Estratégias nas ruas e na TV ganham força na reta final da campanha em Fortaleza

No segundo turno mais breve da história, candidatos devem apostar em atividades mais próximas do eleitor e em peças publicitárias na propaganda eleitoral gratuita para tentar atrair o voto no dia decisivo do pleito municipal

Escrito por Wagner Mendes , wagner.mendes@svm.com.br
Sarto e Wagner
Legenda: Sarto Nogueira e Capitão Wagner vão fortalecer estratégias para chegar ao eleitor no 2º turno
Foto: Isanelle Nascimento e Camila Lima

Faltando menos de uma semana para encerrar a campanha eleitoral de 2° turno, os candidatos à Prefeitura de Fortaleza, Sarto Nogueira (PDT) e Capitão Wagner (Pros), devem apostar em estratégias nas ruas e na televisão para garantir apoio dos eleitores nos últimos momentos antes do dia do voto que define a sucessão do prefeito Roberto Cláudio (PDT). Um dos principais desafios é driblar as limitações da pandemia e o curto tempo até 29 de novembro.

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Ontem (22), Capitão Wagner teve agenda cheia de atividades de campanha. Apesar de ter reservado espaço para gravar propaganda eleitoral, o candidato do Pros conseguiu conciliar também agendas de rua, com atividades mais próximas dos eleitores.

Ele começou o dia visitando as feiras dos bairros da Parangaba e da Messejana. Também participou de ação na Praia do Futuro ao lado da vice, Kamila Cardoso (Pros). Às 13h, gravou programa eleitoral, e, no fim da tarde, visitou o bairro Barroso, e os conjuntos São Cristóvão e Tamandaré.

O candidato afirmou que a reta final da campanha "está muito bacana" e que tem "movimento espontâneo nas ruas". Para Wagner, a candidatura tem ganhado força também por conta da veiculação da propaganda eleitoral de TV, iniciada na última sexta-feira (20). "Estava faltando esse tempo de TV igual ao do adversário para que a gente pudesse contrapor ao projeto deles", disse.

Para a última semana de atividades de campanha, Wagner afirmou que deverá fazer atividades de rua desde que consiga espaço na agenda, já que precisa também gravar programas eleitorais, participar de entrevistas e de debates. "Na medida que for possível, que nós tivermos brecha na agenda, a gente vai fazendo agenda de rua, sempre respeitando as determinações do TRE-CE, sem aglomerações. Hoje mesmo caminhei em duas feiras, mas sozinho, sem militantes, sem muita confusão pra evitar aglomerações", explicou. A estratégia é realizar ações nos bairros em que não obteve votação expressiva no 1° turno.

Já o candidato Sarto reservou o domingo para gravar programa eleitoral. A campanha, no entanto, não ficou parada. O candidato à vice-prefeitura, Élcio Batista (PSB), participou de um passeio de bicicleta em diversos pontos da Capital ao lado do prefeito Roberto Cláudio, que tem sido um dos principais cabos eleitorais do presidente da Assembleia Legislativa do Ceará nessa disputa eleitoral. A reportagem procurou a assessoria de Sarto para ouvi-lo sobre o fim da campanha, mas não obteve entrevista.

Para começar a semana, tanto Sarto quanto Wagner priorizam, hoje (23), gravações para redes sociais, programas eleitorais e entrevistas para veículos de comunicação, na televisão e no rádio.

Estratégias

Para Monalisa Soares, professora da Universidade Federal do Ceará (UFC) e pesquisadora do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem), nessa reta final, a TV ganha relevância, pelo tempo curto de disputa e pelo alcance que o veículo proporciona às candidaturas.

Na retomada das propagandas, segundo lembra a pesquisadora, Wagner mantém o foco em se mostrar para o eleitorado como um candidato "independente", com autonomia para governar a cidade. Por outro lado, não deixa de fazer críticas à atual gestão e de tentar mostrar para o eleitor a "importância da mudança" para a Capital.

Pelos primeiros dias da retomada da propaganda de TV, segundo Monalisa, o candidato governista, Sarto Nogueira, dá continuidade ao que mostrou no primeiro momento da disputa. Ela aponta trechos da campanha do 1° turno que estão sendo reeditados. Nesse momento, no entanto, com um embate mais direto contra o adversário, com críticas mais direcionadas e mostrando a aliança com o governador Camilo Santana (PT).

Monalisa lembra também uma "inovação" vista na eleição na Capital e que pode ser reforçada nos últimos dias: as diferentes agendas entre os cabeças de chapa e os vices.

Élcio realizou diversas atividades quando Sarto estava internado em tratamento da Covid-19, e continuou em atos pela cidade mesmo com o retorno do pedetista às ruas. Já o senador Eduardo Girão (Podemos), um dos coordenadores da campanha de Wagner, e a vice, Kamila Cardoso, também realizaram atividades de campanha com a ausência do candidato à prefeito logo no início do 2° turno.

"Houve uma divisão de agendas de rua mais forte, candidato em um lugar e o vice em outro. Penso que os debates e as campanhas de rua vão ser cruciais para essa finalização", disse.

Atividades de rua

Para o professor universitário e pesquisador do Lepem, Cleyton Monte, as estratégias finais devem se concentrar, principalmente, em atividades de rua e televisão.

O professor lembrou que Sarto teve cerca de 500 candidatos à Câmara Municipal no primeiro turno agitando a campanha do PDT em diversos pontos da Capital.

A grande quantidade de lideranças envolvidas na reta final, para o professor, deve se manter. O desafio de Wagner é, segundo o especialista, estar presente na maior quantidade de bairros possíveis para tentar equilibrar esse jogo eleitoral. Os votos, segundo Monte, são decididos nos últimos dias, e é por isso que a intensidade das campanhas precisa estar no ritmo adequado nesta semana.

"O maior desafio é se fazer presente na maior parte possível de bairros. Esse é o grande fato, uma corrida contra o tempo, já que temos o segundo turno mais breve da história do Brasil", disse Cleyton.

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