão lançados "jovens, mulheres, negros, sindicalistas, profissionais liberais", entre outros. Para o petista, haverá um número maior de candidaturas neste ano por haver "uma relação também com a eleição de 2022".

Segundo o parlamentar, "a cláusula de barreira vai impor limites maiores para os partidos terem representação na Câmara dos Deputados, e em relação ao valor do Fundo Eleitoral e ao tempo de televisão. Muitos partidos também querem lançar muitos nomes que podem ser candidatos a deputado federal e ajudar os partidos a superar a cláusula de barreira", aponta.

No MDB, são pelo menos 50 pré-candidaturas definidas em Fortaleza. "Estamos fazendo reuniões com as lideranças, pré-candidatos e esperando a batida do martelo para o próximo mês", diz o dirigente na Capital, deputado estadual Walter Cavalcante.

A diversidade e os espaços internos serão garantidos no partido, segundo o presidente. "Temos pregado que ninguém é melhor do que ninguém. Não podemos fazer essa concorrência entre si. Temos que somar votos pra fazer o coeficiente e conseguir as vagas. Não temos estrela de primeira, segunda, terceira ou quarta grandeza. Todo mundo é igual", declara.

Bandeiras

O presidente estadual do PV, Marcelo Carvalho, avalia que a proibição de alianças para a disputa proporcional "fortalece os partidos". "Tem que procurar crescer, ter quadros e ter representação no Legislativo", afirma. Ele diz que "não é fácil" essa mudança, mas que é preciso traçar "estratégias" para encará-la.

"Temos casos de vereadores que deixaram o PV porque acharam que não iriam se eleger, mas a gente procura se organizar. Não podemos deixar para organizar o partido às vésperas da eleição. Temos que divulgar as bandeiras. Com certeza é uma fase de transição", analisa.

Na esteira da defesa do meio ambiente, a legenda pretende eleger pelo menos três vereadores em Fortaleza. "Os nossos pré-candidatos são pessoas que lutam pela bandeira da causa ambiental. A causa ambiental está bombando aí. A questão do meio ambiente está sendo muito falada na grande mídia", argumenta o dirigente do PV.

As candidaturas coletivas também serão uma novidade no Ceará. O presidente do Psol no Estado, Ailton Lopes, adianta que um projeto coletivo da sigla será focado em pelo menos dois temas importantes ao partido: mulheres negras e meio ambiente. A "nova modalidade" de candidatura, dentro das regras tradicionais do pleito, já é realidade em outras cidades.

Diferenças

A sigla deverá lançar cerca de 30 nomes à Câmara. "O que é pouco, de acordo com o número máximo (que é 65), mas é uma chapa bem representativa, com nomes que já concorreram a outros mandatos", diz o dirigente. O Psol terá nomes que representam o movimento de catadores, servidores públicos municipais, lideranças da construção civil, entre outros.

O PSL, por outro lado, vai ter chapa completa, com 65 candidatos a vereador em Fortaleza, segundo o presidente do partido no Estado, deputado federal Heitor Freire. A meta é eleger ao menos quatro nomes na Capital. "A chapa tem perfil diversificado com profissionais das mais diversas áreas, como por exemplo, empreendedores, profissionais da saúde, agentes de segurança, professores, além da força da juventude", cita.

Em comum, as pré-candidaturas do PSL, porém, "comungam e valorizam as nossas pautas conservadoras, além de serem profundos conhecedores dos problemas de Fortaleza e com boa capacidade de atuação para uma cidade melhor", ressalta o dirigente. Em Fortaleza, hoje, o PDT tem a maior bancada entre 43 vereadores na Câmara Municipal.

Coligações

Em 2020, candidatos a prefeito ainda poderão formar coligações – as chamadas majoritárias, com outros partidos para disputar as eleições. A partir do pleito deste ano, a legislação eleitoral, porém, não permite mais a formação de coligações proporcionais.

Mudança

Antes, na disputa por vagas no Legislativo, os votos dados a todos os partidos de uma aliança eram levados em conta no cálculo para a distribuição das vagas. Agora, a votação individual de cada legenda será determinante.

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