Governo Bolsonaro inicia fevereiro com três ministros na berlinda 

Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Abraham Weintraub (Educação) e Ricardo Salles (Meio Ambiente) ampliam desgaste político, enquanto o presidente Jair Bolsonaro busca uma saída para acomodar insatisfações e interesses

Escrito por Redação , politica@svm.com.br
Legenda: Onyx Lorenzoni (à esquerda) nega que vá deixar o Governo Bolsonaro, apesar dos rumores; Abraham Weintraub (ao centro) foi chamado de “um desastre” pelo presidente da Câmara dos Deputados; Ricardo Salles (à direita) está na berlinda desde a série de desastres ambientais no País
Foto: Fotos: Agência Brasil

O primeiro mês de 2020 do Governo Bolsonaro foi marcado por desgaste político crescente contra três ministros: Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Abraham Weintraub (Educação) e Ricardo Salles (Meio Ambiente), alvos de rumores insistentes sobre saídas do cargo. Em Brasília, a expectativa é que, neste mês do Carnaval (dia 22), o Planalto defina o futuro do trio.

Após esvaziar as funções do ministro da Casa Civil, retirando na quinta-feira de seu comando o Programa de Parceria de Investimentos (PPI), o presidente Jair Bolsonaro agora discute formas de contemplar o aliado em outro cargo na Esplanada dos Ministérios. Em conversas reservadas relatadas à reportagem, Bolsonaro tem lembrado que Onyx foi um aliado de primeira hora e que, mesmo insatisfeito com o seu trabalho na Casa Civil, não pretende abandoná-lo.

Caso opte por alocar Onyx na Educação, Bolsonaro atenderá ainda à ala do governo e parlamentares que cobram a demissão de Weintraub. O atual titular da Educação está desgastado pela atual crise do Enem e tem sido criticado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que o chamou de um “desastre”.

Para conseguir fechar a equação, o presidente tem buscado um nome para o comando da Casa Civil. O favorito de Bolsonaro é Jorge Oliveira (Secretaria-Geral), mas o ministro tem demonstrado resistência. O plano estudado por Bolsonaro é o de fundir a Casa Civil com a Secretaria-Geral da Presidência. Um plano B seria a nomeação de um dos líderes do Governo para comandar a articulação política: como Fernando Bezerra (MDB-PE), do Senado, e Eduardo Gomes (MDB-TO), do Congresso.

Empecilho

A indicação de Bezerra, no entanto, enfrenta um empecilho. Ela pode inviabilizar que seu filho, o deputado federal Fernando Coelho (DEM-PE), assuma Minas e Energia em maio, quando o ministro Bento Albuquerque deverá ser indicado para uma vaga destinada à Marinha no Superior Tribunal Militar (STM).

Articuladores políticos de Bolsonaro consideram ainda que trazer um parlamentar para o Planalto pode ser contraproducente. Eles argumentam que prestigiar o MDB poderia desencadear um movimento de partidos que votam com o Governo por mais espaço. Ontem, Onyx disse não considera deixar ao Governo. “Como já disse, a minha missão, com o presidente Bolsonaro, é servir o Brasil. Mas claro que toda e qualquer decisão dentro do governo é liderada por ele”, disse.

A tendência, na avaliação de auxiliares palacianos, é que um anúncio oficial seja feito apenas na próxima semana. O adiamento também seria uma forma de prestigiar Onyx nos seus últimos momentos do cargo. Bolsonaro escalou Onyx para representá-lo na próxima segunda (3) na sessão solene de abertura do ano legislativo no Congresso.

Sua situação se agravou após o caso de Vicente Santini, demitido nesta semana da secretaria-executiva da pasta por ter usado um voo exclusivo da Força Aérea Brasileira (FAB) para voar de Davos, na Suíça, para Déli, na Índia. Santini teve sua saída do cargo anunciada por Bolsonaro na última terça-feira (28). Um dia depois, foi nomeado para outra função na Casa Civil, com um salário apenas R$ 300 menor. A repercussão negativa levou ao recuo em menos de 12 horas, confirmando então a saída do assessor. 

Meio Ambiente

Já o ministro do Meio Ambiente é uma dor de cabeça para Bolsonaro desde 2019, quando desastres como incêndios florestais e manchas no litoral do Nordeste prejudicaram a imagem do Brasil no exterior.

Salles também é acusado de ter ordenado cessar uma operação de fiscalização na Reserva Extrativista Chico Mendes, a pedido de ruralistas do Acre.

“Não sei como o Governo vai fazer com o seu ministro do Meio Ambiente. Acho que, de alguma forma, ele perdeu as condições de ser o interlocutor. Acho que ele radicalizou demais”, criticou Maia.

Férias interrompidas

O Governo interrompeu oficialmente as férias de Onyx Lorenzoni, que reassumiu o cargo, ontem, após a demissão de seu secretário-executivo, Vicente Santini. A decisão foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União, em despacho assinado por Bolsonaro. Inicialmente, as férias do ministro encerrariam-se na segunda.

Demissão de secretário

Um dos principais auxiliares do ministro da Educação, o secretário de Educação Superior, Arnaldo Lima Júnior, pediu demissão, em meio à crise da Pasta, causada por erros na divulgação de notas no Enem e falhas no Sisu. Embora a prova seja de responsabilidade de outro órgão, o sistema, usado para o ingresso em universidades, era de sua responsabilidade.

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