Na TV, candidatos líderes em pesquisa na disputa municipal de São Paulo vão adotar táticas opostas

Celso Russomanno vi explorar proximidade com Bolsonaro, enquanto Bruno Covas vai privilegiar temas locais

Escrito por Estadão Conteúdo ,
Legenda: Celso Russomanno (à dir.) e Bruno Covas são os candidatos mais bem posicionados nas últimas pesquisas de intenções de voto
Foto: Agência Brasil

Os dois primeiros colocados na corrida para a Prefeitura de São Paulo vão adotar estratégias opostas no início do horário eleitoral gratuito de rádio e TV, na sexta-feira. Enquanto Celso Russomanno (Republicanos) vai exaltar a amizade e o alinhamento político com o presidente Jair Bolsonaro, Bruno Covas (PSDB) deve focar em temas municipais para evitar a nacionalização dos debates.

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Com 26% das intenções de voto na mais recente pesquisa Ibope/Estadão/TV Globo, Russomanno deve explorar o mote "Com Bolsonaro apoiando, São Paulo sai ganhando". Os dois ainda não gravaram juntos, segundo o publicitário Elsinho Mouco, mas a campanha já tem registros de encontros do deputado com o presidente, como o ocorrido na segunda-feira, 5. A decisão de quando usar as imagens será avaliada em pesquisas qualitativas.

Além da ligação com Bolsonaro, o deputado deve explorar, nos programas de rádio e TV, o antipetismo e a rejeição do eleitorado ao governador João Doria (PSDB). Pesquisa Ibope mostrou que 36% dos paulistanos não votariam de jeito nenhum em um candidato do PT e que 42% consideram a gestão de Doria ruim ou péssima. A avaliação de Bolsonaro entre os paulistanos é ainda pior: 48% desaprovam a gestão, o que pode ser um desafio para a tática de alinhamento com o governo.

Segundo Mouco, o petismo não é representado só pelo candidato do partido, Jilmar Tatto, mas também pelo postulante do PSOL, Guilherme Boulos. "O 'new-petista' hoje se chama Boulos. Ele é o candidato do Lula, assim como Bruno é o candidato de Doria. Com Bolsonaro apoiando a campanha, a ideia é mostrar o benefício do alinhamento de São Paulo com o governo federal", disse o marqueteiro, que já trabalhou para o ex-presidente Michel Temer.

Covas, que aparece com 21% das intenções de voto, deve levar para os primeiros programas o slogan "Foco, força e fé". Na estreia, o tucano deve apresentar sua biografia e aparecer ao lado do avô, o ex-governador Mário Covas. Sua equipe quer colar a imagem de "tocador de obras" por meio de imagens de inaugurações. A previsão de gastos para obras e compras de equipamentos neste ano (R$ 10,6 bilhões) foi 30% maior do que a média dos três anos anteriores (R$ 8,1 bilhões).

Embora evite nacionalizar a propaganda, Covas pretende mostrar que sua candidatura tem apoio da ex-senadora Marta Suplicy, que defende uma frente anti-Bolsonaro e vai aparecer nos programas de TV mais para a frente. Já a imagem de Doria será usada com moderação, para reforçar o bom trânsito do prefeito com o governo do Estado.

Com 17 segundos do horário eleitoral e duas inserções de 30 segundos por dia, o marqueteiro Chico Malfitani, responsável pela campanha de Boulos, deve se concentrar em mostrar os vínculos entre o candidato e a vice, Luiza Erundina, prefeita entre 1989 e 1992. "O que a gente quer mostrar é a juventude e o vigor do Boulos junto com a experiência da Erundina", disse Malfitani, responsável pela campanha da ex-prefeita em 1998. Com pouco tempo na TV, a campanha de Boulos aposta nas redes sociais nas quais o candidato tem forte presença.

Recall

O programa de estreia de Márcio França (PSB), com 7% das intenções de votos, busca reforçar o recall da eleição para o governo paulista de 2018, quando o pessebista venceu João Doria (PSDB) na capital. O carro-chefe das propostas será um plano de ajuda econômica. "A Prefeitura não é um banco para emprestar dinheiro para as pessoas, mas ela vai assumir esse papel", afirmou o marqueteiro Raul Cruz Lima.

Com nove inserções diárias, Joice Hasselmann (PSL) divulgou um programa que foi apresentado como se fosse a estreia na TV, mas a informação não foi confirmada por sua equipe. O vídeo mostra a personagem Miss Piggy dançando ao som do jingle "Tem jeito, tem Joice", com outros personagens da série Muppets. Em meio a outras referências ao universo pop, ela diz que foi "perseguida" pela esquerda e que "blindou o governo" quando era líder do Planalto na Câmara, até outubro de 2019.

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