Fundação Palmares: 'cultura tem de estar de acordo com maioria', diz Bolsonaro

Na entrevista, Bolsonaro voltou a se esquivar sobre declarar se concorda ou não com as bandeiras defendidas pelo novo chefe da fundação e atribuiu ao secretário especial de Cultura, Roberto Alvim, a responsabilidade pela nomeação de Camargo

Escrito por Estadão Conteúdo ,
Legenda: Jair Bolsonaro
Foto: Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro defendeu que a cultura do País tem de estar "de acordo com a maioria da população, não de acordo com a minoria". Ele fez a afirmação ao ser questionado sobre declarações polêmicas do novo presidente da Fundação Palmares, Sergio Nascimento de Camargo, que afirmou que a escravidão foi "benéfica para os descendentes".

Na entrevista, Bolsonaro voltou a se esquivar sobre declarar se concorda ou não com as bandeiras defendidas pelo novo chefe da fundação e atribuiu ao secretário especial de Cultura, Roberto Alvim, a responsabilidade pela nomeação de Camargo.

"O secretário é um tal de Roberto Alvim. Dei carta branca para ele. A cultura nossa tem de estar de acordo com a maioria da população, não de acordo com a minoria. Ponto final. Ele que decide", disse Bolsonaro.

O presidente afirmou que recebe semanalmente Alvim para despachar. "Só vou responder algo sobre o novo presidente da Palmares depois de ouvi-lo", disse.

'Racismo nutella'

O novo presidente da Fundação Palmares, instituição ligada à Secretaria Especial de Cultura, afirmou em suas redes sociais que o Brasil tem um "racismo nutella". Camargo defendeu a extinção do feriado da Consciência Negra e declarou apoio irrestrito ao presidente Jair Bolsonaro. Camargo também atacou personalidades como a ex-vereadora do Rio Marielle Franco e a atriz Taís Araújo.

A nomeação faz parte de uma série de mudanças promovida por Roberto Alvim. O novo secretário da Cultura defende o engajamento de artistas conservadores em pautas do governo. No final de setembro, quando ainda era diretor da Funarte, Alvim chamou a atriz Fernanda Montenegro de "intocável" e "mentirosa", o que provocou a reação da classe artística.

Bolsonaro lembrou que já foi acusado de racismo. "Eu já fui acusado de racista. Lembra o que o CQC fez comigo?". A acusação foi, segundo Bolsonaro, resultado de uma edição distorcida de uma entrevista concedida por ele ao programa de humor.

"Três anos depois a verdade veio à tona. CQC informou à Polícia Federal que não tinha mais a fita. Foi reutilizada. Aquilo seria um troféu na imprensa. Por que foi reutilizada? Segundo eles porque era uma mentira. Supremo entendeu arquivar o processo", disse.

"Como passei três anos respondendo por racismo. Como passei dois anos respondendo por crime ambiental e foi arquivado. Como tentaram agora me envolver no caso Marielle. O tempo todo assim" reclamou Bolsonaro.

As declarações de Bolsonaro foram dadas em frente ao Palácio da Alvorada. "Deixa eu responder para vocês. Você não vai conduzir a minha resposta. Você não aprendeu ainda?", disse Bolsonaro a um jornalista. A fala do presidente foi acompanhada de aplausos e gritos de seus apoiadores.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.