Força política precisa destravar a infraestrutura no Ceará

Duplicação da BR-222 e conclusão do Anel Viário são intervenções fundamentais para o Ceará e precisam acelerar

Escrito por Letícia Lima ,

Às vésperas de concluir o primeiro mandato e ser reconduzido ao cargo por mais quatro anos, o governador Camilo Santana (PT) tem sobre a mesa uma série de projetos de infraestrutura considerados estratégicos para alavancar a economia cearense em 2019. Alguns deles, se arrastam há anos e dependerão, mais do que nunca, da articulação política para que sejam concluídos e entregues à sociedade.

Levantamento do Ministério do Planejamento mostra mais de 200 obras em andamento no Estado. O projeto considerado mais urgente pelo Governo cearense é o da Transposição das Águas do Rio São Francisco, principalmente diante do risco que o Estado corre de chegar ao fim de 2018 sob o oitavo ano seguido de seca. Acontece que o Eixo Norte - última etapa da Transposição -, que vai beneficiar o Ceará, já teve a sua conclusão adiada diversas vezes.

O último prazo anunciado pelo Ministério da Integração Nacional tinha sido o fim deste mês, mas foi prorrogado de novo, na expectativa de que o próximo Governo Federal termine. Enquanto isso, mais de R$ 6 bilhões da União já foram gastos somente na construção do Eixo Norte. O secretário estadual de Recursos Hídricos, Francisco Teixeira, confirmado no segundo mandato de Camilo Santana, cobra prioridade na obra.

"É bom que se diga que o próprio Governo Temer fez esforços para concluir a obra, que está quase 99% pronta. E acreditamos que o novo Governo deverá dar maior celeridade à Transposição, para que essa água possa chegar aqui ainda no primeiro trimestre de 2019", detalha.

Teixeira elencou ainda outras obras de segurança hídrica que o Estado espera contar com a União. "Nas obras do Cinturão das Águas, o trecho emergencial de 53 quilômetros já está pronto para receber água do projeto de Integração. E temos pleiteado a inclusão do Ramal do Salgado nas obras prioritárias do Ministério do Desenvolvimento Regional".

Rodovias

As obras nas rodovias federais que cortam o Ceará também estão na cartilha de demandas do Estado. Uma delas é a duplicação do IV Anel Viário, na Região Metropolitana de Fortaleza, entre a BR-116 e a BR-020. Iniciada em 2011, a obra foi paralisada em 2015, em meio a problemas financeiros com as construtoras, e retomada no ano passado, mas segue a passos lentos, desde então.

A intervenção, que vai ligar os municípios de Eusébio, Itaitinga, Maracanaú, Maranguape e Caucaia, começou a cargo do Departamento Nacional de Infraestrutura (DNIT). Após convênio, o Departamento Estadual de Rodovias (DER) assumiu a execução do serviço, previsto para ficar pronto no fim de 2019.

Enquanto isso, o trânsito no local, formado principalmente de veículos pesados que seguem do Porto do Mucuripe ao Porto do Pecém, continua dando dor de cabeça, com o asfalto irregular, sinalização precária e longos engarrafamentos. O presidente da Câmara Temática Logística da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Heitor Studart, considera esse o maior gargalo no modal rodoviário do Estado, que tem reflexos sobre o desenvolvimento industrial.

"A BR-020 é fundamental, porque ela interliga o Porto do Pecém a Barreiras que hoje é o segundo polo intermodal mais importante do País. É lá onde fica toda aquela zona produtiva dos grãos do Centro-Oeste, inclusive passa por lá a ferrovia FIOL e a Norte Sul, então todo esse intermodal poderá se interligar diretamente, além do que, ela diminui cerca de 800 quilômetros a distância do polo econômico do Centro-Oeste-Sudeste para o Ceará", explicou.

De acordo com o Governo Federal, mais de R$ 200,4 milhões em recursos federais já foram investidos no IV Anel Viário. Heitor cita, ainda, a duplicação da BR-222, no trecho que vai do entroncamento da BR-020, na entrada para Canindé, até a CE-155, entre os projetos de logística que merecem ser destravados o quanto antes no Estado.

Em março deste ano, o governador Camilo Santana foi ao Ministério dos Transportes cobrar celeridade às obras nessa rodovia, que recebeu da União até agora R$ 13,6 milhões. A obra está em andamento, mas a grande demanda do setor produtivo exige mais celeridade.

Malha ferroviária

Há mais de 10 anos com as obras atrasadas, a ferrovia Transnordestina é um dos empreendimentos mais sonhados para a Região Nordeste. Isso porque a ferrovia, cujo investimento já ultrapassou os R$ 6 bilhões, foi planejada para interligar os estados do Piauí, Pernambuco e Ceará aos principais portos da região: Suape (PE) e Pecém (CE), no entanto, ela mal saiu do papel. Em 2017, o Tribunal de Contas da União identificou indícios de irregularidades.

Já a Linha Leste do Metrô de Fortaleza, que estava paralisada desde 2015, foi retomada em novembro passado, após imbróglios na Justiça envolvendo as empresas vencedoras da licitação. O Governo do Estado fez várias investidas ao Governo Federal ao longo deste ano, para assegurar o financiamento de R$ 1 bilhão por parte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e obter recursos do Ministério das Cidades, que liberou R$ 673 milhões para o empreendimento.

O secretário-chefe da Casa Civil, Nelson Martins, defende que a melhor solução para destravar as obras nas rodovias seriam os convênios. "Basta que o Governo Federal faça um convênio com o Estado, reparta os recursos, que o Estado se encarrega através do DER de executar a obra. Esse caso da BR-222, o governador aceita (fazer o convênio) sem problemas, até porque é uma obra de estrada do Estado".

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