Capitão Wagner aponta 'independência' em relação ao Governo Bolsonaro

O parlamentar aponta diferenças com o presidente, mas também ressalta ações do Governo Federal e elogia integrantes da equipe ministerial. Pré-candidato, ele busca equilíbrio em torno do apoio à máquina governista

Escrito por Letícia Lima , leticia.lima@svm.com.br
Legenda: Capitão Wagner deu entrevista durante visita institucional ao Sistema Verdes Mares
Foto: Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados

A força do presidente Jair Bolsonaro nas eleições municipais deste ano ainda é uma incógnita. A expectativa é pelo cenário político e econômico que poderão sinalizar o poder dessa influência, inclusive por parte de nomes que pretendem se colocar na disputa eleitoral deste ano. Em entrevista ao Diário do Nordeste, o deputado federal Capitão Wagner (Pros), apoiador do chefe do Palácio do Planalto no pleito de 2018, prega "independência" em relação ao Governo Federal, mas também fala das prioridades do Legislativo neste ano e do diálogo com o Governo do Estado na atuação parlamentar.

De olho no pleito de outubro próximo, Wagner aponta diferenças entre ele e Bolsonaro e ressalta feitos da gestão. O apoio dos grupos ligados a Bolsonaro e às questões conservadoras é um dos componentes que estarão em jogo entre os representantes do campo de direita na eleição.

No ano passado, Wagner foi alvo de críticas de parte do eleitorado, após ter votado contra a reforma da Previdência na Câmara. Para 2020, ele acredita que a reforma tributária deve ser prioritária no Congresso Nacional em relação à reforma administrativa.

Apesar de o Pros ser um dos mais alinhados a Bolsonaro, o cearense afirma que se posiciona nas votações conforme a própria "convicção". "Independentemente de questão eleitoral, desde o começo do mandato, me preocupei em manter um posicionamento coerente", justifica.

Wagner lista, porém, pontos que o afastam do Governo. "Por exemplo, eu não tenho qualquer dificuldade de diálogo com a imprensa, a gente entende que essa relação precisa ser harmoniosa e independente. A gente tem diferença na relação com os políticos, que é uma relação de muito respeito, mesmo com os adversários. A gente entende o papel de cada um".

Elogios

Por outro lado, o deputado faz acenos ao Palácio do Planalto. Ele calcula que votou a favor em torno de 70% das propostas do Governo e elogia quadros da equipe de Bolsonaro. "O ministro da Infraestrutura (Tarcísio de Freitas) não tem nada de negativo contra ele. O ministro (da Economia) Paulo Guedes, apesar de a gente não concordar com tudo, é respeitado no mercado. Sérgio Moro (ministro da Justiça e Segurança Pública), além da aceitação popular, tem feito um bom trabalho", lista.

Para Wagner, o Governo implementou "boas" ações no ano passado. "Muita gente duvidava do 13º do Bolsa Família, ele (Bolsonaro) criou. A redução do valor do DPVAT (Danos Pessoais por Veículos Automotores Terrestres) impacta diretamente na vida das famílias. A gente espera, agora, que haja avanço do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério)".

Câmara

Indo para o segundo ano de mandato na Câmara, o parlamentar aponta a Saúde e a Segurança como áreas prioritárias na destinação de suas emendas - indicações de verbas ao Orçamento Federal - em 2020. Segundo ele, do total de R$ 15 milhões a que cada parlamentar tem direito, individualmente, destinou mais da metade para a Saúde.

"A gente vai sentar com o secretário (de Segurança do Estado, André Costa) e com o governador (Camilo Santana) também para ver o que é prioridade, o que a gente pode comprar com a emenda".

Pré-candidato à Prefeitura de Fortaleza, Capitão Wagner deve ficar na Câmara até junho, quando pretende se licenciar do cargo para focar na disputa eleitoral. Com a sua saída, o médico-cirurgião Agripino Magalhães, primeiro suplente da coligação do Pros, assume a cadeira.

Questionado sobre a dificuldade de unir a oposição em torno do seu nome, uma vez que PSL e PSDB ensaiam candidaturas próprias na Capital, Wagner avalia que a oposição só deve estar organizada no segundo turno da disputa. "No primeiro, é natural que surjam várias candidaturas. Na própria base (aliada), PT e PDT, que são aliados, cada um vai ter candidato e a oposição vai ter várias candidaturas. No segundo turno, vamos saber quem é base e oposição".

Alianças

Neste sábado (1º), o partido Republicanos, comandado no Ceará pelo deputado federal em exercício Ronaldo Martins, oficializa apoio à pré-candidatura de Wagner. A sigla estava na base de apoio ao prefeito Roberto Cláudio (PDT), inclusive, com cargos na gestão municipal, mas, agora, fará oposição.

Bloco

Capitão Wagner promete, ainda, ter o apoio de outros partidos à empreitada de disputar, pela segunda vez, a Prefeitura de Fortaleza. Por enquanto, ele conta com o PSC, Avante e Podemos, além do Pros, legenda que preside no Estado, no seu arco de aliança como pré-candidato.

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