Municípios tentam driblar problemas de fiscalização durante pandemia

As cinco prefeituras com mais casos no Ceará têm adotado estratégias semelhantes para diminuir contaminações, mas encontram dificuldades principalmente na capacidade de fiscalizar cumprimento das novas regras

Escrito por Jéssica Welma , jessica.welma@svm.com.br
Legenda: Mesmo com o isolamento, em abril, avenidas tiveram grande movimentação
Foto: Foto: José Leomar

Anúncio de medidas de isolamento social mais rígidas feito pelo Governo do Ceará, com impactos principalmente em Fortaleza, acende o alerta também para as ações adotadas por outros municípios cearenses onde o número de casos de contaminação pela Covid-19 tem crescido. As cinco prefeituras com mais casos confirmados, três delas na Região Metropolitana, têm tentado alinhar as ações, mas dispõem de menos recursos e menor estrutura de fiscalização das medidas.

O momento de gravidade exige ações de todos os municípios, principalmente, os que têm mais casos confirmados, além de Fortaleza: Caucaia, Maracanaú, Sobral e Eusébio.

Já ultrapassando os 600 casos confirmados, Caucaia foi o primeiro a decretar o uso obrigatório de máscaras pela população - a medida passou a valer em todo o Estado somente na última semana. Ainda assim, a efetivação da medida precisou esperar que a gestão tivesse estrutura para garantir a distribuição gratuita.

Vizinha à Fortaleza, a quem é ligada por vias de grande fluxo diário, Caucaia não adotou barreira de controle de acesso por dificuldade de operacionalizar as medidas. "Ainda não estamos fazendo essa barreira, mas estamos planejando fazer. Nosso efetivo é menor, nossa Guarda Municipal é pequena. Não adianta eu tomar medida brusca e não resolver (a efetivação)", diz o prefeito Naumi Amorim (PSD).

Ele ressalta que todas as ações têm sido alinhadas com o Estado e que a adoção das medidas mais duras na Capital beneficiam Caucaia tanto sobre a conscientização da população como o trânsito de pessoas entre Fortaleza e cidades do interior, como Tauá e Sobral.

Maracanaú

Outra cidade de fluxo intenso com a Capital, Maracanaú também não adotou o "lockdown", ainda que avalie a possibilidade de anunciar medidas mais restritivas diante do crescimento do número de casos, que já passam de 330.

"Com relação às medidas entre municípios e Estado, estamos procurando alinhar, trabalhar de forma integrada. Estamos incentivando o uso das máscaras, com a distribuição gratuita", ressalta o prefeito Firmo Camurça (PSDB).

Desde a última sexta-feira, o Município retomou as barreiras sanitárias nas entradas da cidade. Nas ruas, a Prefeitura tem utilizado carros de som para conscientizar a população, com apoio da Guarda Municipal de Trânsito e do Departamento Municipal de Trânsito (Demutran). Em paralelo, tem mantido diálogo com a Secretaria da Saúde do Estado para aumentar os leitos de UTIs no hospital da cidade.

Bloqueios

Eusébio e Sobral, no entanto, aproveitaram o endurecimento das medidas e também começaram a restringir a circulação de pessoas.

O prefeito de Sobral, Ivo Gomes (PDT), destaca ainda que, além do trabalho em conjunto com a gestão estadual, as medidas tomadas no município "são baseadas em estudos de especialistas".

Maranguape

Com estradas com grande fluxo diário para Fortaleza, a Vigilância Sanitária e a Guarda Municipal têm mantido a frequência de barreiras sanitárias nos acessos à cidade, com desinfecção de veículos, verificação de temperatura e higienização com álcool em gel.

Crato

A Prefeitura da cidade, no Cariri, também restringiu o acesso apenas para pessoas residentes e trabalhadores de serviços essenciais de outros municípios, além da circulação de veículos apenas oficiais, de transporte de cargas, de pessoas em trânsito para outras cidades.

Juazeiro do Norte

A Prefeitura interditou desde a quinta-feira (7) uma série de praças e ruas para evitar o surgimento de aglomerações.

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