O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), reconheceu nesta quarta-feira (22), em entrevista à GloboNews, que há uma carência de médicos para atuar no combate à pandemia do novo coronavírus. Além da preocupação com o atendimento na saúde, o governador falou também sobre as divergências políticas com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em relação às medidas de isolamento, o uso obrigatório de máscaras pela população e ações de socorro a estados e municípios.
Na segunda-feira (20), durante reunião dos governadores do Nordeste com o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, uma das pautas foi a “repatriação” de cerca de 15 mil médicos brasileiros formados no Exterior.
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“Estamos ampliando leitos, contratando e assumindo hospitais privados que estavam fechados e assumindo outros hospitais com a própria equipe médica do hospital privado, mas há uma carência muito grande de profissionais, e nós precisamos aumentar essa capacidade nos estados brasileiros. A possibilidade de trazer esses médicos do exterior é uma das alternativas, claro, avaliados pelo próprio Ministério da Saúde”, defende Camilo.
Segundo o governador, o ministro se prontificou a avaliar a medida.
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Em relação aos profissionais da saúde, o governador pontuou que há uma preocupação com a proteção de quem está na linha de frente do combate à pandemia. “Todos os testes rápidos adquiridos estão sendo utilizados nos profissionais da saúde e da segurança”, reafirmou.
Sobre as medidas adotas no Estado, Camilo disse que deve tornar obrigatório o uso de máscaras por toda a população quando Governo e Prefeitura de Fortaleza conseguirem distribuir máscaras de pano especialmente às pessoas mais carentes.
“Ainda não estamos obrigando, porque tanto a Prefeitura de Fortaleza como o Governo do Estado lançaram edital para confecção de máscaras de tecido. Estamos iniciando a distribuição para que, a partir daí, a gente possa garantir uso da máscara para toda a população”, disse Camilo.
Medidas de isolamento
O governador voltou a destacar a importância das medidas de isolamento e o embasamento científico da decisão. Questionado sobre as divergências com o presidente Jair Bolsonaro sobre as regras, Camilo evitou críticas ao chefe do Executivo nacional, mas disse que a “dubiedade que tem existido desde o início tem sido ruim para o fluxo das ações no Brasil”.
“Espero que a posição que o Ministério (da Saúde) tenha com o novo ministro seja pela ciência daquilo que é melhor para proteger os brasileiros. Espero que a gente possa cada vez mais deixar a política e a questão ideológica de lado e focar na ciência e na saúde para preservar vidas”, ressaltou Camilo.
O chefe do Executivo estadual também defendeu a aprovação de medidas de socorro financeiro a estados e municípios, considerando o volume de investimentos que têm sido feitos principalmente na área da saúde. Atualmente, está parado no Senado projeto que prevê auxílio emergencial aos estados e municípios em decorrência da pandemia por divergências entre Congresso e Governo.