Bolsonaro fala em volta à normalidade em 2020 e critica Judiciário

O presidente participou, ontem, da abertura de uma convenção evangélica em Brasília. No mesmo dia, embora já tenha dito que não se envolverá na eleição municipal, fez aceno a Celso Russomano, candidato em São Paulo, na internet

Escrito por Redação ,

Com mais de 135 mil mortes em decorrência da Covid-19 no País, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse ontem (19) que foi motivo de chacota, mas que "graças a Deus" estava no caminho certo no enfrentamento à pandemia. O presidente também voltou a criticar o Judiciário.

Segundo ele, a normalidade deve ser restabelecida ainda neste ano. Bolsonaro afirmou ainda que o Brasil foi o País do mundo que melhor se saiu, em relação à economia, durante a pandemia. "Se naquela época (início da crise sanitária) até mesmo a chacota se fez presente, hoje, graças a Deus, estamos vendo que estávamos no caminho certo. Se Deus quiser, voltaremos à normalidade ainda no corrente ano", afirmou durante evento da igreja Assembleia de Deus, em Brasília.

Na sexta-feira (18), em evento na cidade de Sorriso (MT), Bolsonaro havia voltado a minimizar a Covid-19. Ele parabenizou produtores agrícolas que "não entraram na conversinha mole de ficar em casa" na pandemia. Ontem, defendeu seus posicionamentos no enfrentamento do novo coronavírus no evento religioso.

"Tem uma passagem militar que vale para todos nós. Pior que uma decisão mal tomada é uma indecisão. Por vezes, os senhores tomam decisões reservadamente. Tive de tomar decisões mesmo sendo tolhido pelo Poder Judiciário", disse o presidente.

Bolsonaro tem criticado reiteradamente decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que autorizou que municípios e estados têm competência concorrente com a União para estabelecer medidas de combate à Covid-19. O STF não impediu o presidente, porém, de tomar decisões.

A visita de Bolsonaro ao evento dos evangélicos ocorre na semana em que ele vetou o perdão a dívidas tributárias das igrejas. O montante do benefício chega a cerca de R$ 1 bilhão. Em publicação nas redes sociais, sugeriu, no entanto, que os congressistas derrubem seu próprio veto. O presidente explicou que só não manteve o dispositivo para evitar "um quase certo processo de impeachment".

Apoio

Por volta de 10h30, o presidente chegou à chamada Catedral da Baleia para a Assembleia Geral Extraordinária da Convenção Estadual do Distrito Federal e Entorno, da igreja Assembleia de Deus de Madureira. Também participou do evento o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), que é médico.

Antes desafeto do presidente por causa das ações no combate ao novo coronavírus, Caiado elogiou Bolsonaro em seu discurso. Ele disse que o auxílio emergencial de R$ 600 evitou um "caos social" por causa do desemprego.

Bolsonaro novamente afirmou que estava certo em suas críticas ao isolamento social, relembrando os "passeios" que fazia no início da pandemia. "Estamos aqui para, mais do que tomar decisões, estar ao lado do povo, como estive no início da pandemia, em Ceilândia, Taguatinga, entre outros municípios. Sempre fui criticado que devia ficar em casa", disse.

O presidente afirmou que o Brasil passou por "uma grande provação". "Ou melhor, estamos no final dela. O momento que se abateu sobre todo o mundo. Na parte econômica, o Brasil foi o que melhor se saiu", declarou Bolsonaro, sem apresentar dados.

Eleição

Ainda ontem, embora tenha repetido que ficaria fora do primeiro turno das eleições municipais de 2020, o presidente fez uma dobradinha em redes sociais com Celso Russomanno, candidato do Republicanos à Prefeitura de São Paulo. Russomanno fez um vídeo sobre a polêmica do preço do arroz em defesa de Bolsonaro, que, por sua vez, respondeu a gravação em rede social.

O presidente pediu a seus seguidores para acompanhar o vídeo de 17 minutos. E afirmou que o Ministério da Justiça "foi atrás de informações sobre o preço do arroz. Nunca sequer pensamos em tabelar algo. Isso nunca deu certo", disse. "Uma aula de humildade e conhecimento", postou, em relação ao vídeo de Celso Russomanno.

No fim de agosto, Bolsonaro disse que decidiu não apoiar nenhum candidato a prefeito no primeiro turno das eleições municipais de 2020. "Tal atividade tomaria todo meu tempo num momento de pandemia e retomada da nossa economia", afirmou.

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