Denúncia vira arma do PT para minar Bolsonaro na reta final

Divulgação sobre suposto esquema de notícias falsas na campanha do PSL anima campanha de Fernando Haddad para construir um momento de virada, enquanto nova pesquisa Datafolha mostra Bolsonaro favorito para vencer

Escrito por Sérgio Ripardo ,

O PT corre contra o tempo. Chegou a hora de usar o arsenal mais drástico contra Jair Bolsonaro (PSL), que manteve, ontem, na pesquisa Datafolha, liderança com uma folga confortável de 18 pontos à frente de Fernando Haddad (PT).

A mais recente bala na agulha do petista é uma denúncia publicada pelo jornal "Folha de S. Paulo" sobre um suposto esquema de financiamento empresarial, via Caixa 2, para espalhar notícias falsas, as chamadas "fake news".

A legislação eleitoral proíbe esse tipo de manobra. Diante dos indícios, o PT pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o impedimento da candidatura do capitão reformado do Exército. A Corte até pode julgar essa demanda em tempo recorde, com pedido de urgência. O PDT poderia ser favorecido, já que o terceiro lugar do primeiro turno, Ciro Gomes (PDT), assumiria a vaga de Bolsonaro no segundo turno, como explicou o PT. Com a divulgação da denúncia, o partido do ex-governador do Ceará foi mais rápido em reagir. Logo no fim da manhã, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, já deu uma entrevista ao jornal "O Globo" anunciando a intenção de ingressar com uma ação no TSE para anular a candidatura de Bolsonaro. Só depois disso que o PT e a campanha de Haddad tomaram a dianteira do processo, convocando jornalistas para uma entrevista coletiva e explorando o fato nas mídias, colocando a espada sobre a cabeça do rival do PSL a dez dias da votação do segundo turno.

pesquisa

Nada de debate

Em reação, Bolsonaro exigiu provas da denúncia, negou conhecer o grupo de empresários suspeito de torrar R$ 12 milhões para disparar mentiras sobre Haddad, via aplicativo de mensagem. A estratégia do capitão é evitar desgaste desnecessário.

Ontem, médicos o examinaram e deixaram com o paciente a decisão de participar ou não do último debate da campanha. Claro, ele bateu o martelo e divulgou que não irá a esse evento na TV, sempre decisivo às vésperas da votação do segundo turno.

Outro efeito colateral da denúncia do suposto esquema de "fake news" foi o reforço dos ataques do PT à Justiça Eleitoral. O deputado José Guimarães (PT-CE) declarou que o TSE e o Supremo Tribunal Federal (STF) nada fazem para inibir a "guerra suja" das mentiras difundidas na internet na campanha, apesar de o tema ser, desde o ano passado, um assunto frequente nos discursos dos ministros das instâncias do Judiciário.

Esse debate antecede o momento que os petistas esperam que marque a virada de Haddad. No próximo sábado, ele visita o Ceará, na esperança de vencer no Estado onde Ciro Gomes venceu no primeiro turno, o único do País.

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