Concurso Funsaúde 2021: confira 5 dicas sobre as provas e banca organizadora

Professores indicam que candidatos, além de estudar conteúdos, devem conhecer a banca responsável pelo certame

concurso público da Fundação Regional de Saúde (Funsaúde) de 2021, com inscrições abertas até o dia 19 de agosto, oferta 6 mil vagas a profissionais de níveis médio e superior. Dada a diversidade de cargos e áreas, o certame prevê provas com variedade de disciplinas básicas e específicas, as quais devem ser estudadas pelo candidato em busca da aprovação. 

Pensando nisso, o Diário do Nordeste elaborou uma série de reportagens sobre a preparação para o concurso público da Funsaúde, organizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

1. Conheça a banca

De acordo com o professor Kléber Machado, diretor pedagógico da plataforma Approvados, a banca é uma das mais tradicionais do Brasil.

"Eu diria que ela, se não a maior, junto à Cebraspe [Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos], é, de certo modo, o alvo que as demais bancas tentam seguir, no sentido de cuidado e zelo com os editais, as provas, as correções", avalia Machado.

O professor Maurício Braz, gerente de planejamento estratégico do Colégio Tiradentes, endossa a opinião de Machado sobre a organizadora da seleção. "Comparada a outras bancas, a FGV é uma das melhores, do ponto de vista da organização, da elaboração das questões", analisa. Na avaliação dele, as provas geralmente são mais elaboradas e contextualizadas.

Segundo Machado, as bancas instituem no mercado, com base em critérios de exigência, sigilo, entre outros, um modelo a ser acompanhado pelas demais. "As bancas concorrem entre si para conseguir os editais dos concursos que serão lançados", explica, frisando que certames fazem parte da natureza funcional do País.

"De uns anos para cá, a gente tem visto sempre aquelas ondas de que dizem 'o concurso vai acabar, ser extinto', mas não: o Brasil é um dos poucos países do mundo em que o concurso vai durar para sempre. O funcionalismo público é continental [...] é o braço executivo do Poder Público".
Kléber Machado
Professor e diretor pedagógico da Approvados

Dada a demanda existente no mercado de concursos públicos, o diretor pedagógico pontua a preocupação das bancas em estabelecer padrões e recursos para, não só serem referências, como, também, resguardarem o processo seletivo de eventuais problemas.

No caso da FGV, segundo o professor da Approvados, o nível de organização é rigoroso — elemento que a organização imprime inclusive em seu modelo pedagógico, largamente presente na educação brasileira. "É uma senhora banca", comenta. "A chance de dar errado um concurso gerido por ela é mínima".

2: Veja características da prova

As provas da Funsaúde, segundo os editais publicados, são objetivas, sendo compostas por 70 questões para o nível superior e 60 para o nível médio. Em ambos os exames, cada pergunta traz cinco itens para escolha do concorrente, dos quais apenas um é correto.

De acordo com Kléber Machado, os enunciados das provas da FGV são metódicos e exigentes. "É uma prova relativamente curta em números de questões, mas cansativa em termos da densidade de conteúdo", destaca, comparando-a com os vestibulares existentes em faculdades públicas e particulares. "São os mesmos assuntos, mas o nível de cobrança na mesma disciplina, é muito mais complexo e superior".

O profissional, experiente na área de concursos públicos desde 1995, frisa que a banca organizadora é tradicionalmente exigente na disciplina Língua Portuguesa, sendo "uma das mais temidas". "Mesmo tendo peso um, que são as disciplinas comuns em todas as áreas, é uma disciplina que decide", afirma, acrescentando que o candidato tem de se sair minimamente bem nesse âmbito.

Maurício Braz menciona que a disciplina comumente recebe atenção de candidatos a certames da banca, dado o alto nível de contextualização das perguntas. "Geralmente, [as perguntas] marcam mais o aluno, que está mais acostumado a questões de gramática mais direta. Quando ele vê a prova com mais textos, ele se assusta um pouquinho".

Tal aspecto, porém, não está presente apenas em Língua Portuguesa: questões ligadas ao espectro jurídico, como a Legislação do Sistema Único de Saúde (SUS), podem seguir a mesma tendência. "Em relação à parte jurídica, ela não cobra letra de lei, a lei decorada em si; existe uma contextualização".

Além disso, segundo o professor do Colégio Tiradentes, os enunciados costumam dar algumas dicas sobre as respostas. "Um advérbio que fale 'geralmente', 'preferencialmente': desconfie", exemplifica, citando a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) — já organizada pela FGV anos atrás, segundo ele — como uma referência.

"Alguns professores, às vezes, até se utilizam de questões do Enem para poder falar da banca da FGV", afirma, reiterando o perfil das perguntas mais longas em diversas disciplinas.

3. Foque nas questões específicas

Apesar disso, Machado salienta que alunos devem ter foco especial nas disciplinas específicas do certame, as quais têm peso dois. "Os candidatos têm de buscar o máximo de notas para ser o mais bem ranqueado possível".

Para obter sucesso, aponta o professor, o concursando deve tentar cobrir o máximo possível do conteúdo do edital. "De um modo amplo, é conseguir estudar todo o conteúdo do edital com antecedência", aconselha, realçando que os estudos devem se estender à banca em si e ao modelo de questões utilizado por ela.

Uma estratégia sugerida por Braz, que já atuou como coordenador pedagógico na instituição, é que o candidato inicie a resolução da prova a partir das disciplinas nas quais tenha mais aptidão. "Naturalmente, a cabeça já estará cansada pras questões de assuntos que tenha maior domínio no decorrer da prova", diz.

Caso questões de concursos anteriores estejam indisponíveis para os candidatos, uma dica é recorrer às referências bibliográficas disponibilizadas nos editais — o documento deve nortear a preparação dos alunos. "Tem gente que está estudando para concurso há tanto tempo que vai sem ler, no automático".

Em posse do material, indica Maurício, o candidato pode seguir um método chamado de edital verticalizado, separando os temas a serem estudados e os marcando à medida que os estudos avancem.

4. Controle o tempo

O professor da Approvados alerta para a necessidade de gestão do tempo por parte do candidato. Com um bom controle, o concorrente pode ler, interpretar e responder às questões de modo adequado. "Isso é fundamental para que ele consiga ter o tempo hábil para resolver todas as questões de maneira tranquila", explica.

No entanto, a resolução de perguntas não deve ser o único ponto a receber atenção: a marcação do gabarito demanda nível de atenção e detalhe muito maior.

"Ele tem de transcrever passo a passo, ponto a ponto, item a item, porque, se marcar errado, a pontuação dele diminui", adverte Machado. "O candidato tem de ter essa atenção a mais, pois isso vai influenciar no concurso dele".

Já para Maurício Braz, o controle do tempo deve ser realizado inclusive no momento dos estudos, uma vez que os concorrentes não dispõem das mesmas condições.  

Em razão de muitos candidatos já estarem inseridos no mercado de trabalho, a ampla rotina de estudos pode ser exaustiva, o que pode prejudicar o processo preparatório.

Ele indica que a possibilidade de estabelecer cronogramas é ampla para diversos públicos. "Vai muito da rotina de cada um", observa, indicando saídas para quem busca estabelecer horários em casa. "É escolher uma disciplina por dia", recomenda, com leituras emendadas à resolução de exercícios e uma pausa em seguida.

Braz sinaliza que candidatos que atuem na área da Saúde podem ter mais dificuldades com essa rotina, dada a necessidade de intercalá-la com os plantões. Nesse caso, o ideal é de ter no mínimo duas disciplinas com resoluções de questões nos dias de estudo.

O profissional do Colégio Tiradentes sugere que o número de revisões seja ampliado pelo concorrente, pois acredita que os conhecimentos gerais farão diferença na resolução da prova. "Faz muito tempo que as pessoas viram essas disciplinas associadas ao Ensino Médio", explica o gerente de planejamento.

5. Tenha tranquilidade

Outro aspecto a ser considerado pelo candidato é o emocional. De acordo com o professor Kléber, há alunos que estudam todo o conteúdo programático, realizam cursos, resolvem outras provas e organizam o tempo, mas ficam com os sentimentos desestabilizados durante o certame.

"Com a gestão do tempo da prova, o candidato tem de manter a tranquilidade e não quebrar a cabeça com o tema", indica, pontuando que o momento da pandemia merece atenção — a Covid-19 tem surtido diversos efeitos na população, e não só em relação à própria doença.

"Muita gente perdeu entes queridos, e essa parte emocional fica muito delicada. A pessoa tem de tentar se manter centrada durante o momento do concurso, pois será um momento que poderá ajudar a decidir o resto da vida", recomenda.

Maurício descreve como necessária a existência de momentos de respiro na preparação. "No domingo, é interessante que você tenha algum momento de estudos, mas é ideal que se possa descansar, para os estudos serem retomados na segunda", acrescenta.

Distribuição das vagas

Ao todo, são previstas 6 mil vagas na Saúde estadual. Dessas, 5.581 são destinadas à área assistencial, e as 419 restantes, à área administrativa, sendo 217 de nível médio e 202 de nível superior.

Além das cotas de 20% para negros, 5% das vagas são destinadas a Pessoas com Deficiência (PcD).

As inscrições podem ser feitas no site da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e têm valores distintos a depender do cargo pretendido.

  • Nível superior (médicos): R$ 300
  • Nível superior (demais cargos): R$ 150
  • Nível médio (todos os cargos): R$ 70

Cronograma do certame

Inscrições: de 12 de julho a 19 de agosto
Prova objetiva: 24 de outubro
Convocação para avaliação de títulos: 6 de dezembro
Resultado final: 13 de janeiro de 2022