Projeto estabelece as regras que destinam emendas parlamentares diretamente para prefeituras

O Governo do Estado enviou novo projeto de lei para Assembleia Legislativa tornando mais clara as regras de transferência dos recursos

Tramita na Assembleia Legislativa projeto de lei enviado pelo Governo do Estado que estabelece regras mais claras para a transferência das emendas - recursos indicados no Orçamento - dos deputados estaduais no Programa de Cooperação Federativa (PCF) para os municípios cearenses. Agora o repasse é feito "fundo a fundo", diretamente para o caixa das prefeituras, o que é comemorado pelos parlamentares.  

Todo ano cada um dos 46 deputados estaduais tem direito a indicar no Orçamento Estadual R$ 1 milhão para obras e serviços a serem executados por meio do Programa de Cooperação Federativa (PCF). Em geral, essa verba é destinada às bases eleitorais dos parlamentares.

O que é o PCF

O programa foi criado pelo ex-governador Cid Gomes (PDT), em 2007, como forma de manter o apoio dos parlamentares ao Governo do Estado.

Antes, o repasse dos recursos era feito por meio de convênio entre a secretaria estadual, correspondente ao serviço ou obra indicada pelo parlamentar, e a prefeitura. Esse processo era criticado por deputados, porque muitas vezes era burocrático e demorado.

No entanto, em março deste ano, a Assembleia Legislativa uma proposta enviada pelo Governo que mudou a forma de transferir o dinheiro às prefeituras para o modelo "fundo a fundo". Com isso, a verba é enviada, diretamente, ao caixa dos municípios, sem precisar formalizar convênios.

Novas regras

O novo projeto de lei enviado pelo Governo, que está em tramitação na Assembleia Legislativa, torna mais claras as regras de transferência das verbas do PCF, "garantindo, assim, a segurança jurídica ao procedimento" e definindo a prestação de contas do dinheiro. 

Veja as regras do PCF:

  • O parlamentar autor da emenda apresenta um ofício ao Conselho Gestor do PCF indicando o município e a ação ou projeto que será desenvolvido;
  • O Conselho Gestor do PCF analisa a ação ou projeto na emenda parlamentar de acordo com as diretrizes do governo;
  • O processo é enviado ao órgão estadual competente para avaliar o valor e definir o prazo de execução do projeto;
  • O prefeito informa para o Estado a conta bancária para depósito dos valores no tesouro municipal ou diretamente em conta de fundo público do município
  • O órgão estadual comunica a ação ao governador para análise e indicação da conta bancária onde os valores serão depositados;
  • As informações são repassadas ao órgão estadual que efetivará a transferência

Fiscalização dos recursos

De acordo com o projeto de lei, a boa e regular aplicação dos recursos será de responsabilidade exclusiva dos municípios, "cabendo-lhe manter sempre em ordem, preferencialmente em meio eletrônico, os comprovantes da aplicação dos recursos", para fiscalização dos órgãos de controle.

Depois de concluído o prazo para execução do projeto o município terá 30 dias para notificar órgão estadual sobre o cumprimento da ação.

A proposta começou a tramitar, na última quinta-feira (20), mas o deputado estadual Delegado Cavalcante (PSL) pediu vista sobre a matéria, ou seja, mais tempo para analisar. Com isso, ela deve ser votada em plenário na próxima semana.

Responsabilidade e desburocratização

Segundo o líder do Governo na Assembleia Legislativa, deputado Júlio César Filho (Cidadania), o projeto serve para definir bem a responsabilidade da aplicação do recurso público.

"Às vezes, uma Prefeitura estava adimplente para receber a verba do mês, mas por causa de outra inadimplência anterior, ficava impedida de receber o repasse e a obra ficava parada. Agora não, o Estado repassa o dinheiro para as prefeituras que, por sua vez, serão responsáveis de prestar contas com o Tribunal de Contas, isentando o Estado”.

Deputados da base aliada do governo estadual comemoram as mudanças no PCF. Audic Mota (PSB) disse que era preciso avançar na forma de prestação de contas.

"Verificou-se que havia a necessidade de deixar mais clara como seria a prestação de contas e a responsabilidade pelo uso do recurso público. O caminho agora é que um novo momento deve existir no repasse de recursos entre o Estado e os municípios, tal qual ocorre entre estados, União e municípios. Nada mais justo que desburocratizarmos essa questão do repasse de recursos".

Elmano de Freitas (PT) também concorda que era preciso desburocratizar o repasse.

"O sistema anterior exigia um projeto detalhado que tramitava dentro do governo estadual, passava por vários processos de avaliação desde o aspteco orçamentário e com secretarias temáticas e, da maneira que está sendo proposta, você tem avaliação do Cogef (Conselho Gestor Fiscal), depois apenas orçamentária e o recurso vai para o município. Isso favorece uma maior eficiência do recurso público".