Bolsonaro exalta democracia e Constituição em pronunciamento

Em cadeia de rádio e TV, por ocasião do Dia da Independência, presidente destaca a participação da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na luta contra o nazismo e o fascismo e também ressaltou a miscigenação dos brasileiros

Escrito por Redação ,
Legenda: Bolsonaro acompanha exibição da Esquadrilha da Fumaça durante cerimônia do 7 de Setembro, em Brasília
Foto: PR

O presidente Jair Bolsonaro fez um pronunciamento à nação, em cadeia nacional de rádio e televisão, na noite de ontem (7), Dia da Independência da República, e reafirmou o compromisso com a Constituição e com a preservação "da soberania, democracia e liberdade, valores dos quais nosso País jamais abrirá mão".

"A Independência do Brasil merece ser comemorada hoje, dos nossos lares e em nossos corações. A Independência nos deu a liberdade para decidir nossos destinos e a usamos para escolher a democracia. Formamos um povo que acredita poder fazer melhor. Somos uma nação temente a Deus que respeita a família e que ama a sua Pátria. Orgulho de ser brasileiro", disse.

Ainda no pronunciamento, Bolsonaro afirmou que, desde a Independência, o Brasil dizia ao mundo que não seria submisso a qualquer outra nação e os brasileiros não iriam abdicar da liberdade.

O presidente ressaltou a participação da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na luta contra o nazismo e o fascismo e também destacou a miscigenação dos brasileiros.

"A identidade nacional começou a ser desenhada com a miscigenação entre índios, brancos e negros. Posteriormente, ondas de imigrantes se sucederam trazendo esperanças que em suas terras haviam perdido. Religiões, crenças, comportamentos e visões eram assimilados e respeitados. O Brasil desenvolveu o senso de tolerância, os diferentes tornavam-se iguais. O legado dessa mistura é um conjunto de preciosidades culturais, étnicas e religiosas, que foram integradas aos costumes nacionais e orgulhosamente assumidas como brasileira".

Cerimônia

Neste ano, a cerimônia de 7 de Setembro foi realizada no Palácio do Alvorada e foi mais enxuta que a de 2019, por conta da pandemia do novo coronavírus.

A parada militar do Dia da Independência havia sido cancelada pelo Ministério da Defesa no início de agosto, quando portaria do ministro Fernando Azevedo orientou as Forças Armadas a se absterem de particular de "quaisquer eventos comemorativos" .

O objetivo era evitar aglomerações, em um momento em que o Brasil ainda sofre os efeitos da pandemia.

Aglomerações

Segundo o Palácio do Planalto, o evento reuniu de 1.000 a 2.000 apoiadores, números inferiores aos cerca de 30 mil do ano passado, quando as comemorações foram na Esplanada dos Ministérios.

No entanto, a mudança no formato e dimensões não evitou aglomerações. O ato de 16 minutos de duração fez as pessoas, muitas delas sem máscara, se amontoarem para chegar perto do presidente, da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e de ministros.

A primeira-dama se dirigiu até o público para apertar as mãos de apoiadores. À medida que ela se deslocava, dois servidores passavam oferecendo álcool em gel à plateia. Ela ouviu gritos de "mita", em alusão ao apelido do marido.

Filho mais velho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) se aproximou de máscara, mas retirou o equipamento de proteção para fazer "selfies" com os eleitores.

Bolsonaro chegou no Rolls Royce presidencial com crianças que, em sua maioria, estavam sem máscara, assim como o presidente.

De acordo com a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), eram filhos de autoridades e convidados.

Também participaram da cerimônia comandantes das Forças Armadas e ministros do atual Governo. Alguns deles, como Paulo Guedes (Economia), foram exaltados pelo público presente.

O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, chegou sem ser notado pelo público. Mas o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), foi vaiado ao sair do carro. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), mais uma vez não participou. Maia vive uma relação tensa com Bolsonaro e deu sinais de rompimento com Paulo Guedes.

Após o evento, Bolsonaro participou de almoço com Toffoli e demais ministros na residência do secretário especial de Assuntos Estratégicos, o almirante Flávio Rocha.

Ditadura militar

O pronunciamento de Bolsonaro fez menção indireta ao regime militar (1964-85). "Nos anos 60, quando a sombra do comunismo nos ameaçou, milhões de brasileiros, identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, foram às ruas contra um País tomado pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada", disse o presidente.

Panelaços

Em meio ao pronunciamento de Bolsonaro, foram registrados panelaços contra o presidente em capitais como São Paulo, Rio e Brasília. Na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio ) e em Copacabana também houve gritos de "fora, Bolsonaro".

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