Datafolha: 64% reprovam demissão de Mandetta do Ministério da Saúde

Levantamento feito ontem (17) mostra que demissão do ex-ministro da Saúde é reprovada por quase dois terços dos brasileiros, que se dividem ao avaliar se o País vai melhorar ou piorar após a mudança

Escrito por Agência Folhapress ,
Legenda: Henrique Mandetta foi substituído por Nelson Teich, principalmente por conta de seu posicionamento quanto ao isolamento social
Foto: Agência Brasil

A demissão de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde pelo presidente Jair Bolsonaro, em meio à crise da pandemia do novo coronavírus, foi reprovada por 64% dos brasileiros. É o que mostra pesquisa do Instituto Datafolha feita nesta sexta-feira (17). O levantamento aponta um empate técnico entre aqueles que acreditam que a condução da emergência sanitária pelo Ministério da Saúde sem Mandetta irá piorar (36%) ou melhorar (32%). O ex-ministro foi demitido na quinta (16) e passou o cargo para o médico Nelson Teich.


O Datafolha ouviu 1.606 pessoas por telefone, para evitar contato pessoal, e sua margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou menos.
A pesquisa mostrou um estancamento no desgaste da imagem do presidente como gestor da maior crise de saúde pública deste século. Sua aprovação oscilou positivamente, dentro da margem de erro, de 33% no levantamento feito de 1º a 3 de abril para 36% agora. Assim, os satisfeitos empatam tecnicamente com os descontentes, que eram 39% e agora são 38%. O patamar de quem acha o desempenho presidencial ruim ou péssimo estabilizou-se acima do índice registrado na primeira pesquisa sobre a crise, feita de 18 a 20 de março: 33%.


Para 23%, o trabalho do presidente é regular, mesmo nível (25%) da rodada anterior. Os parâmetros de desaprovação e aprovação do presidente seguem semelhantes. Ele é mais reprovado por mulheres (41%), mais ricos (acima de dez salários mínimos, 48%) e instruídos (com curso superior, 46%). Perguntados se Bolsonaro tem capacidade para continuar liderando o país, 52% acham que sim e 44%, que não. Novamente, homens são mais favoráveis ao mandatário, com 58% de "sim", número igual ao registrado entre moradores da região Sul, seu reduto eleitoral.

Demissão

Mandetta foi demitido na quinta-feira (16), após um processo de fritura que demorou cerca de um mês devido ao fato de ele não concordar com as diretrizes defendidas por Bolsonaro. O ex-ministro sempre foi claro acerca da defesa do isolamento social como instrumento de contenção de propagação do patógeno e se mostrou cauteloso, quando não cético, ao uso indiscriminado de cloroquina e hidroxicloroquina para tratar doentes. Levantamento anterior do Datafolha mostrava 76% de aprovação ao trabalho do Ministério comandado por Mandetta, contra 33% de aprovação do presidente na condução do País em meio à crise.  Na nova pesquisa, Mandetta foi avaliado positivamente por 70% dos ouvidos, ante 18% que o acharam regular, e 7% que o reprovaram.


A troca do ministro é uma inflexão ainda incerta na crise. Por um lado, Nelson Teich representa uma escolha mais ponderada, diante de opções mais radicalmente bolsonaristas, quando não negacionistas abertos do vírus, como o ex-ministro Osmar Terra, que estavam colocadas. Introduziu a necessidade de olhar para aspectos econômicos da pandemia no discurso, alinhando-se a Bolsonaro, mas evitou declarações polêmicas. Ao defender a reabertura do comércio, ainda que admita o risco para as pessoas, Bolsonaro tem concentrado sua ação no ataque aos governadores. Mas não repetiu a minimização da crise, que teve seu auge num discurso em 24 de março e que levou a um maior isolamento político do presidente.
 

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