Inquérito para investigar Weintraub por suposto racismo contra China é aberto pelo STF

Pedido foi feito pela Procuradoria Geral da República (PGR) e aceito pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello

Escrito por Redação ,
Legenda: Ministro da Educação, Abraham Weintraub
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Supremo Tribunal Federal (STF) atendeu a um pedido da Procuradoria Geral da República (PGR) e determinou na noite desta terça-feira (28) a abertura de inquérito para apurar suposto crime de racismo cometido pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub. No começo de abril, Weintraub fez uma postagem em uma rede social afirmando que a China poderia se beneficiar, de propósito, da crise mundial causada pelo coronavírus. Após a declaração gerar polémica, o ministro retirou a postagem da rede social.

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Na postagem, Weintraub afirmou que a China vai sair "relativamente fortalecida" da crise do coronavírus e que isso condiz com os planos do país de "dominar o mundo". Disse ainda que haveria, no Brasil, parceiros dos chineses nesse objetivo.

"Geopolíticamente [sic], quem podeLá saiL foLtalecido, em teLmos Lelativos, dessa cLise mundial? PodeLia seL o Cebolinha? Quem são os aliados no BLasil do plano infalível do Cebolinha paLa dominaL o mundo? SeLia o Cascão ou há mais amiguinhos?", escreveu Weintraub.

Para ilustrar a postagem, ele publicou ainda uma foto de uma capa de um gibi da Turma da Mônica, que mostra os personagens na China. Usando o personagem Cebolinha, que troca o "R" pelo "L", Weintraub ridicularizou o fato de alguns chineses, quando falam português, efetuarem a mesma troca de letras (veja no vídeo abaixo).

 

Obtenção dos dados do computador

De acordo com o vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, a conduta do ministro configura, em tese, infração penal prevista na lei que define os crimes resultantes de preconceito. A conduta é punível com um a três anos de prisão e multa.

Depois o inquérito aberto, Weintraub vai prestar depoimento sobre o caso. Na decisão, o ministro do STF, Celso de Mello deixou claro que o ministro não tem prerrogativa de definir quando e onde será ouvido, como indicou a PGR. Isso porque Weintraub não falará como testemunha, mas investigado.

O STF autorizou ainda a obtenção dos dados referentes ao acesso usado para publicar o post. As investigações devem durar cerca de 90 dias. De acordo com o ministro, o prazo longo, é por conta da pandemia do coronavírus.

Repúdio da embaixada chinesa

Logo depois do ocorrido, a embaixada chinesa no Brasil, também na rede social, divulgou uma resposta repudiando a fala do ministro e o embaixador, Wanming Yang, cobrou uma declaração oficial do governo sobre a fala de Weintraub.

Em março, também em uma rede social, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, escreveu que a "culpa" pelo coronavírus era da China.

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