Após o assassinato a tiros do prefeito de Granjeiro, João Gregório Neto, conhecido como João do Povo, na manhã desta terça-feira (24), o vice-prefeito da cidade, Ticiano Tomé (PSDB), deve assumir a Prefeitura do Município. Os dois estavam rompidos politicamente há pouco mais de oito meses, após o grupo político de Vicente Tomé, que é pai do vice-prefeito, fazer denúncias contra João do Povo.
O grupo ao qual pertence Ticiano Tomé é liderado por Vicente Félix de Souza (conhecido como "Vicente Tomé"), pai do vice-prefeito e que já comandou a Prefeitura de Granjeiro por três vezes. Após João do Povo ser alvo de ação da Polícia Federal, os dois denunciaram suposto esquema envolvendo os vereadores do Município para abafar as investigações.
Segundo eles, os parlamentares estariam ajudando a encobrir as acusações da Operação Bricolagem, da Polícia Federal, na qual João do Povo foi investigado há pouco mais de um ano. Além disso, Vicente e Ticiano Tomé acusaram João de desviar verbas do Município.
João do Povo era suspeito de movimentar cerca de R$ 26 milhões na conta de um parente beneficiário de aposentadoria rural, num período de dois anos, segundo as investigações da Operação Bricolagem, relativas a fraudes em licitações para construção de escolas. O valor dos contratos fraudados somava cerca de R$ 5 milhões. Um dos mandados foi cumprido em sua casa, onde foram encontrados R$ 213 mil em espécie, guardados em caixas de sapato.
O valor movimentado na conta do parente foi quase R$ 10 milhões a mais que o orçamento de todo o município de Granjeiro, cidade com 4,5 mil habitantes. Em 2017, o orçamento municipal anual foi de R$ 17 milhões, conforme a Prefeitura Municipal de Granjeiro.
Na época, o advogado do prefeito, Igor Rodrigues Lucena, informou que o "prefeito garantiu que não teria como ter mexido irregularmente em R$ 26 milhões do Município, pois a arrecadação anual é de R$ 13 milhões e ele assumiu a Prefeitura em 2017".
A reportagem tentou contato com a Prefeitura de Granjeiro para saber quando deve ocorrer a posse de Ticiano Tome, mas não obteve retorno. Mesmo sem data definida, a posse ocorrerá há menos de um ano da eleições municipais de 2020, na qual João do Povo poderia concorrer a reeleição.