Em áudio, Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, mostra como fazer indicações no Congresso

'Tem mais de 500 cargos lá, cara, na Câmara e Senado. 20 continho caía bem', disse Queiroz na gravação

Escrito por Redação ,
Legenda: A defesa de Queiroz ainda não se manifestou sobre o assunto
Foto: Reprodução

Um áudio de WhatsApp, de junho de 2019, mostra o ex-policial Fabrício Queiroz sugerindo a um interlocutor como proceder para fazer indicações políticas em gabinetes de parlamentares.O áudio foi obitido pelo jornal O Globo. Queiroz foi exonerado há oito meses do cargo de assessor do gabiente do então deputado estadual pelo Rio Flávio Bolsonaro, filho do presidente da República Jair Bolsonaro e atualmente senador.

Questionado sobre o áudio, Queiroz admitiu que possui a influência por ter "contribuído de forma significativa na campanha de diversos políticos no estado do Rio de Janeiro". Já Flávio Bolsonaro negou, por meio de nota, que tenha aceitado indicações do ex-assessor e que mantenha qualquer contato com ele desde o ano passado.

O ex-assessor é investigado pelo Ministério Público do Rio por suposta prática da rachadinha, quando os servidores comissionados devolvem parte dos salários. Ele esteve no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio entre 2007 e 2018 e, no período, teve sete parentes com cargos.

No áudio, Queiroz conversa com um interlocutor sobre cargos que podiam ser usados por aliados no Congresso. Durante as conversas, ele sugere que as indicações poderiam ser feitas por meio de comissões ou em gabinetes de outros deputados e senadores, e não apenas em cargos vinculados à família Bolsonaro.

"Tem mais de 500 cargos, cara, lá na Câmara e no Senado. Pode indicar para qualquer comissão ou, alguma coisa, sem vincular a eles (família Bolsonaro) em nada", diz Queiroz. Ainda no áudio, ele complementa: "20 continho aí para gente caía bem pra c**".

Queiroz afirma ainda nos áudios, que o gabinete de Flávio no Senado é um lugar muito demandado por parlamentares. Em maio, Flávio alegou em entrevista não saber o paradeiro de Queiroz e justificou: "Ele tem um CPF e eu outro", afirmou o filho do presidente. 

Ainda sobre o áudio, Queiroz demonstra saber do funcionamento do gabinete do senador e sugere que o interlocutor poderia procurar parlamentares que frequentam o local para tratar de nomeações. "O gabinete do Flávio faz fila de deputados e senadores, pessoal para conversar com ele, faz fila. Só chegar lá e nomeia fulano aí para trabalhar contigo aí, salariozinho bom desse aí para a gente que é pai de família, cai como uma uva", afirma.

Transcrição do áudio de Fabrício Queiroz

"Tem mais de 500 cargos lá, cara, na Câmara e no Senado. Pode indicar para qualquer comissão ou, alguma coisa, sem vincular a eles (família Bolsonaro) em nada, em nada. 20 continho aí para gente caía bem para c***, meu irmão, entendeu?

"Não precisa vincular ao nome. Só chegar lá e, pô cara, o gabinete do Flávio faz fila de deputados e senadores, pessoal para conversar com ele, faz fila".

"Só chegar lá e, pô meu irmão, nomeia fulano aí para trabalhar contigo aí, salariozinho bom desse aí, cara, para a gente que é pai de família, cai como uma uva".

Defesa de Flávio Bolsonaro

Em nota, o advogado de Flávio Bolsonaro, Frederick Wassef, disse que "não é verdade e não procede o que está sendo alegado na suposta gravação que não sei se é Fabrício Queiroz quem  fala ou outra pessoa". Segundo ele, "Fabricio Queiroz e Flávio Bolsonaro jamais se encontraram desde o ano passado. Nunca mais se viram ou se falaram. Jamais neste período, não existe, neste período, qualquer indicação de aproximação ou trabalho de Fabricio Queiroz para Flávio". O advogado disse ainda que "a gravação deveria passar por perícia da Polícia Federal para garantir sua autenticidade, a comprovação de que é Fabrício Queiroz e que não houve edição ou retirada de contexto da referida gravação".

Defesa de Fabrício Queiroz

Também por meio de nota, Fabrício Queiroz  afirmou que “vê com naturalidade o fato dele ser uma pessoa que ainda detenha algum capital político, uma vez que nunca cometeu qualquer crime, tendo contribuído de forma significativa na campanha de diversos políticos no Estado do Rio de Janeiro”. Assim, “a indicação de eventuais assessores não constitui qualquer ilícito ou algo imoral, já que, repita -se, Fabrício Queiroz jamais cometeu qualquer ato criminoso”.

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