Bolsonaro volta a entrar na campanha e reafirma apoio a Wagner
Na "live" semanal, o presidente defendeu que eventual gestão do aliado teria uma "linha direta" entre a Capital e o Governo Federal. Em Fortaleza, após proibição do TRE-CE, campanhas deixam as ruas e investem em atos virtuais
Semanas após ter feito um primeiro aceno público de apoio a Capitão Wagner, candidato do Pros à Prefeitura de Fortaleza, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a se envolver, ontem, na campanha na capital cearense. Durante "live" semanal, o chefe do Palácio do Planalto pediu votos para Capitão Wagner e salientou que, em eventual gestão do aliado, teria uma "linha direta" entre a Capital e o Governo Federal. Enquanto isso, na reta final das eleições, a decisão da Justiça Eleitoral que proibiu atos de campanha com aglomerações promove mudanças nas agendas dos candidatos em Fortaleza.
"Vamos dar uma força para o Wagner para mudar a política de Fortaleza, do Ceará, que, com toda a certeza, o Wagner tem tudo para fazer uma boa administração e renovar a política no Ceará, que está precisando disso aí", disse Bolsonaro. Ele também brincou, durante a transmissão ao vivo, dizendo que um "Capitão já está dando certo na Presidência".
O presidente, que antes do início do pleito afirmou que não se envolveria nas eleições municipais no primeiro turno, mudou de postura ao longo da campanha. Ontem, assim como já fez em outras oportunidades, Bolsonaro usou parte do tempo inicial da "live" para indicar quem são seus candidatos em diversas cidades do Brasil.
Agendas
Na reta final da campanha em Fortaleza, com perspectiva de que os atos de rua fossem intensificados, mais da metade dos postulantes a prefeito tiveram de mudar a programação de atividades previstas para ontem, data que em a decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) passou a vigorar. Na prática, a resolução estabelece para todo o Estado a proibição de quaisquer atos que possam ameaçar medidas sanitárias de prevenção à Covid-19. Assim, estão vetados comícios, bandeiraços, passeatas, caminhadas, carreatas e similares.
O candidato Sarto Nogueira (PDT) cancelou uma caminhada no bairro São Cristóvão, que faria pela manhã. Ele participou de reunião com a coordenação de campanha. Capitão Wagner também se encontrou com a equipe e gravou programas eleitorais. Luizianne Lins (PT) fez uma transmissão virtual em frente a uma creche, no bairro Ancuri.
Heitor Férrer (Solidariedade) gravou vídeos e participou de eventos virtuais, agenda semelhante a do candidato Heitor Freire (PSL). Paula Colares (UP) e Renato Roseno (Psol) participaram de eventos virtuais. Célio Studart (PV) desmarcou visita ao Parque Adahil Barreto e Anízio Melo (PC do B) suspendeu todas as atividades do dia.
Para o promotor de Justiça Emmanuel Girão, coordenador do Centro de Apoio Operacional Eleitoral (Caopel), do Ministério Público do Ceará (MPCE), a agenda dos candidatos mostrou como a resolução do TRE-CE promove mudanças. "Os partidos e coligações irão mudar (a postura). Em Fortaleza já sentimos que houve uma retração, um cuidado maior e até o cancelamento de eventos já planejados".
Contra aglomerações
Segundo ele, os promotores devem continuar vigilantes contra aglomerações, tanto na Capital quanto no interior. Desde o período das convenções, o Sistema Verdes Mares chama atenção para os diversos registros de aglomerações em eventos eleitorais. O Ministério Público Eleitoral tomou diversas medidas para tentar coibir descumprimentos às medidas sanitárias.
Conforme o último balanço divulgado pelo MPCE, no fim do mês passado, ações contra aglomerações foram apresentadas em pelo menos 81 municípios cearenses. À época, diante dos constantes desrespeitos, o procurador-geral de Justiça no Ceará, Manuel Pinheiro, recomendou aos promotores o pedido de cassação dos registros dos candidatos, partidos ou chapas que "deliberadamente" promovessem aglomerações.
Para Emmanuel Girão, a expectativa é de que a mudança vista ontem na Capital seja definitiva. "A resolução não traz previsão de multa, nem poderia, mas essas medidas indicam que as ações do Ministério Público estão corretas e os juízes devem usar o poder de polícia para restringir esses atos de campanha em nome da saúde da população".